“Flávio”
Assim que eu vi o Breno chegando com o Tutu, eu respirei aliviado. Eles estavam inteiros.
- Cadê todo mundo? Deu certo lá em cima? – Eu quis saber.
- Tivemos um imprevisto, mas deu certo. – O Breno respondeu e se virou. – Pessoal, traz esses trastes pra cá. Melhor reunir todo mundo. Nós temos dois dos nossos baleados de raspão, um deles morto e o outro morrendo. O Tonhão ficou lá esperando o socorro.
- Tutu, vai na última sala do lado de lá e avisa aos médicos que acabou aqui, nós só vamos passar um pente fino no hospital. E pede para o Molina pedir para subirem quatro macas para o heliponto e duas pra cá. – Eu dei a ordem e o policial saiu as pressas para cumprir, enquanto cinco homens algemados foram colocados sentados no chão diante de mim.
- Mas que palhaçada! – O Bonfim se aproximou com o Nunes e o fez sentar perto dos outros. – Todo mundo polícia! Polícia corrupta! Que vergonha! Vocês são a praga da corporação!
- O que você queria, delegado? – O Nunes perguntou com desdém. – Com o salário de fome que a gente ganha pra prender bandido que anda montado em carrão, não dá pra não se corromper! Nem todo mundo nasce herdeiro como esse babaca do Moreno.
- Mas que merda, hein, Nunes?! Que discursinho de merda! Pra começar que sim, somos mal remunerados, mal aparelhados e mal reconhecidos. Tudo poderia ser melhor? Sim, poderia! Mas ninguém te obrigou a ser polícia, você entrou porque quis! E entrou sabendo exatamente como funciona e qual é o salário. E quer saber, Nunes? O que você chama de salário de fome serviu e serve para sustentar a minha família com dignidade. Ser polícia, Nunes, é uma escolha que deve ser feita não pelo salário, mas sim por vocação, porque você quer lutar contra o mal, porque você quer um lugar melhor para criar os seus filhos!
- Ah, Bonfim, lá vem você com essa merda idealista! – O Nunes reclamou.
- Não é idealismo não, Nunes! É que viver do lado certo vale mais do que estar montado num carrão! Colocar a minha cabeça no travesseiro à noite e dormir o sono dos justos não tem preço! Saber que as minhas filhas podem se orgulhar do pai que tem não tem preço!
- E levar uma azeitona na testa sendo o policial certinho vale a pena, Bonfim? – O Nunes pertguntou com uma ponta de sarcasmo.
- Se eu estiver lutando do lado certo sim, vale a pena morrer por uma causa! É justo? Não! Mas são ossos do ofício e, além do mais, todos nós vamos morrer um dia. Sabe quantos tiros eu tomei em vinte e cinco anos de polícia, idiota? Quarenta e sete! Sabe quantas vezes eu estive entre a vida e a morte? Mais do que eu posso contar nos dedos das mãos. Mas todas as vezes, eu estava com a consciência em paz de que as minhas filhas não cresceriam sendo tratadas como filhas de um policial corrupto e bandido.
- Ah, que lindo! Mas não é suficiente pra mim! – O Nunes revelou.
- Então ao invés de estar na polícia, você deveria ter virado bandido. Como eu disse, Nunes, foi uma escolha sua, você tinha obrigação de honrar a confiança que a sociedade depositou em você!
- A sociedade está ca-gan-do pra gente, Bonfim!
- A sociedade confia em nós, como seus guardiões, protetores. Se bem que uma parte já nem confia mais, porque tem medo! Porque o policial corrupto é pior do que o bandido, porque do bandido a sociedade espera o pior, mas da polícia ela espera proteção e quando quem deveria proteger se torna o algoz fica tudo pior!
- Bonfim, não perde seu tempo não! – Eu me aproximei do meu amigo. – Corrupto, bandido e mau profissional tem pra todo lado e eles nunca acham que estão errados. Felizmente ainda tem muitos homens e mulheres bons como você na polícia! Muitos que se orgulham de vestir a farda e proteger o cidadão! Olha a nossa equipe, a equipe que você juntou, todos unidos pela mesma razão, fazer o bem e proteger a sociedade! Todos nós juramos servir e proteger e é o que fazemos todos os dias!
