Ficamos na delegacia por umas quatro horas. O Cláudio falou com a mãe, que chorava muito e pediu que o filho confessasse todos os seus crimes e colaborasse com a polícia. Ela me pediu perdão pelo que o filho fez e lamentou muito que ele não tivesse seguido pelo bom caminho como ela sempre tentou mostrar a ele. No fim, meu marido ficou até comovido com aquela mulher e disse que ficava tranqüilo em poder oferecer um tratamento de saúde melhor para ela.
O Cláudio tinha muita coisa pra contar. Começou contando que conheceu o Junqueira através de um amigo de Campanário que veio morar em Porto Paraíso logo que fez dezoito anos. Ele não sabia como o amigo conhecia o Junqueira e nunca se interessou por perguntar. Deu as informações sobre o tal amigo, que se chama Kauã Capiberibe, e onde poderia ser encontrado.
Cláudio disse que conheceu o Junqueira três meses antes do acidente de helicóptero que matou os pais do Alessandro e que Junqueira o pagou um bom dinheiro para sabotar o helicóptero, inclusive pagou o curso de manutenção em helicópteros pra ele aprender a sabotar a aeronave. Depois disso ele fez outros pequenos serviços para o Junqueira, coisas como arranjar pessoas para serem laranjas do Junqueira, aparecerem onde ele não podia, emprestar o nome e contas bancárias para que o Junqueira movimentasse dinheiro, coisas do tipo.
O Cláudio deu todas as informações e, por fim, garantiu que o Kauã saberia onde o Junqueira estava escondido, pois fazia muitos serviços pra ele, inclusive contratar pessoas para o serviço sujo.
- Catarina, obrigada pelo tratamento da minha mãe. – Cláudio falou antes da sair da sala. – Eu sei que eu não presto, mas ela é uma boa mulher. Sempre gostou de você. E, se puder, me perdoe, por tudo, inclusive por não ter te contado que o mauricinho aí era o pai do Pedro.
- Como assim, Cláudio? Do que você está falando? – Perguntei sem entender.
- Logo depois daquela festa, chegou um detetive na cidade, esbarrei com ele lá no aeródromo. O playboy mandou ele ir atrás de uma mulher de vestido vermelho que tinha ido na festa. Quando ele me contou o caso eu saquei na hora que era você. Sua prima tinha visto você sair da casa da Melissa pra ia ao baile e passou uma semana me infernizando que queria um vestido igual ao seu. O cara sempre te procurou. O Junqueira me pagou pra despistar o detetive. Depois apareceram mais dois lá e eu fiz a mesma coisa. Nunca contei pra ninguém. – Cláudio ia falando e eu custava a acreditar.
- Você está dizendo que sempre soube quem era o pai do meu filho e ficou calado? – Perguntei ainda sem acreditar naquela barbaridade.
- Pois é. Mas aí, olha o que é o destino, você foi justamente trabalhar com o cara. – Cláudio concluiu.
- Sabe, Cláudio, eu espero nunca mais ter que olhar pra sua cara! – Falei e saí da sala, enquanto o delegado mandava o Cláudio se sentar de novo para esclarecer o que havia acabado de dizer que também deveria constar nas declarações.
Eram muitas informações e eu saí dali um tanto zonza com tudo o que eu ouvi. Como eu pude me enganar tanto com o Cláudio quando namorávamos? Alessandro me seguiu pra fora e me abraçou.
- Vamos sair daqui. – Alessandro me levou para o carro.
- Como eu pude namorar um tipo desses? Como eu permiti que ele me tocasse? Que freqüentasse a minha casa? – Eu estava abismada.
- Meu anjo, você era tão novinha. Todos nós cometemos erros de julgamento. O que importa é que você escolheu o cara certo pra casar e ter filhos! – Alessandro me olhava com um grande sorriso confiante no rosto e me fez rir, aliviando um pouco da tensão que eu sentia. – Assim que eu gosto! – Meu marido me deu um selinho e passou os dedos em meu rosto. – Se importa se formos ao escritório antes de voltar pra casa? Quero falar com o Alencar. – Alessandro me perguntou quando entramos no carro.
- Não, podemos ir. É bom que vejo as garotas. – Concordei.
Quando chegamos ao escritório, resolvi passar no andar da Sam para ver como ela estava, ela ainda não havia reatado com o Heitor, embora os dois se encontrassem muito em minha casa, e andava meio triste. Fiquei uns minutos por ali jogando conversa fora e tentando animar minha amiga.
- Sam, você não acha que deveria perdoá-lo? Você anda tão tristinha... – perguntei.
- Cat, eu perdi a confiança, não sei se acredito no arrependimento dele. – Samantha falou com os olhos baixos.
Alessandro me enviou uma mensagem pedindo para eu ir a sala dele, pois queria que eu participasse da conversa com o Alencar. Me despedi da Sam e caminhei para os elevadores. Quando a porta se abriu eu entrei, havia uma pessoa ali.
