Por volta das quatro da tarde a Manu me avisou que os delegados estavam ali para me ver. Achei estranho ela falar no plural, mas apenas pedi que entrassem. Alessandro apareceu na porta no momento em que os homens entravam.
- Bonfim! Moreno! Obrigado por fazerem a gentileza de vir pegar o depoimento da minha esposa aqui. – Alessandro falou todo simpático.
- É um prazer fazer isso, Mellendez. E aliás, agradeço mais uma vez pelo convite para o casamento, foi realmente uma linda festa. – Bonfim respondeu com a gentileza e polidez de sempre.
- Foi uma honra ter o senhor e sua família conosco num momento tão especial. O senhor me devolveu a mulher da minha vida, tinha que estar lá. – Alessandro o respondeu me abraçando. – Vamos fazer isso na minha sala, meu anjo.
Entramos na sala do meu marido. O delegado Moreno ligou o laptop que havia levado e pediu os meus dados. Dei todas as informações e eles passaram a fazer perguntas. Começaram com as perguntas de praxe sobre o tempo em que conhecia os irmãos e o próprio Junqueira, qual era o meu vínculo com cada um, coisas do tipo. Em seguida passaram a me fazer perguntas sobre o seqüestro em si. Contei como fui pega e tudo o que vi no cativeiro.
- E a senhora não se lembra de nada mais que possa nos ajudar a encontrar o tal Junqueira? – O delegado Bonfim me perguntou.
- Infelizmente não, delegado. – Respondi. – Quer dizer, eu me lembro que ouvi o Dênis falar com o irmão que não estava conseguindo falar com a Céu. Mas não tenho idéia de quem seja. – Falei ao me recordar da conversa que ouvi dos dois.
- Céu? Quem será essa agora? Será que é a Celeste? Pode ser... – Bonfim conjecturou. – Eles não falaram mais nada que pudesse nos dar uma pista?
- Ah, o Daniel disse ao Dênis que devia se desfazer do celular, aí ele disse que só tinha usado aquele número pra ligar pra mim e que o meu celular eles tinham quebrado e jogado fora, pelo que entendi, ele falava que não tinha como rastrearem o número. E também ouvi o Daniel dizer que o seqüestro do Pedro era só uma isca pra me pegar. – Respondi me lembrando da conversa dos irmãos.
- Como assim? – Bonfim perguntou.
- Eles não sabiam que o Pedro é filho do Alessandro, porque nós descobrimos isso só poucos dias antes do seqüestro. – Expliquei rapidamente a história sobre como fiquei grávida e como o Alessandro descobriu tudo.
- Fui eu quem investigou a Catarina para o Alessandro. – O delegado Moreno informou. – Conheço a história. – Bonfim, algum celular foi apreendido com os irmãos?
- Não, não encontramos nenhum aparelho. – Bonfim respondeu.
- Talvez nós devêssemos voltar ao lugar onde a Catarina foi trancada e procurar por esses telefones. Eu apreendi dois celulares em Campanário, um era o da Ana Carolina e o outro o do Cláudio, mas não encontramos o celular da Celeste em lugar nenhum. E nos celulares que apreendemos não tinha nada que nos levasse ao Junqueira. – Moreno lembrou.
- É uma boa idéia, vamos voltar ao local que foi cativeiro da Catarina. Será que o pessoal da depol de Campanário pode fazer mais uma busca no sítio pra onde levaram o Pedro? – Bonfim sugeriu.
- Com certeza. Vou falar com eles para fazerem isso. – Moreno garantiu.
- O celular da Catarina foi encontrado, não foi? – Bonfim quis saber.
- Sim, ficou com um dos meus funcionários especialista em tecnologia. – Alessandro informou. – Vou pedir pra ele trazer.
Pouco depois o Marcos Paulo entrou na sala com o meu telefone quebrado dentro de um saco plástico. Explicou que não conseguiu muita coisa, mas que conseguiu a lista de chamadas recebidas e efetuadas, sendo que, no dia do meu seqüestro eu só recebi uma ligação e foi de um número desconhecido que ele tentou ligar, mas não atendia. Porém, haviam localizado o meu paradeiro pois haviam identificado a torre de sinal próxima de onde o telefone havia funcionado pela última vez.
- Sim, eu só recebi a ligação do Dênis naquele dia. – Confirmei.
Marcos Paulo entregou o celular e um cartão com o número do telefone ao delegado Bonfim que agradeceu.
- Mas isso é muito bom. Como me esqueci disso. – Bonfim se criticou. – Ah, Catarina, quero te perguntar uma coisa mais.
- Pois não, delegado.
- O Cláudio, que está envolvido com o seqüestro do seu filho. Vocês foram namorados, certo? – Bonfim queria confirmar.
- Sim, delegado, infelizmente. Por quatro anos. Terminamos há uns três anos, quase quatro, um mês antes do baile em que encontrei o Alessandro sem saber que era ele. – Expliquei.
- Foi bastante tempo. – Bonfim analisou antes de fazer a próxima pergunta. – O que ele fazia da vida quando vocês namoravam?
- Olha, delegado, quando começamos a namorar, o Cláudio tinha dezenove anos e eu tinha quinze. Ele era ambicioso, mas preguiçoso. Não passou nas provas para a faculdade e começou a trabalhar no aeródromo da cidade. Ele fazia serviços gerais ajudando em tudo por ali. Ele não gostava do trabalho, mas foi o pai da Melissa que lhe arrumou o emprego, então eu ficava no pé dele pra não decepcionar o Sr. Lascuran. – Falei me recordando de uma época que pra mim já estava distante. – Mas, por que, delegado?
- Porque ele disse que já conhece o Junqueira há mais de três anos, mas não quis explicar. Você sabe de algo ou se ele conheceu alguém nessa época? Ou se lembra dele falar do Junqueira?
Pensei por um momento, mas não me recordava de ter ouvido o nome do Junqueira antes de ir trabalhar com o Alessandro.
- Olha, delegado, eu realmente não sei. – Respondi.
- Você disse que o Cláudio trabalhava no aeródromo? – Moreno perguntou e eu confirmei. – Campanário só tem um aeródromo, além do aeroporto da cidade.
- Sim, por que? – Perguntei.
- Porque os helicópteros não podem pousar no aeroporto, só podem pousar no aeródromo. – Alessandro falou baixo como se constatasse algo.
- Não entendi. – Falei confusa.
- O helicóptero dos meus pais, Cat! – Alessandro falou e tinha os olhos tristes.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Chefe irresistível: sucumbindo ao seu toque
Está sempre a dar erro. Não desbloqueia os capitulos e ainda retira as moedas.😤...
Infelizmente são mais as vezes que dá erro, que outra coisa......