“Patrício”
Eu acordei essa manhã pensando no que fazer para me entender com a Lisandra. Meus amigos tinham razão, eu precisava deixar de tratá-la como se ela fosse uma menina, pois ela não era mais e isso ficou bem claro pra mim ontem quando eu a vi. Aquela menininha adorável se tornou uma mulher estonteante, como uma deusa que espalha seu feitiço e cega os homens de amor por ela. No entanto, eu sabia que não poderia ser um desses homens e talvez por isso estivesse tentando manter viva a imagem da garotinha em minha mente.
Não, eu não podia olhar a Lisandra como mulher, isso seria uma catástrofe, pois eu certamente iria me encantar por ela e ela era proibida pra mim. Ela não podia ser simplesmente uma conquista ou passatempo. Ela era irmã de um dos meus melhores amigos e eu a vi nascer, eu a segurei no colo quando ela era só um bebê. Mas agora, parece que ela nunca foi aquele bebê de que me lembro.
De toda sorte, eu estava decidido, teria que me acertar com a Lisandra para o bem da paz coletiva e para a minha própria. Mas eu estava distraído, a imagem dela não queria sair da minha cabeça. Eu sonhei com ela a noite inteira, sonhos proibidos e impossíveis. Sonhei que eu a beijava no meu escritório, sonhei que abria cada um dos botões daquela camisa cor de rosa que ela estava usando e revelava o sutiã de renda branca que eu entrevi só um relance. Sonhei com aquelas pernas em volta da minha cintura e as mãos delicadas no meu rosto. Eu sonhei, sonhei demais e não poderia sequer ter sonhado.
E foi assim, todo distraído que eu me arrumei para o trabalho nessa manhã, e eu só me dei conta da roupa que vesti quando encontrei o Rick no elevador da empresa e ele disse qualquer coisa sobre a Lisandra estar lançando moda. Eu tinha espelhado as cores que ela usava no dia anterior, até a minha cueca era branca.
Passei pela mesa dela, mas ela não estava lá, vi a bolsa, com o xale amarrado na alça exatamente como eu tinha feito no dia anterior, o que me deixou estranhamente feliz, e imaginei que tivesse ido até a copa. Eu esperaria que ela voltasse. Entrei e liguei o computador e a primeira coisa que vi foi um e-mail dela, eu li, reli, e não acreditei. Não era possível que ela sairia correndo mais uma vez. Achei que ela estivesse mais do que disposta a me perturbar até eu demiti-la, coisa que eu nunca faria, mas foi o que eu entendi pelo que ela disse ontem. Mas se ela pensou que eu facilitaria as coisas pra ela, estava muito enganada. Ela não iria embora.
Me levantei e caminhei até a porta da minha sala, que eu abri furioso. Ela estava em sua mesa e o Rick e a Manu estavam diante dela. Eu sequer a encarei, estava com raiva, de novo.
- Srta Lisandra, na minha sala agora! – Falei e voltei para a minha sala.
Ouvi a porta ser fechada atrás de mim, caminhei até a minha mesa e me sentei, só então a encarando e percebendo as imensas olheiras sob os olhos dela e o aspecto de cansaço em seu rosto.
- Pois não, Sr. Guzman. – Ela falou com a voz cansada, nada daquele jeito controlado e altivo que eu vi ontem. A voz dela traduzia todas as emoções que sentia, ontem eu sabia exatamente que ela estava com raiva, soube quando ela estava me provocando, mas agora ela só parecia cansada.
- Sente-se! – Ela não questionou, se sentou de frente pra mim, com a postura de uma secretária eficiente, as mãos juntas sobre o colo e os tornozelos finos e delicados entrelaçados. – O que está acontecendo? – Eu controlei a minha voz, para não parecer um homem das cavernas.
Confesso que o seu jeito me abrandou e me preocupou um pouco. Ela me encarou, como se em sua mente passassem milhares de coisas e ela pensasse se compartilharia comigo ou não.
- A que o senhor se refere? – Ela me olhava com aquela expressão cansada.
- Ao e-mail que você me enviou hoje. – Me curvei sobre a mesa para encará-la.
- Eu ia. – Ela suspirou. – Mas você sempre me disse uma coisa, uma coisa que me fez repensar, e talvez você tenha razão.
- Ah, agora é minha culpa! – Ela baixou os olhos, eu tentei me controlar, mas era quase impossível. – Qual foi a merda que eu disse? – Eu já estava sem paciência, parecia que o passado tinha mandado a Lisandra para me cobrar todas as idiotices que eu fiz na vida.
- Você sempre disse que eu fico me metendo em tudo, sendo intrusiva. Você já me disse, mais de uma vez, que eu deveria procurar o meu lugar ao invés de ficar tentando me impor na vida do Flávio. E finalmente eu cheguei a conclusão de que você sempre esteve certo. – Ela não podia estar falando sério, essas coisas que eu dizia pra ela eram ridículas e eram apenas para afastá-la de mim.
- Você dormiu bem essa noite, Lisandra? – Perguntei e ela me olhou surpresa.
- Não creio que o meu sono seja... – Nem deixei terminar o que ia dizer, eu podia imaginar.
- Nem termine! – Percebi que ela estava prestes a começar a chorar. O que eu ia fazer? – Você não vai se demitir. Eu...
Eu estava prestes a pedir desculpas e nesse momento eu fui interrompido, a porta da minha sala foi aberta e minha mãe entrou como um furacão.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Chefe irresistível: sucumbindo ao seu toque
Que lindo esse livro. Estou aqui chorando novamente. Muito emocionante...
Amei saber que terá o livro 2. 😍...
Que livro lindo e perfeito. Estou amando e totalmente viciada nesse livro. Eu choro, dou risadas, grito. Parabéns autora, é perfeito esse livro 😍...
Está sempre a dar erro. Não desbloqueia os capitulos e ainda retira as moedas.😤...
Infelizmente são mais as vezes que dá erro, que outra coisa......