- Catarina! Que bom vê-la de novo. – Gustavo, do departamento de tecnologia da informação me cumprimentou. Eu me lembrava vagamente dele. O conheci no meu primeiro dia de trabalho, ele tinha me entregado o celular e o tablet.
- É Gustavo, não é? – Perguntei.
- Isso mesmo. Ainda se lembra de mim. – Ele abriu um sorriso, mas eu senti algo estranho. – Pena que não se lembrou de me avisar que estava interessada em um namorado... mas no fim, você casou com o chefe, não é mesmo.
- Desculpe, acho que eu não entendi. – Falei meio confusa.
- Quando nos conhecemos você disse que não estava interessada em relacionamentos amorosos. – Gustavo me lembrou de uma cantada estranha que ele me passou.
- Ah sim, mas as coisas às vezes saem do planejado. – Sorri pra ele. Isso estava estranho. Eu comecei a torcer para que ele saísse rápido do elevador.
- Claro, o chefe é um ótimo partido. Faria até uma freira mudar de idéia sobre a castidade. – Gustavo comentou com ironia. Eu preferi nem responder. Ele subiu cinco andares no elevador, mas pareceu uma eternidade. Quando finalmente desceu ainda fez uma gracinha: - Foi um prazer revê-la, Catarina. Se você estiver entediada na presidência, passa lá no TI, será realmente um prazer te animar. – Sua fala estava cheia de duplo sentido e eu detestei isso.
Quando a porta do elevador fechou eu respirei aliviada. Depois de cumprimentar a Manu fui para a sala do meu marido, e já estavam lá o Patrício, o Rick, o Alencar e a Mari. Alessandro contou o que tinha acontecido e tudo o que o Cláudio havia falado.
- Capiberibe? – Alencar perguntou. – Não é um sobrenome muito comum. E engraçado, me parece familiar.
- Vou deixar uma coisa clara para você, minha esposa é uma mulher deslumbrante, MAS É MINHA! – Alessandro alterou a voz. – Foi muita audácia da sua parte olhar pra ela.
- Sr. Mellendez, eu juro que... – Gustavo começou a falar, mas Alessandro o interrompeu.
- Não jure, seu traidorzinho de merda! Sabe, nós estávamos procurando você há um bom tempo, mas você passa despercebido, se esconde muito bem como o covarde que é. Só cometeu esse erro, esse grande erro de bancar o engraçadinho com a minha esposa. – Alessandro continuou falando. – Aí, quando ela chegou aqui comentando do quanto seu comportamento foi estranho, nós juntamos os pontos.
- Do que o senhor está falando, Sr. Mellendez? – Gustavo começou a ficar nervoso.
O telefone sobre a mesa do Alessandro tocou e ele só disse para mandar entrar. Entraram na sala o delegado Bonfim, o Flávio e mais dois policiais.
- Então temos mais um ratinho sujo na ratoeira, Alessandro. – Bonfim entrou falando com um grande sorriso no rosto.
- Olha pra você ver, Bonfim! – Alessandro se recostou na cadeira sorrindo. – E ele é tão pequeno, tão miserável, que demorou um bocado para cair na ratoeira. Mas agora ele é todo seu. – Alessandro se levantou e caminhou para sentar ao meu lado, fazendo sinal para o Bonfim ocupar sua cadeira.
- O que está acontecendo? – Gustavo perguntou.
- Sr. Gustavo Capiberibe. Não posso dizer que é uma honra conhecê-lo, mas posso dizer que prendi o seu primo Kauã há vinte minutos. E ele está muito disposto a colaborar, sabe. – Bonfim falou com um ar indulgente.
- Merda! – Gustavo afundou na cadeira.
- Comece a falar. Eu sou muito paciente, mas meu colega Moreno nem tanto. – Bonfim apontou para o Flávio que tinha o olhar beligerante e fez o Gustavo se encolher ainda mais.
Ele contou muita coisa, inclusive que foi abordado pelo Junqueira logo que entrou na empresa, seis anos antes. Ele foi fazer um reparo no computador do Junqueira e os dois conversaram por muito tempo. Se encontraram outras vezes fora da empresa, até que o Junqueira fez uma proposta para ele ganhar mais dinheiro e ele topou e assim as coisas começaram de pequenas informações até ele esconder o próprio Junqueira e espalhar os programas espiões nos eletrônicos da empresa.
Duas horas depois o Gustavo saia da empresa preso por cumplicidade, obstrução da justiça, participação em organização criminosa, entre outras coisas. Finalmente tínhamos o endereço do possível esconderijo do Junqueira e isso terminaria.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Chefe irresistível: sucumbindo ao seu toque
Que lindo esse livro. Estou aqui chorando novamente. Muito emocionante...
Amei saber que terá o livro 2. 😍...
Que livro lindo e perfeito. Estou amando e totalmente viciada nesse livro. Eu choro, dou risadas, grito. Parabéns autora, é perfeito esse livro 😍...
Está sempre a dar erro. Não desbloqueia os capitulos e ainda retira as moedas.😤...
Infelizmente são mais as vezes que dá erro, que outra coisa......