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Chefe irresistível: sucumbindo ao seu toque romance Capítulo 1415

“Flávio”

Eu estava sentado numa cadeira junto a uma mesa de ferro na enfermaria do presídio federal, para onde eu tinha levado o Frederico. Havia cerca de vinte minutos que eu estava ali, desde que chegamos, mas eu queria ser quem daria a boa nova àquele bandido quando ele acordasse. Claro que a Renatinha estava ao meu lado, ela queria ver a cara do Frederico para contar todos os detalhes para a Hana. Eu também tinha mais dois homens esperando do lado de fora e o Vinícius, que havia me acompanhado para qualquer emergência, estava no consultório passando o caso para o médico que atendia na unidade.

Desde o momento em que o Vinícius me enviou a conversa da Sílvia e do Frederico eu comecei uma corrida para conseguir essa transferência. Eu liguei para o Fabrício e acionei todos os contatos que eu tinha para conseguir tirar o Frederico do Hospital Santé o mais rápido possível. Inclusive o Alessandro me ajudou de novo, cedeu o avião para a escolta. O Vinícius se encarregou de deixar o Frederico dormindo desde o momento em que a Sílvia saiu da UTI e eu não teria conseguido resolver esse problema se não fosse por ele.

Mas o que eu não podia permitir é que esse canalha continuasse conseguindo chegar a Hana e muito menos que ele conseguisse colocar as mãos na Giovana. Eu tinha me afeiçoado tanto aquela garota! Uma verdadeira pestinha, mas uma pestinha adorável. Eu tinha certeza que ela ia acabar na polícia sendo o tipo “tiro, porrada- e bomba” primeiro e perguntas depois. A sugestão do que aquele asqueroso queria fazer com ela me embrulhou o estômago e me fez ter vontade de soltar o Rafael em cima dele de novo!

Eu olhei em volta daquele lugar, era tão deprimente, paredes cinzas e brancas, piso frio, sem janelas e um lado inteiro de grades brancas, mantendo as cinco camas hospitalares como numa jaula. O ambiente era todo muito frio, as camas eram de um modelo antigo e funcional de metal, que possibilitavam a colocação de algemas com facilidade, nada do conforto e modernidade oferecidos pelo Santé. Era tudo reduzido ao mínimo necessário, mas tudo funcional e útil.

O cheiro ali também era diferente, não era o cheiro asséptico do hospital, estava mais para algo como uma combinação complexa e desagradável dos odores excretados pelo corpo humano pela falta de higiene, combinados com decomposição e putrefação e um toque desagradável de amônia, era nauseante, como todo presídio e nem sendo delegado por tanto tempo eu conseguia me adaptar a esse cheiro, era quase tão ruim quanto o cheiro na sala de necropsia da medicina legal, ou talvez fosse pior. Era difícil determinar se o cheiro do cárcere era pior do que o cheiro da morte, mas eram dois cheiros muito ruins e que sentidos uma vez, era impossível esquecer.

- Será que o Vini derrubou essa praga com tranquilizante para elefante? – A Renatinha reclamou e eu ri. – Odeio ficar trancada!

- Você é polícia, Renatinha! Tranca as pessoas! – Eu brinquei e ela estalou a língua impaciente.

- Isso, tranco bandido do lado de dentro e fico do lado de fora! Que lugar abafado, deprimente… isso aqui está me estressando! Prefiro mil vezes juntar cadáver de pá no asfalto!

- Calma, Renatinha, a gente vai subir o Pipote essa semana ainda, você vai brincar com o seu bebê… não vai ser bom? – Eu perguntei e ela sorriu.

- Vai ser melhor se eu puder torcer as bolas do Rabiola! Odeio aquele sonso! Bandido sonso, ninguém merece! E olha com quem se junta a tralha!

- Se você não contar para o Breno que nós vamos subir o Pipote amanhã, eu te deixo brincar de boneca com o Rabiola. Não quero o nosso herói se prejudicando outra vez, o médico quase teve que levá-lo para a cirurgia de novo.

