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Chefe irresistível: sucumbindo ao seu toque romance Capítulo 1331

“Flávio”

A preocupação visível no semblante do Dr. Romeu já me dizia que o tal mandado de prisão realmente existia, o que só tornava a minha vida pior naquele momento.

Eu teria uma janela de tempo muito curta para descobrir que armação era aquela, porque eu tinha certeza de que era armação, eu já tinha revirado a vida do Rafael e a única coisa ruim era o envolvimento dele com o Domani, mas ele foi chantageado e nunca se meteu com as operações ilícitas, isso ficou provado no processo.

- Flávio, enquanto você não chegava o Bonfim fez uma pesquisa e encontrou esse mandado de prisão contra o Rafael. – O Dr. Romeu me entregou uma folha de papel e eu olhei aquilo com desgosto.

- Que merda! O mandado está mesmo no sistema, Rafael. – Eu informei e vi o semblante do Rafael ficar mais pesado. – Tráfico de drogas. E está relacionado ao processo do Domani! Mas que merda é essa? Eu conversei com o juiz essa semana e ele me disse que esse caso já estava encerrado.

- Também estou surpreso, Flávio. – O advogado concordou.

- O que isso significa, Flávio? Agora você vai ter que me prender? – O Rafael parecia ter um bloco de concreto nas costas. A preocupação atravessava o rosto dele.

- Ainda não, mas significa que eu tenho muito pouco tempo para descobrir o que está acontecendo. Você vai ter que ficar aqui na delegacia até que eu descubra isso e vamos torcer para que eu descubra antes do dia amanhecer, porque eu aposto que vão vir te buscar e exigir que eu cumpra esse mandado. – Eu esfreguei os olhos com as pontas dos dedos.

Eu estava olhando para o mandado de prisão em minha mão e eu percebi que tinha duas coisas a nosso favor, uma era que o Bonfim tirava os plantões noturnos junto comigo e isso significava mais ajuda e a outra era que eu tinha o número de telefone daquele juiz.

- Ficar aqui não é o problema. – O Rafael respirou fundo e se sentou. – Flávio, eu não sou um traficante!

- Eu sei disso e nós vamos resolver esse problema, mas você precisa se manter calmo. – Eu olhei para o meu relógio de pulso e suspirei, aquele cara dormia cedo. – É, vou tirar o juiz da cama!

Eu me sentei calmamente e apoiei o celular sobre a mesa. Eu estava fazendo uma chamada de vídeo.

- Ah, Moreno, vá se foder, isso não é hora de me ligar! – A voz grossa e sonolenta ecoou pelo celular enquanto ele escondia o rosto no travesseiro e eu dei uma risada.

- Ô, bela adormecida, você é um juiz criminal, toda hora é hora! – Eu ri, porque o meu amigo odiava perder noites de sono em plantões, mesmo tendo que fazê-los.

- Eu não estou de plantão hoje! Entra no site e olha a escala, depois vai lá incomodar aquela chata da Maria Tereza! Aposto que ela está no gabinete despachando, toda feliz, com a energia de uma usina hidrelétrica. – A voz rabugenta e sonolenta reclamou, me fazendo rir mais.

- Você implica tanto com essa mulher que vai acabar na cama com ela. – Eu brinquei e o meu amigo grunhiu.

- Nem fodendo! – Ele respondeu e se sentou na cama, pegando o celular.

- Mas vai ser pra isso mesmo que vocês vão pra cama! – Eu dei uma risada e ele fez uma careta.

- Flávio, sabe o que eu acho? Eu acho que você saiu da quinta série, mas a quinta série não saiu de você! – Ele bufou outra vez. – Vai, manda a pedrada, se você está me ligando de madrugada é porque não é boa coisa. O que você quer a essa hora?

- Fabrício, é apenas uma da manhã, cara! – Eu falei e ele bufou de novo, me fazendo rir. – Tá, vamos ao trabalho. Você assinou um mandado de prisão em desfavor de um cara que eu conheço bem demais pra saber que ele não é traficante. Será que você pode me falar alguma coisa?

