“Flávio”
Quando o delegado pisou na praça eu fiquei alerta. Eu já imaginava que a mulher fosse chamá-lo. Ele chegou para salvar a Rita da humilhação pública e ele faria qualquer coisa que a mulher mandasse. Só que ele não contava que eu estava pronto para rebatê-lo. Eu havia recebido pouco antes um breve relatório enviado pelo delegado Bonfim. O secretário de segurança não gostou de saber que o delegado controlava a cidade como se ainda estivesse nos tempos do coronelismo e fez uma rápida investigação sobre o mesmo, mas que foi suficiente para saber o quanto ele estava transgredindo a lei e extrapolando a sua função.
- Ih, pronto, mais um se achando importante! – Melissa debochou e o delegado ficou roxo de raiva.
- Estão todas presas. – Quando ele deu um passo em direção a elas e fez sinal para os policiais que o acompanhavam eu interferi.
- Encosta em um único fio de cabelo delas e o secretário de segurança vai vir pessoalmente prender você por todos esses anos de prevaricação, corrupção e por agir de forma ilegal nessa cidade! – Minha voz sobressaiu a todo o burburinho que corria pela praça.
- Delegado Moreno! – Ele me olhou com desgosto. – Tem alguma prova contra mim?
- Uma só não, já tenho muitas. Mas nem é preciso, só a casa onde você mora e os carros de luxo que você e sua família ostentam já são suficientes, são incompatíveis com a sua renda e você não tem lastro financeiro para justificá-los. – Ele me olhou desconfiado. – Pois é, eu faço o meu dever de casa!
- Estou vendo! Mas é meu dever conter essa bagunça e essas mulheres estão causando um tumulto na cidade que eu tenho obrigação de proteger. – Ele ainda tentou se justificar pra mim.
- Eu já disse, não ouse encostar nelas! – Reafirmei.
- Está defendendo essas mulherzinhas que você nem sabe de onde saíram? – O delegado me provocou.
- Quem te disse que eu não sei? Você é que é mal informado. Veja bem, vou fazer as apresentações. Catarina Mellendez, Samantha Martinez, Melissa Lascuran. Percebe? Mellendez, Martinez e Lascuran? Três das maiores fortunas do país! Mas claro, você já conhece a Olívia Blanco, modelo das maiores marcas do mundo, uma estrela que pousou aqui nessa cidade para o privilégio de vocês. Então, delegado, ainda que eu não tivesse nada contra você, você vai mesmo querer comprar briga com essas famílias? Os maridos estão logo ali. – Olhei para ele que me olhava chocado.
- Mellendez, Martinez e Lascuran? – Ele perguntou e eu fiz que sim. – Que grande merda você está me arranjando, Flávio?
- São meus amigos, delegado. – O encarei.
- Olha, eu entendo que vocês estão procurando a Manuela, acho que ela está fazendo vocês de bobos, ela deve estar por aí, caindo de bêbada numa festinha com os amigos da faculdade. Mas você não precisa tornar isso um espetáculo público. – Ele me encarou como se fosse o dono da verdade.
- Seu merda! Você não tem idéia de com quem está lidando. – Avancei sobre ele, mas o Alessandro e o Rick me seguraram antes que eu pudesse acertá-lo.
- Calma, Flávio! Olha só, delegado, vai para a sua delegacia e se tranca lá, deixa que o Flávio vai encontrar a Manuela. Mas não se meta nisso e nem toque em nenhuma dessas mulheres, ou eu mesmo vou me encarregar de levar a cabo uma investigação contra o senhor. – Alessandro o encarou e ele recuou.
- Só vamos acabar com essa confusão na praça. – O delegado pediu.
- Muito bem, delegado, nós vamos deixar a sua amiguinha ir embora, mas nosso assunto com ela ainda não terminou. Talvez a gente publique tudo num jornal. – Melissa encarou o delegado e se virou para as meninas. – Vamos tropa! Ah, cidadãos, cuidado com essas pistoleiras de quinta!
E como se fosse a rainha e soberana do povo, Melissa puxou a fila e foi saindo pelo meio do povo, parando para falar com um e outro e confirmar as coisas que elas haviam dito sobre a Rita. E a medida que a Rita ia passando, tentando se desvencilhar dos curiosos ela era vaiada.
Voltamos para a casa do Camilo e ele ainda olhava as garotas com incredulidade. Elas se divertiam lembrando da cara da Rita.
- Olha, eu acho que nós deveríamos fazer um panfleto contando todas as mentiras e armações da demônia e distribuir pela cidade. – Olívia sugeriu.
- Oli, vamos deixar por menos. – Camilo riu da esposa que estava empolgada com as novas aliadas.
- Por menos nada! Eu não dei uma surra nela ainda só porque ainda não encontramos a Manu, mas aguarde, Camilo. Aguarde! – Melissa jogou os cabelos sobre o ombro.
- Sim. A senhora deve ser a dona Zefa? – Camilo respondeu.
- Sou eu. E sei bem o que vocês querem aqui. – Ela respondeu e me olhou.
- Ótimo, assim poupamos tempo! – Falei. – Onde ela está?
- Olha, tem como o senhor não contar pra ninguém que fui eu que falei? – Ela perguntou e pereceu com um certo medo.
- Fala ou eu te prendo! – Ameacei.
- Policial, eu vou falar, mas eu não quero morrer. E se ele descobrir que eu contei... – Ela realmente tinha medo de alguém.
- Ele é o Cândido? – Camilo perguntou e ela fez que sim.
- Minha senhora, só me diz onde ela está. – Eu já estava desesperado.
- Olha, ela estava aqui até agorinha mesmo. Mas o Cândido mandou o Higino levar a moça para o cartório. Ele vai se casar com ela, eu não sei como ele vai obrigá-la, porque ela falou comigo que morre mas não casa com ele e pelo que vi, aquela tal de Rita é capaz de matá-la mesmo. – Zefa falou tudo o que eu tinha mais medo de ouvir.
- Vamos para o cartório depressa. – Dei as costas e entrei no carro.
O Rick dirigiu feito um louco de volta para o centro da cidade. Eu estava torcendo para chegar a tempo. Nesse momento, eu seria capaz de matar qualquer um que se colocasse no meu caminho.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Chefe irresistível: sucumbindo ao seu toque
Está sempre a dar erro. Não desbloqueia os capitulos e ainda retira as moedas.😤...
Infelizmente são mais as vezes que dá erro, que outra coisa......