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Chefe irresistível: sucumbindo ao seu toque romance Capítulo 647

“Patrício”

Eu saí da empresa com o Flávio e decidi ir pra casa. Eu estava com a cabeça cheia de coisas sobre a Lisandra e eu não gostava que ela voltasse a assombrar meus pensamentos. Sim, ela já assombrou os meus pensamentos por muito tempo antes.

Desde que a Lisandra nasceu eu sentia uma coisa muito esquisita em relação a ela, era algo que eu não conseguia explicar. E eu não queria remexer nesses sentimentos estranhos e contraditórios.

Eu tinha oito anos quando a Lisandra nasceu e ela era um bebê lindo, eu ainda me lembro disso. Logo que eu a vi pela primeira vez eu fiquei encantado com ela e eu me apeguei. Ela foi uma criança encantadora, cheia de sorrisos e muito carinhosa. E ela grudou em mim, parecia tão encantada por mim como eu por ela, como se algo muito especial nos aproximasse. Eu me sentia como um dos guardiões dela, como se devesse protegê-la.

Mas a medida que eu fui ficando adolescente, eu me afastei dela e comecei a achá-la irritante, pois ela continuava grudada em mim e eu não sabia lidar com isso. É difícil ter quinze anos e uma pirralha de sete te seguir para todo lado como se fosse uma sombra. Principalmente depois que a garota que você está afim tira onda com a sua cara por causa disso.

Foi numa tarde de sábado na casa do Flávio. Eu era muito afim de uma garota que mais tarde se revelou um ser humano desprezível. Não, na verdade, não foi mais tarde, ela já mostrava quem era, mas ninguém percebia. Eu estava interessado nela, ela andava sempre com a gente, mas ela não dava a mínima pra mim, ela tinha um objetivo no grupo, o interesse dela era no Flávio, que a via apenas como amiga.

Naquele sábado eu tinha decidido falar com ela, dizer que eu estava interessado, mas a Lisandra ficou o tempo todo atrás de mim. Aí essa garota debochou de mim, junto com as suas três amigas, que também estavam lá, e ficaram me chamando de babá e me tratando como um serviçal delas, me excluindo do grupo, com piadinhas sem graça e comentários humilhantes, sem que o Flávio visse.

Eu fiquei irritado e magoado e descontei na Lisandra. Foi a primeira vez que eu gritei com ela. Eu saí da piscina e fui arrumar as minhas coisas para ir embora, já tinha sido humilhado demais, a Lisandra veio atrás de mim e eu descarreguei toda a minha raiva nela. Ela era só uma criança e eu a culpei por tudo aquilo.

Depois disso eu evitava a casa do Flávio se aquela garota estivesse lá e quando ia tentava me livrar da Lisandra de todo jeito. A Lisandra foi percebendo e se afastando, mas estava sempre pairando por perto e quando percebia que eu a via fugia e se escondia, foi por isso que eu passei a chamá-la de bicho do mato.

O meu interesse por aquela garota da piscina acabou naquele dia, e depois eu comecei a perceber como ela era horrível e má e se desfazia das pessoas. Mas o Flávio se envolveu com ela um tempo depois. Ele nunca soube que eu cheguei a me interessar por ela. Nunca soube o que aconteceu na casa dele.

Eu bebi, bebi demais, fiquei muito bêbado e antes de ir embora, sentindo a culpa me corroer, decidi ir ao quarto da Lisandra para ver como ela estava e pedir desculpa. Bati à porta e a enfermeira abriu e me deixou entrar, ela tinha me visto quando chegou e disse que iria até a cozinha buscar água. Eu entrei e vi a Lisandra sentada numa poltrona olhando pela janela. Ela tinha tirado o vestido, usava um pijama lilás de bolinhas brancas, calça e camiseta. Ela estava sentada com as pernas dobradas e os joelhos junto ao peito. Ela observava a festa pela janela.

Eu me aproximei, seu rosto estava menos inchado e a luz refletida nele a fazia brilhar, mas ela ainda estava chorando. Eu não sei o que me deu, meus olhos estavam enevoados pelo álcool e eu não estava pensando direito. Eu simplesmente pedi que ela me desculpasse pela grosseria e ela me abraçou, ela pulou em mim e se agarrou ao meu pescoço, chorando. Eu afaguei o seu cabelo, senti o seu cheiro, o mesmo cheiro que eu senti hoje, ambarado e amadeirado, e eu não sei como e nem porque, mas eu a beijei, eu beijei aquela garota, uma garota de quinze anos. Eu, um rapaz de vinte e três, beijei uma garota de quinze.

Quando me dei conta do que estava fazendo eu me afastei como se tivesse levado um choque elétrico. E joguei toda a culpa nela, como se ela tivesse me agarrado. Eu perguntei o que ela pensava que estava fazendo e disse que se a mãe dela soubesse como ela se comportava a trancaria no colégio interno. Eu saí daquele quarto como se fugisse da fogueira. No dia seguinte eu fui até a casa dos pais dela procurá-la, queria me desculpar pelo meu comportamento idiota, mas ela tinha ido embora, ela tinha voltado para o colégio interno e eu não a vi mais.

Eu enterrei aquilo tudo no fundo da minha mente, junto com todas as contradições que eu sentia sobre aquela garota. Eu enterrei todos os pensamentos e as lembranças sobre ela e nunca mais me permiti pensar naquela garota. Até hoje!

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