- Ah, mas pode apostar que da minha boca ele não vai ouvir nada! Nessa operação é a minha vez de brilhar!

Eu comecei a rir, a Renatinha ainda estava chateada por ter perdido a ação no telhado no confronto no hospital. Ela estava dizendo que até a Hana tinha tido mais ação do que ela. Nós ouvimos o barulho na cama, a algema sendo puxada, o Frederico estava acordando.

- Ah! Finalmente “o bebê de Rosemary” acordou! – A Renatinha resmingou.

- Vamos deixá-lo se desesperar só um pouquinho sem entender nada. – Eu sussurrei e ela sorriu.

- Isso é terror psicológico, princesa! Adoorooo!

Nós observamos por uns dois minutos o desespero do Frederico puxando as algemas. Os dois pulsos estavam algemados nas laterais da cama e ele puxava freneticamente e virava a cabeça para todos os lados. Se ele pudesse falar estaria gritando aterrorizado.

- Vamos lá! – Eu chamei a Renatinha e nós fomos até a cama dele. Eu parei de um lado da cabeceira da cama e a Renatinha do outro e eu abri um grande sorriso. – Frederico! Bem vindo ao inferno!

Ele olhava de mim para a Renatinha desesperado e tentava desesperadamente emitir qualquer som.

O Frederico estava chorando. Eu não tinha idéia se ele era idiota mesmo ou se estava acreditando na história da Renata por causa do efeito do remédio que tinha sido aplicado nele. Mas eu comecei a rir, não deu mais para segurar a gargalhada alta que retumbou por todo aquele lugar.

- Tá vendo, desquerido, é a risada do chefe! Acho que ele não vai rever o seu caso, então vou pegar os instrumentos para começar.

O Frederico entrou em completo desespero e começou a se debater na cama, tentando se soltar da outra algema e quase caiu da cama. Eu bati a mão no peito dele e o cravei na cama, ele apertou muito os olhos. Talvez eu tivesse exagerado na força que eu usei.

- Você come- merda, Frederico? Não é possívedl que é tão idiota assim! – Eu falei e ele me olhou, parecendo ainda estar com dor. – Olha que merda, acho que quebrei uma costela da criatura delicadinha!

- Ah, não faz mal delegado, costela se recupera sozinha. – A Renatinha abanou a mão no ar.

- Presta atenção, cretino! Você está no presídio Federal. Mas não se anime, nenhum dos seus comparsas veio pra esse aqui. Você está isolado da turminha! – Eu sorri. – Isso aqui é a enfermaria luxuosa onde você completará a sua recuperação, vai ter um enfermeiro e um médico e eles vão cuidar muito bem de você pra você não morrer. E quando você estiver recuperado, você vai ser trancado na cela. O resto você já sabe, vai ficar preso uns quarenta anos, porque infelizmente não pode ficar mais, a menos que apareça mais uma condenação, aí o juiz manda juntar, unifica todas as penas de novo e aí começa a contar quarenta anos outra vez. Isso acaba virando perpétua, né?! Acho que tem um processo seu que eu consigo enrolar para ser julgado só daqui uns quinze anos.

- Resumindo, babaca, você vai passar o resto dessa sua longa vida de merda nesse buraco! – A Renata sorriu e eu nunca tinha visto essa mulher sorrir tanto pra um preso.

- Pode algemar de novo, Renatinha. – Eu pedi e me debrucei sobre ele na cama. – Olha, como você está tendo uns pensamentos suicidas, e nós nos preocupamos muitíssimo com o seu bem estar, qualquer objeto que ofereça risco a sua integridade física está proibido na sua cela, inclusive materiais de escrita, porque vai que você resolve enfiar a caneta no ouvido, né?! Então, isto posto, eu desejo, Frederico, que você queira morrer todos os dias, porque você vai passar o resto da sua vida aqui. – Eu me ergui e respirei fundo, estava até mais leve. – Vamos, Renatinha? Eu detesto o cheiro desse lugar!

- Tchauzinho, desquerido, aproveite a estadia! – A Renatinha deu um adeusinho para o Frederico e nós saímos dali.

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