“Flávio”
Minha vida com a Manu estaria perfeita se não fosse o fantasma da Sabrina assombrando meus pensamentos. Eu estava receoso de que a qualquer momento a Sabrina fosse procurar a Manu. A Manu me amava, mas eu não sei se ela suportaria isso, descobrir que eu fui casado e que de alguma forma eu ainda estava casado.
Falei com o advogado e com a delegada essa semana, mas eles disseram que ainda demorará uns dias para terem alguma novidade pra mim. Só que eu estava muito nervoso e ansioso, preocupado demais e me sentindo acuado. E só piorou depois que a porta da minha sala foi aberta.
- O que você está fazendo aqui? – Perguntei furioso.
- Hoje é sexta feira, Flávio. Vim saber se você já despachou a ninfetinha. – Sabrina me olhou com o maior cinismo e passou a mão na cadeira antes de se sentar, como se verificasse se estava limpa. – Mas que lugarzinho horroroso essa delegacia, hein?!
- Cai fora, Sabrina! Não enche o meu saco!
- Ah, maridinho, não fala assim comigo não, se eu ficar estressada posso acabar fazendo uma cena, daquelas bem dramáticas. – Eu conhecia bem o quanto a Sabrina poderia ser dramática e não estava com nenhuma vontade de suportar isso.
- Sabrina, o que você quer? Porque lógico que você sabe que não vai morar comigo. Então porque ficar perdendo seu tempo?
- Flávio, você é meu marido e quero meus direitos de esposa, morar com você é um deles.
- Isso não vai acontecer. Seja razoável, você sabe que é só questão de tempo até eu me livrar de você e dessa vez vai ser definitivo.
- O que você está armando, Flávio? – Sabrina me conhecia o suficiente para saber que eu já estava dando um jeito de resolver tudo.
- Eu não estou armando nada. Quem arma, manipula, mente e frauda documentos é você. Vou te dizer, Sabrina, na hora que a corda arrebentar, meu querido pai não vai te proteger, ele vai é se manter distante do problema. – E era isso que aconteceria. Eu tinha certeza que a investigação sobre a fraude de documentos não chegaria ao meu pai, mas a Sabrina não escaparia.
- O que você está fazendo, Flávio? – Sabrina me olhava desconfiada e eu apenas sorri.
- Acho que você deveria se aconselhar com o seu pai. – Sorri como se tivesse o controle de tudo.
- Olha só, Flávio, não blefa comigo, eu te conheço. Vamos ser práticos e objetivos. Quando você vai mandar a ninfetinha de volta para o playground?
- Sabrina, já te avisei, se aproxima dela e eu vou com tudo pra cima do seu pai. Já imaginou que triste, ele passar o resto da vida dele na cadeia por sua culpa.
- Deixa o meu pai fora disso, Flávio. – Sabrina ficou tensa.
- Deixo, se você deixar a Manu fora disso. Vamos fazer assim, vamos dar uma trégua. Me dá um tempo. Vai lá pra Campanário visitar os seus pais, conversa um pouco com eles. Enquanto isso eu vou fazer o mesmo, vou conversar com o meu pai e chegar a um acordo e depois a gente resolve essa situação. O que você acha? – Eu precisava ganhar tempo para que a investigação andasse.
- Você não vai me enrolar, Flávio.
- Sabrina, você não é tão burra assim. Você sabe que ficar aqui me infernizando só vai piorar as coisas e dificultar que você consiga o que quer. Me mostre boa vontade e me dê um tempo. Eu vou conversar com o meu pai e depois a gente resolve isso, se continuamos casados ou não. Vai Sabrina, eu estou sendo razoável. – Quem visse a minha calma até acreditaria nesse papo furado, mas eu só queria tempo para conseguir me livrar dela e enquanto isso mantê-la longe da Manu.
- De quanto tempo você está falando, Flávio?
- Que tal um mês?
- É muito tempo, Flávio.
- Não dá escândalo no meu trabalho. – A adverti entre os dentes. – O trato é que eu te leve ao aeroporto e vou fazer isso, mas o meu amigo vem com a gente.
- Está com medo de ficar sozinho comigo, Flávio? – Ela riu provocativa.
- Pense o que quiser. – Abri a porta de trás da viatura e a empurrei pra dentro.
- Quê isso, Flávio? Eu não vou de viatura. Flávio? – Ela tentava abrir a porta sem sucesso. Bonfim ria e entrou no banco do carona.
- Moça, não se desgaste. As portas de trás da viatura não abrem por dentro. – Bonfim falou satisfeito. – E acho bom não provocar o delegado Moreno, ele não é uma pessoa paciente. Se você começar a falar demais ele te coloca no chiqueirinho.
- Que chiqueirinho? Está maluco, meu senhor? – Sabrina estava irritada.
- Chiqueirinho, minha senhora, é a grade para presos que tem na parte de trás. Vou te dizer, não é confortável e também tem um cheiro horrível. – Bonfim estava se deliciando com a situação. Sabrina olhou para ele horrorizada.
- Escuta o Bonfim, Sabrina. Eu não tenho paciência com chiliques e você sabe disso. – Avisei e dei partida.
E ela foi até o hotel falando e reclamando como uma matraca. Depois de mais de uma hora de espera no saguão do hotel a Sabrina finalmente apareceu com quatro malas enormes. Eu não entendia pra quê aquilo. Mas pelo menos ela iria sem reclamar, ou quase sem reclamar, pois ela começou um chilique sobre as malas enquanto eu as colocava no chiqueirinho da viatura.
- Não estraga as minhas malas, Flávio. – Sabrina gritava e gesticulava, andando entre as malas e a viatura.
- Sabrina, vem. – A peguei pelo braço e fiz entrar na viatura. – agora fica quieta ou você vai lá atrás e as suas malas no banco.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Chefe irresistível: sucumbindo ao seu toque
Está sempre a dar erro. Não desbloqueia os capitulos e ainda retira as moedas.😤...
Infelizmente são mais as vezes que dá erro, que outra coisa......