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Chefe irresistível: sucumbindo ao seu toque romance Capítulo 648

“Lisandra”

Eu fui para o apartamento me sentindo a estranha no ninho. Eu estava me sentindo tão fora de contexto naquela empresa e quando entrei no apartamento me senti fora de contexto ali também. Não parecia mais o lugar confortável onde eu me senti em casa. Olhei ao redor me sentindo magoada e sobrecarregada.

O Patrício sempre disse que eu ficava me metendo em tudo e desde que ele chegou essa manhã eu me sentia exatamente assim, uma intrometida. Talvez eu devesse procurar um novo emprego. E talvez eu devesse ter aceitado o apartamento que o meu pai me ofereceu, mas eu queria ter o mínimo de coisas dadas por ele, queria provar que poderia me virar bem sozinha e que poderia crescer por meus próprios méritos, nem o carro que ele queria me dar eu aceitei.

Por enquanto estava muito confortável pra mim, pois o Flávio sempre levava a Manu para o trabalho e eu pegava uma carona, e quando ele não levava, nós usávamos o carro dela.

Hoje nós usamos o carro dela, e eu voltei para casa de metrô, o que eu achei bom, gostei da experiência e percebi que não vai ser fácil me locomover até o trabalho. Mas aí tinha um outro detalhe, eu precisava arrumar um lugar pra morar, pois o meu irmão e a Manu iriam se mudar e eu não ia me mudar com eles, isso eu já sabia, eles começariam a vida de casados e não precisavam de uma intrusa por perto.

E aí, para comprovar que eu realmente era uma intrusa ali, teve o fato de que eles se reuniriam para celebrar a volta do Patrício e eu não fui convidada. Claro que não fui, o Patrício não gostava de mim e eu fui recebida no grupo só por ser irmã do Flávio e eu era grata por serem todos tão gentis comigo. Mas o Patrício tinha razão, eu era uma intrometida, estava na hora de procurar o meu próprio lugar no mundo e parar de seguir o meu irmão.

Eu estava me sentindo tão mal! Pensei em ligar para o PH e chamá-lo para sair, mas aí pensei que estava sendo intrometida de novo, pois ele era amigo da Manu na verdade e eu meio que grudei nele. É, por menos que eu gostasse de admitir, o Patrício estava certo, eu era uma intrometida.

Fui para o meu quarto, tomei um banho longo, nem sei por quanto tempo fiquei debaixo daquele chuveiro, e deixei o choro que eu estava segurando finalmente sair. Chorei como uma criança debaixo daquele chuveiro. Quando senti que já não podia chorar mais eu saí dali e a minha convicção de que eu não pediria demissão já estava abalada. Sentei em minha cama e abri o notebook, comecei a pesquisar agências para enviar o meu currículo, eu conversaria com o Patrício e sairia do Grupo Mellendez, nós iríamos apenas nos maltratar se eu continuasse lá e nenhum de nós precisava disso.

No meio disso eu pensei que talvez o meu lugar não fosse aqui em Porto Paraíso, talvez eu devesse voltar para a Alemanha. Eu havia feito uma especialização lá e trabalhei numa empresa grande, antes de voltar para a casa dos meus pais, e quando saí o meu chefe disse que as portas estariam sempre abertas pra mim. Talvez eu devesse pensar em contatá-lo, talvez a Alemanha fosse o meu lugar.

Eu fechei o computador com essa idéia em mente, pensaria bastante e tomaria uma decisão, mas, de qualquer forma, eu precisava sair do apartamento do meu irmão e precisava de um emprego novo.

O pior é que eu ainda me lembro da primeira vez que ele gritou comigo e que foi um estúpido. Eu tinha sete anos. Mas eu não fiquei chateada com ele, eu estava com raiva da Sabrina, pois eu sabia que ele gritou comigo por culpa dela. Eu vi tudo o que aconteceu naquela tarde, na piscina da minha casa, vi a Sabrina e as amiguinhas dela serem más com ele e eu não podia fazer nada. Mesmo assim eu fiz, coloquei uma lagartixa nela e minha mãe me deixou de castigo por uma semana, mas valeu a pena. Desde esse dia eu detestava a Sabrina, foi por culpa dela que ele não gostava de mim!

Mas o fato é que eu adorava o chão que o Patrício pisava, mesmo ele sendo horrível comigo em cada oportunidade. Depois daquele dia na piscina ele passou a me afastar e a implicar cada vez mais comigo e eu passei a observá-lo de longe. Acontece que eu não consigo esquecê-lo e já tentei muito, já fiz até terapia, quando os sonhos ficaram piores e eu passei a falar dormindo. E também cometi a grande burrice de ter um namorado e perder a minha virgindade com ele, foi horrível e cada vez que eu ia pra cama com ele era horrível, até o dia em que eu bebi muito e o chamei de Patrício, aí ele terminou comigo. E, quer saber, mesmo os beijos que eu dei ao longo da vida, foram todos sem graça perto daquele beijo furtivo que o Patrício me deu no meu quarto.

Eu já tinha me conformado que eu nunca conseguiria esquecê-lo, então romance não existia na minha vida. Meu foco passou a ser construir uma carreira e me casar com ela. Mas parece que nem nisso eu conseguia me encontrar.

Eu vaguei pelos meus pensamentos turbulentos até pegar no sono. Acordei de madrugada com mais um pesadelo com o Patrício, um em que estávamos no meu quarto e ele gritava comigo. Esse era muito recorrente. Felizmente o quarto do meu irmão e da Manu era do outro lado do corredor e eles não podiam me ouvir. Mas eu não dormi de novo, passei o resto da noite em claro.

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