“Flávio”
Eu tinha quase certeza de que foi o meu pai quem convenceu a Sabrina a voltar para me infernizar, mas eu queria confirmar, eu precisava chegar ao ponto, saber o que ele estava oferecendo a ela. Obviamente ele, assim como ela, sabiam que eu jamais voltaria com ela, então por que insistir nesse assunto de casamento? Era só eu me divorciar de novo, ainda que demorasse, uma hora ou outra eu conseguiria o divórcio outra vez. Mas porque eles estavam insistindo nisso?
- Sabrina, o próprio Bonfim te disse que eu não sabia que a viatura estava infectada. – Tentei argumentar, vendo que ela estava uma fera por causa da história dos piolhos.
- Você poderia ter usado o seu carro, Flávio. – Ela esbravejou.
- Não podia. Ele estava com os dois pneus furados e eu estava esperando o borracheiro ir lá na delegacia arrumar pra mim. – Falei a primeira coisa em que pensei.
- De todo jeito, Flávio, eu mudei de idéia e estou aqui. Coloca a ninfeta pra fora porque quero me mudar logo para o nosso apartamento. – Ela falou com tanta naturalidade que qualquer um acreditaria que o apartamento era dela.
- Isso não vai acontecer. Mas eu já te disse, se aproxima dela que o seu pai vai receber uma visitinha da polícia lacrando a empresa dele. – Ameacei, mesmo sabendo que não era simples assim.
- Esquece o meu pai, Flávio, deixa ele fora disso. – Sabrina ficou lívida.
- Então deixa a Manu fora disso. – Falei com calma. – Me conta, Sabrina, de verdade, o que te fez mudar de idéia? Porque eu tenho certeza que não foi o cabelo, afinal, certamente você preferiria se manter escondida até ele crescer.
- Aconteceu que eu mudei de idéia e pronto. Amanhã vou estar com as malas na porta do nosso prédio, então se não quer que eu confronte a ninfeta, coloca ela pra fora. – Sabrina tornou a exigir.
- Já disse que não vai acontecer! – Afirmei já perdendo o humor.
- Então como vai ser, Flávio? Porque eu vou fazer um escândalo na portaria do seu prédio. – Sabrina me alertou e eu tive uma idéia. Seria o melhor a fazer. Peguei o celular e tirei uma foto dela.
- Seguinte, Sabrina, vai ter uma viatura policial na portaria do meu prédio em período integral à partir de agora e o único objetivo dela será impedir que você se aproxime da minha namorada ou que arme um escândalo. Se você se aproximar do meu prédio, eles vão prendê-la e conduzi-la a delegacia, na viatura. Aí você sabe, há o risco de você pegar piolho de novo e ter que raspar o resto do pouco cabelo que te sobrou. – Ameacei e eu tinha certeza que isso a deteria, pelo menos por enquanto.
- Flávio! – Ela me olhou chocada. – Você não faria isso.
- Acabei de fazer. Já mandei as informações para a minha equipe e eles vão cumprir minhas ordens. – Coloquei o celular no bolso da calça.
- E você vai prender a ninfeta em casa? Porque uma hora ou outra ela vai ter que sair. – Sabrina me desafiou.
- Ah, sim. Pode ficar tranquila, terá sempre uma viatura por perto e você não vai conseguir se aproximar dela. Então, só tente se quiser arriscar esses fiapos que sobraram na sua cabeça. – Falei calmamente vendo a careta de horror no rosto da Sabrina.
- Flávio, mais cedo ou mais tarde nós teremos que resolver isso. – Sabrina estava buscando uma saída.
- E nós vamos resolver. Pode ter certeza. Mas vai ser nos meus termos. E agora, você vai ser sincera comigo, vai me contar direitinho porque resolveu não cumprir o nosso combinado. – Eu estava no controle da situação agora e isso me deixava mais calmo.
- Você é louco! – Sabrina bufou. – Já disse, por sua culpa tive que cortar meu cabelo e eu não vou deixar isso barato.
- Minha culpa? Ah, para, Sabrina! Você cortou porque quis. Por que não lavou, passou um mata piolho ou qualquer coisa assim? Não precisava ter cortado o cabelo. – Cansei da pirraça dela.
- Porque eu quero e eu posso! E amanhã, até o dia acabar, eu já terei colocado a sua ninfetinha pra correr e sua polícia amada não vai conseguir me impedir. Quer apostar? – Ela estava achando que controlava a situação, mas eu não deixaria isso assim.
- Não é uma boa idéia ficar entre meu pai e eu, você pode sair disso muito mal. E eu já disse, não se aproxime dela. Os piolhos não vão ser nada perto do que pode te atingir nessa guerra. – Falando assim eu cocei a minha cabeça, sabendo do quanto a Sabrina era sugestionável. E ela coçou a própria cabeça num gesto espelhado ao meu.
- Por que você está coçando a cabeça? – Ela perguntou alarmada.
- Porque eu também andei naquela viatura. Talvez esteja com piolhos, se for assim, meu carro e meu apartamento também estão infestados... – Cocei mais uma vez o topo da minha cabeça.
- Sai daqui, Flávio! Sai daqui! Vai raspar esse cabelo e só volta quando não tiver nem mais uma mísera chance de ter piolhos em você! E manda desinfetar sua casa e seu carro rápido. – Sabrina estava quase chorando.
- Isso pode levar tempo, Sabrina, pelo que eu sei, vou ter que ir ao médico, tomar um remédio e ficar em quarentena para não disseminar essa contaminação. A minha pode ser mais severa que a sua, né, já que eu andei mais tempo na viatura que você. – Era aqui que eu ganhava tempo.
- Quanto tempo de quarentena? – Ela já estava de pé atrás da poltrona onde havia se sentado, já tomando distância de mim.
- Acho que quarentena são quarenta dias. – Respondi e cocei mais uma vez.
- Vai embora, Flávio. Eu te ligo. Agora some de perto de mim. – Ela quase implorou e saiu correndo em direção ao elevador.
- Tudo bem, já que você insiste. – Respondi, satisfeito, para mim mesmo, já que ela não podia mais me ouvir, pois já estava entrando no elevador enquanto coçava a cabeça.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Chefe irresistível: sucumbindo ao seu toque
Está sempre a dar erro. Não desbloqueia os capitulos e ainda retira as moedas.😤...
Infelizmente são mais as vezes que dá erro, que outra coisa......