“Virgínia”
Acordei com uma grande dor de cabeça, mas ela iria piorar, pois a Taís estava sentada em minha frente com cara de poucos amigos.
- A bela adormecida acordou! – Ela falou em um tom beligerante.
- Bom dia pra você também. – Respondi e me sentei na cama.
- Posso saber por onde você andou ontem? Eu saí de manhã para ir falar com o advogado e quando eu voltei você não estava. – Ela perguntou em tom de reclamação.
- Eu saí e quando eu voltei você não estava! Aí eu saí de novo. – Respondi no mesmo tom.
- Eu fui te procurar. – Ela reclamou. – Onde você foi? O que aconteceu? Porque alguma coisa aconteceu, você chegou e se enfiou na cama e não deu uma palavra.
- E você vai me controlar agora? – Eu estava cansada da Taís estar sempre querendo saber tudo o que eu fazia.
- Eu me preocupo com você, Vivi! – Ela abrandou o tom de voz.
- Eu fui ao clube. Encontrei o Patrício lá. Mas ele me desprezou de novo. – Falei com tristeza.
- Vivi, nós fizemos um acordo, eu sei, mas as coisas por aqui mudaram, é melhor esquecer isso e voltar. – A Taís já havia sugerido isso antes, mas eu não queria, eu queria a minha vida de volta, a vida que eu joguei fora e agora nem eu mesma entendia o porquê.
- Taís, não! Eu não vou embora! Ir embora foi um erro! – Eu elevei a voz.
- Não, Vivi, não foi um erro! Nós éramos felizes, muito felizes, até que... – Ela parecia triste sempre que falava sobre isso.
- Até que eu não quis mais aquilo. – Respondi.
- É, pois é, você fodeu com tudo! O Igor nos dava tudo o que queríamos, mas você resolveu que não queria mais ser um trisal e ele estava pronto para me descartar. – A Taís falou num tom de mágoa e começou a chorar, era sempre assim. – Você queria ficar com ele só pra você, não é? Você queria me abandonar?
- Não começa, Taís! – Eu gritei. – Olha, eu estou cansada. Nós combinamos que voltaríamos e que eu voltaria para o Patrício e manteria você conosco, como minha amiga apenas.
- MAS EU NÃO QUERO SER SUA AMIGA APENAS! – Ela gritou e suas palavras retumbaram pelo quarto. Era a primeira vez que ela me dizia isso.
- O que você está dizendo? – Eu perguntei surpresa.
- Eu te mostrei como poderia ser bom ficar comigo. E você gostou muito, porque o Igor é mesmo muito bom na cama. Eu odiava que vocês se encontrassem sozinhos, mas eu tinha que deixar você se afundar para que percebesse que a minha mão estava ali para segurar você, só a minha. Quando eu fui embora eu tinha certeza de que não ia demorar para você ir também e eu continuei te ligando e enchendo a sua cabeça. – Ela riu satisfeita e eu queria matá-la.
- O Rick nunca te maltratou, não é? – Perguntei, me lembrando que ela havia me dito que o Rick a maltratava e que quando foi atrás dela a agrediu. E eu acreditei.
- O Rick? Ele é tão gentil e carinhoso quanto o seu adorado Patrício. O Rick é um cavalheiro. E sempre me amou, sempre fez tudo o que eu quis. – Ela me encarou e eu estava chocada com o que ela dizia.
- Você me disse que o Patrício se tornaria agressivo como o Rick. Você me fez ter medo dele. – Eu olhava para ela sem acreditar no quanto eu me deixei enganar.
- Foi, não foi?! – Ela ria. – Ai, Vivi, o seu problema é esse, você acredita nas pessoas e você é uma tremenda ‘Maria vai com as outras’. Eu fui plantando sementes, dizia que o Rick era agressivo, que o Patrício era como ele, que o casamento era uma prisão, que as garotas estavam nos deixando de lado... e você ia acreditando em tudo. Aliás, te afastar daquelas quatro foi fundamental para que eu conseguisse te manipular.
- Você não presta, Taís! – Eu me levantei atordoada e com as mãos na cabeça.
- E você presta menos que eu, porque eu plantei a idéia, mas não te obriguei a nada. Você traiu o Patrício porque quis, e depois que eu fui embora continuou o traindo por aí sem que eu precisasse dizer nada. E você abandonou o Patrício porque quis. – A Taís estava falando uma verdade muito dolorosa.
Eu me dei conta que eu havia me tornado uma mulherzinha da pior espécie. De repente, já não passava pela minha cabeça que eu fui usada pelas pessoas, mas eu me dei conta de que eu me tornei exatamente o que o meu pai disse que eu era quando brigou comigo, uma piranha que não valia nada. Essa verdade me fez ver o quanto eu era horrível.
Eu havia me negado a confrontar a verdade e achava que só eu estava certa, eu achei que se tratava de liberdade sexual e que a minha família estava sendo antiquada, mas na verdade, o que eu percebi naquele momento, é que eu tinha uma grande falha de caráter. E como eu percebi isso? Eu percebi porque eu estava no fundo do poço e me dei conta de que havia me tornado tudo o que eu mais desprezava na vida. Para quantas mulheres eu já havia apontado o dedo antes? Quantas eu havia julgado? Mas ali estava eu, sob um teto de cristal que estava se despedaçando.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Chefe irresistível: sucumbindo ao seu toque
Amei saber que terá o livro 2. 😍...
Que livro lindo e perfeito. Estou amando e totalmente viciada nesse livro. Eu choro, dou risadas, grito. Parabéns autora, é perfeito esse livro 😍...
Está sempre a dar erro. Não desbloqueia os capitulos e ainda retira as moedas.😤...
Infelizmente são mais as vezes que dá erro, que outra coisa......