- Porra, Flávio, liga pra Maria Tereza! Me deixa dormir! – Ele reclamou.

- Fau, é importante! – Eu falei sério. – Eu acho que tem algo errado e não quero alertar ninguém em quem eu não confie.

- Ah, pronto! Lá vai ele de novo atrás dos corruptos! Você se meteu em outra investigação contra peixe grande, não foi?

- Acho que sim!

- Cara, você não existe! Vou pegar o computador. – Ele se levantou e poucos minutos depois voltou a aparecer no vídeo. – Me dá o nome do cidadão.

- Rafael Ferri. – Ele encarou a tela quando ouviu o nome.

- A testemunha chave do caso Domani? – Ele perguntou e eu fiz que sim. – Mas ele foi vítima do esquema, isso ficou provado.

- Mas você assinou o mandado!

- Sim, no caso da Samantha. Eles conseguiram reverter a decisão, até hoje não entendi como. Mas ficou claro pra mim que eles conhecem alguém importante na corregedoria. – O Bonfim concordou.

- Exatamente! E olha a coincidência, o corregedor apareceu essa semana com aquela investigação contra mim. – Eu comentei e o Bonfim já tinha entendido o que eu queria dizer.

- Eu nunca gostei daquele corregedor. Você sabe o que nós temos que fazer, Moreno. Nós temos que fazer a denúncia no conselho superior de polícia, mas isso só amanhã. Eu até conheço o chefe de polícia, mas não somos próximos.

- Mas ele é próximo do secretário e o secretário é nosso chapa! – Eu sorri me lembrando que o secretário era cunhado do chefe de polícia. – Liga pra ele, Bonfim?

- Ligo. Pelo menos não vou acordá-lo, se bem conheço o secretário, ele deve estar em algum bar a essa hora. – O Bonfim riu, pegou o celular e saiu da minha sala.

Eu tinha certeza de que havia algo errado com o corregedor, mas ainda não sabia o quê, ele poderia ser corrupto ou poderia ser só idiota mesmo. Mas alguém na corregedoria estava garantindo o Nunes e o Mota ou aqueles idiotas já estariam fora da polícia.

- Você é mesmo a realeza aqui na polícia, Moreno. – O Bonfim voltou rindo. – O secretário estava com o chefe de polícia. Eu expliquei o que estava acontecendo e o chefe já tomou as providências, seus amiguinhos já foram chamados para estar amanhã bem cedo no conselho para explicar o tumulto no bar, sob a justificativa de uma denúncia anônima.

- Isso tira esses dois do meu pé. Obrigado, meu delegado! – Eu sorri satisfeito.

Eu estava pensando no próximo passo e uma hora depois o Fabrício me ligou.

- Flávio, a situação é ruim, seja lá o quê ou quem você está investigando, tem alguém no judiciário envolvido, possivelmente na minha vara. Olha, a chata da Maria Tereza é chata, mas é competente, ela encontrou o furo e revogou o mandado, já está baixado, e ela fez como se eu nunca tivesse falado com ela, não deixou rastro. Nós já tomamos as providências aqui.

- Obrigado, Fau, eu também já tomei providências aqui. Eu vou descobrir isso e seja quem for, meu amigo, vai cair! Passo na sua casa amanhã para saber os detalhes. – Eu avisei e me despedi do meu amigo.

Quando eu desliguei o celular eu tinha um grande sorriso, o sorriso de quem tinha os amigos certos.

- Rafael, o mandado foi baixado. Armaram pra você. E eu acho que vão fazer de novo, então eu preciso muito que você fique esperto. Se qualquer policial te procurar e não for da minha equipe, você me liga imediatamente e não vai a lugar nenhum. – Eu avisei e ele fez que sim. – Vou mandar alguém te levar pra casa.

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