Chefe irresistível: sucumbindo ao seu toque romance Capítulo 895

“Melissa”

Eu estava no pátio da delegacia com o Bonfim, esperando o Flávio voltar, enquanto me divertia com as histórias do Bonfim aterrorizando o namoradinho da filha mais velha.

- Veja bem, chefona, a menina nem saiu das fraldas e já está namorando! – O Bonfim reclamava como o pai bem ciumento que era.

- Bonfim, não seja falso, você sabe que namorar é muito bom. Ela já é uma moça, está na hora de descobrir os garotos. – Ele me olhou com desgosto, me fazendo rir da sua expressão de sofrimento.

- Descobrir os garotos? Ela precisa descobrir o que quer fazer da vida, primeiro. – Ele bufou.

- Ela já descobriu que quer namorar. – Eu ri, mas um carro que estacionou ali no pátio chamou a minha atenção, não pelo carro, mas pela pessoa que saiu dele. Logo em seguida as viaturas do Flávio entraram ali também. – Bonfim, está vendo o advogado?

- Ele não é o que veio aqui como advogado da filhinha de papai que agrediu a Anabel? – O Bonfim ajeitou os óculos e olhou bem para o tipo.

- Ele mesmo. O que será que ele quer aqui justo hoje? – Aquilo era muita coincidência. Eu mandei uma mensagem para o Flávio na hora, era melhor que ele se preparasse.

- Vamos lá descobrir, chefona! – O Bonfim chamou e nós caminhamos em direção à recepção. – Boa tarde, doutor, em que posso ser útil? – O Bonfim cercou o advogado e eu fiquei um pouco mais atrás só escutando.

- Boa tarde, policial, eu vim porque soube que um cliente foi trazido pra cá. – O advogado informou.

- E qual seria o nome do seu cliente? – O Bonfim perguntou por perguntar, aquilo era uma raposa velha e sabia bem o que aquele advogado queria ali. Até eu sabia!

- Vladimir de Lima. Creio que acabou de chegar. Posso falar com ele? – Ele pediu polidamente.

O Advogado parecia muito sério, devia ter uns cinquenta e poucos anos, usava uns óculos sem armação que combinavam bem com seu rosto largo. Mas era óbvio que pintava os cabelos e não sabia escolher o tom correto da coloração, pois o cabelo estava mais para acobreado do que para preto e também ele tinha duas entradas enormes, que anunciavam uma não tão longínqua calvície.

- Vou verificar... doutor? – O Bonfim perguntou. Mas era um artista, fingindo que não se lembrava do advogado.

- Isidoro Duarte! Aqui o meu cartão. – O Advogado tirou um cartão do bolso do terno e o entregou ao Bonfim. – Dr. Isidoro, pode me emprestar a sua identificação também? Sabe como é, nos dias de hoje precisamos verificar tudo, com tantos falsários à solta, milhares se fingindo de advogados, médicos e até delegados, não é mesmo?! – O Bonfim abriu um sorriso grande, se fazendo de gentil, estava era atrasando o homem, dando tempo ao Flávio. Boba era eu, minha gente!

- Claro... policial? – O advogado resolveu entrar no jogo.

- Ah, claro, permita me apresentar. Eu sou o Delegado Bonfim, ao seu inteiro dispor! – O Bonfim tirou a carteira funcional do bolso e apresentou ao advogado.

- Ah, me desculpe delegado, é que eu estive aqui outro dia e não o vi. – Os dois estavam ali no balcão no maior “chá e simpatia” e eu sabia que o Flávio já estava correndo com o nerdzinho.

- É mesmo? Então já conhece o nosso humilde estabelecimento. Algum caso interessante? – Gente, eu estava impressionada com a cara de pau do Bonfim.

- Ah, nada demais, apenas uma briga entre irmãs que acabou indo longe demais. Mas o seu colega, o delegado Moreno, levou tudo muito à sério, talvez falte ao jovem a sua expertise, delegado, a experiência dos anos. – Aquele homem ia mesmo tentar sacanear o Flávio?

- Ah, sim. Essa nova geração de delegados não tem ainda a expertise, doutor, mas tem uma qualidade interessante, eles seguem a lei. E como nós aprendemos, a lei é dura, mas é a lei! – O Bonfim deu um sorriso tão grande que quem não soubesse o que acontecia ali, pensaria que ele estava encantado em trocar amenidades com o advogado.

- É, mas no caso, não precisava indiciar a jovem por tentativa de homicídio. – O advogado lamentou.

- Ah, meu caro, sei que caso foi esse, mas tenho certeza que o senhor terá habilidade suficiente para manejar as coisas junto ao tribunal. – O Bonfim estava massageando o ego do doutorzinho que já tinha se esquecido o que foi fazer ali.

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