“Flávio”
Eu estava ali de frente para aqueles dois, dois homens que eu detestava e que pensei que não precisaria ver novamente. Mas eles estavam ali, cobertos com o cinismo de sempre.
- Não precisa dizer o que nós já imaginávamos, delegado. Aquele pau no cu- do Pão com ovo abriu a boca, não é? Tudo bem, ele já está morto, é só o tempo de o meu pessoal encontrá-lo, não vai adiantar nada ter mudado o X9 de presídio. – O Cláudio estava sorrindo, como se não fizesse nenhuma diferença para ele o que estava acontecendo.
- Vamos ver se seu pessoal consegue encontrá-lo, Cláudio. Ou devo te chamar de Diabo? – Eu o encarei e o sorriso dele aumentou.
- Pois é, pra você ver como eu subi na vida! – Ele deu uma risada. – Acho que tenho até que agradecer a você, à Catariana e àquele cretino do Alessandro, não é?! Afinal, vocês me trancaram aqui, na universidade do crime! Mas pode me chamar de Diabo, delegado, sou eu em pessoa!
- É, quem diria que você teria inteligência suficiente para aprender alguma coisa. – Eu comentei e ele deu outra risada.
- Eu estava meio sem foco, mas veja você, eu vim pra esse lugar e a primeira coisa que aconteceu foi que eu tive que parar de beber e isso foi bom, o álcool nublava a minha mente, sabe?! – Ele contou como se estivesse entre amigos. – Aí eu comecei a conhecer pessoas interessantes, me livrei daquela insuportável da Kely, a prima da Catarina, que só atrasava a minha vida. Soube que ela se juntou com um idiota lá de Campanário, não teve sorte como a Catarina que arrumou um milionário. Mas eu conheci a pessoa certa, que me deu muitos conselhos bons.
- E você está falando da Poderosa, quem realmente manda no esquema todo dessa sua ganguezinha que vocês chamam de “Nono Círculo do Inferno”. – Eu o encarei.
- A própria! Minha rainha! Imagina você delegado que quem me apresentou a Poderosa foi justamente alguém que você prendeu! Ah, eu adoro conhecer as pessoas que você prendeu! – Ele me olhou com os olhos brilhando, a maldade presente ali como um espírito ruim. – E aí o Marajá chegou, era tudo o que eu precisava, porque eu tinha como recrutar as pessoas certas, tinha o negociador, tinha quem me dava as informações de fora, só não tinha o dinheiro, mas isso o Marajá tem de sobra!
- Marajá! – Eu me virei para o outro, sentado ali com aquela pose de soberano. – Como você veio parar aqui, Cândido? Porque você não deveria estar nesse presídio.
- Ah, delegado, precisa mesmo perguntar? Esse sistema para o qual você trabalha está totalmente corrompido por dentro. – O Cândido sorriu e eu era obrigado a concordar que existia muita corrupção no sistema, mas isso não me impediria de continuar a fazer o certo e tentar combater a podridão. – Mandaram um diretor muito certinho lá pra onde eu estava e a minha vida ficou difícil lá. Então o meu advogado mexeu uns pauzinhos, pagou as pessoas certas e conseguiu me transferir para cá, porque todo o sistema sabe que o diretor daqui é uma mãe para os presos.
- Era, Cândido! A mordomia acabou, o seu diretor corrupto vai pra grade também. – Eu avisei.
- Ah, que chato! Vou ter que comprar uma vaga em outro presídio com diretor corrupto. – Ele estava debochando de mim, era um idiota! – Me diz, como está a menina Manuela?
- A minha esposa, Cândido, não é da sua conta! – Eu falei alto e bati na mesa, mas ele apenas sorriu. – Fica tranquilo, delegado, eu não vou voltar a me aproximar dela. E não vou te fazer nenhum mal, só por causa dela. Já o Diabo, eu não posso impedi-lo.
- Como se vocês pudessem me atingir! – Eu ri.
- Ah, delegado, não se ache tão inatingível. Eu tenho muitos homens do lado de fora. E sabe como é, a Poderosa também não gosta de você. – Ele estava me ameaçando descaradamente.
- A Poderosa... sei. – Eu encarei o Cláudio por um minuto. – Sabe, Cláudio, o que eu não entendo é porque ela te ajudou a dar o golpe no Sandro, o morro do Pipote era dele e ela...
- Era dele! Mas a Poderosa queria tomar o poder dele, porque ela gostava dele menos do que gosta de você. O Sandro era um sádico, delegado, um maluco que impunha seu poder na marra. Não que a Poderosa seja diferente, mas ela não queria mais viver sob as ordens dele. Ela sabia de tudo lá, cada detalhe, cada esconderijo, cada passo que o Sandro dava. E ela me contou tudo, ela me contou o plano dela, mas ela estava como eu, precisando de financiamento.
- Mas ela tomou o poder para você? Não faz sentido, já que ela queria se livrar do chefe. – Eu estava interessado nisso, porque isso o Pão de queijo não sabia.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Chefe irresistível: sucumbindo ao seu toque
Está sempre a dar erro. Não desbloqueia os capitulos e ainda retira as moedas.😤...
Infelizmente são mais as vezes que dá erro, que outra coisa......