“Lisandra”
Eu fui para o apartamento me sentindo a estranha no ninho. Eu estava me sentindo tão fora de contexto naquela empresa e quando entrei no apartamento me senti fora de contexto ali também. Não parecia mais o lugar confortável onde eu me senti em casa. Olhei ao redor me sentindo magoada e sobrecarregada.
O Patrício sempre disse que eu ficava me metendo em tudo e desde que ele chegou essa manhã eu me sentia exatamente assim, uma intrometida. Talvez eu devesse procurar um novo emprego. E talvez eu devesse ter aceitado o apartamento que o meu pai me ofereceu, mas eu queria ter o mínimo de coisas dadas por ele, queria provar que poderia me virar bem sozinha e que poderia crescer por meus próprios méritos, nem o carro que ele queria me dar eu aceitei.
Por enquanto estava muito confortável pra mim, pois o Flávio sempre levava a Manu para o trabalho e eu pegava uma carona, e quando ele não levava, nós usávamos o carro dela.
Hoje nós usamos o carro dela, e eu voltei para casa de metrô, o que eu achei bom, gostei da experiência e percebi que não vai ser fácil me locomover até o trabalho. Mas aí tinha um outro detalhe, eu precisava arrumar um lugar pra morar, pois o meu irmão e a Manu iriam se mudar e eu não ia me mudar com eles, isso eu já sabia, eles começariam a vida de casados e não precisavam de uma intrusa por perto.
E aí, para comprovar que eu realmente era uma intrusa ali, teve o fato de que eles se reuniriam para celebrar a volta do Patrício e eu não fui convidada. Claro que não fui, o Patrício não gostava de mim e eu fui recebida no grupo só por ser irmã do Flávio e eu era grata por serem todos tão gentis comigo. Mas o Patrício tinha razão, eu era uma intrometida, estava na hora de procurar o meu próprio lugar no mundo e parar de seguir o meu irmão.
Eu estava me sentindo tão mal! Pensei em ligar para o PH e chamá-lo para sair, mas aí pensei que estava sendo intrometida de novo, pois ele era amigo da Manu na verdade e eu meio que grudei nele. É, por menos que eu gostasse de admitir, o Patrício estava certo, eu era uma intrometida.
Fui para o meu quarto, tomei um banho longo, nem sei por quanto tempo fiquei debaixo daquele chuveiro, e deixei o choro que eu estava segurando finalmente sair. Chorei como uma criança debaixo daquele chuveiro. Quando senti que já não podia chorar mais eu saí dali e a minha convicção de que eu não pediria demissão já estava abalada. Sentei em minha cama e abri o notebook, comecei a pesquisar agências para enviar o meu currículo, eu conversaria com o Patrício e sairia do Grupo Mellendez, nós iríamos apenas nos maltratar se eu continuasse lá e nenhum de nós precisava disso.
No meio disso eu pensei que talvez o meu lugar não fosse aqui em Porto Paraíso, talvez eu devesse voltar para a Alemanha. Eu havia feito uma especialização lá e trabalhei numa empresa grande, antes de voltar para a casa dos meus pais, e quando saí o meu chefe disse que as portas estariam sempre abertas pra mim. Talvez eu devesse pensar em contatá-lo, talvez a Alemanha fosse o meu lugar.
Eu fechei o computador com essa idéia em mente, pensaria bastante e tomaria uma decisão, mas, de qualquer forma, eu precisava sair do apartamento do meu irmão e precisava de um emprego novo.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Chefe irresistível: sucumbindo ao seu toque
Está sempre a dar erro. Não desbloqueia os capitulos e ainda retira as moedas.😤...
Infelizmente são mais as vezes que dá erro, que outra coisa......