- Ah, que lindo, o herdeirinho se achando super herói! – O Nunes debochou.
- Ô, babaca, eu sou mesmo um herdeiro e exatamente por isso não precisava estar na polícia, mas eu sou polícia, para servir e proteger, com honra, lealdade e constância! E ser herdeiro não diminui o risco que eu corro de levar um balaço na testa! E quer saber, eu deito ao lado da minha esposa todas as noites e durmo feliz com a sensação de dever cumprido e a consciência limpa, leve e solta! Mas agora, Nunes, você não levou uma azeitona na testa, mas vai ver o sol nascer quadrado por muito tempo! – Eu o encarei.
- Entendeu, babaca? – O Breno perguntou e deu com o cabo do fuzil na cara do Nunes, que apagou na hora. Eu olhei pra ele quase rindo. – O quê? Eu estou meio estressado hoje, deve ser por ter ficado de molho tantos dias.
- Renatinha, minha querida, me explica o que aconteceu aqui? – Eu perguntei confuso.
- Fiquei entediada, princesa! Aí eu me lembrei que tinha um pincel permanente no bolso e a minha cadelinha e eu começamos a brincar com a piranha e nós encontramos a tesoura no quarto. Ficou fashion não ficou?! Taí, pra quem diz que eu preciso ser mais feminina, brinquei de boneca! – A Renatinha olhou pra mim e sorriu.
- D. Onça, ela está morta? – O breno perguntou e a nicole riu.
- Só está desmaiada, a Quebra nozes deu um chutão na cara dela. Aqui os dentes! – A Nicole abriu a mão e mostrou dois dentes. – Cara, eu nem sabia que existia coturno com bico de aço!
- Você fez o quê, Renata? – Eu olhei pra ela chocado.
- Não me olha assim, princesa, foi uma homenagem de última hora pra Sandrinha! Vou levar os dentes pra ela. – A Renata sorriu.
- Como assim de última hora? – Quanto mais ela contava, mais confuso eu ficava.
- Ah, princesa, sabem o que dizem, a cadelinha é a melhor amiga da mulher! Minha cadelinha deu com a comadre na cabeça da piranha pra me proteger, a piranha se desequilibrou e ia cair pra frente. Eu ia chutar a mão dela para desarmá-la e eu não ser baleada, mas aí eu me confundi e chutei a cara!
- Puta que pariu, como é que eu vou fazer esse relatório hoje? – Eu passei a mão no rosto. – O Herói sobe e baleia dois companheiros para tirar da linha de fogo dos bandidos, depois acerta um tiro fatal, limpo, perfeito e foi, mas não acabou, mete o cabo do fuzil na cara do Nunes, um filho da puta, mas foi pra ele parar de falar. Aí tem o namorado super protetor, foi lá e es-mur-rou o filho da puta do bandido que armou esse circo até deixar desfigurado, esse mereceu e por isso eu vou passar pano. Aí chego aqui e encontro a policial bandida piranha parecendo a “noiva de chuck”! Caralho, como eu vou fazer esse relatório e proteger vocês três?
- Ah, calma, princesa, não fica estressado! Assim você vai acabar internado aqui com burnout! – A Renatinha me abraçou e eu comecei a rir, eu tinha a equipe mais surtada da polícia!

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Chefe irresistível: sucumbindo ao seu toque
Que lindo esse livro. Estou aqui chorando novamente. Muito emocionante...
Amei saber que terá o livro 2. 😍...
Que livro lindo e perfeito. Estou amando e totalmente viciada nesse livro. Eu choro, dou risadas, grito. Parabéns autora, é perfeito esse livro 😍...
Está sempre a dar erro. Não desbloqueia os capitulos e ainda retira as moedas.😤...
Infelizmente são mais as vezes que dá erro, que outra coisa......