Chefe irresistível: sucumbindo ao seu toque romance Capítulo 923

“Ricardo”

Eu fiquei tão inculcado com a conversa sussurrada da Anabel com a Melissa que eu quase não dormi e eu percebi que eu ainda tinha um medo quase irracional de ser traído de novo, irracional porque a Anabel não era a Taís, não era como ela em nada. Mas eu ainda tinha medo. Talvez eu devesse falar com a Melissa.

- Você tem certeza de que está bem, Rick? Estou te achando tão quieto. – A Anabel perguntou pela terceira vez desde que saímos de casa.

- Sim, estou bem. Só um pouco cansado, o fim de semana foi agitado, acho que estou ficando velho. – Eu comentei e tentei sorrir.

- Um velho muito lindo e gostoso. – Ela sussurrou no meu ouvido. – Prometo que passaremos o próximo final de semana na cama.

- E todas as noites durante a semana? – Eu brinquei.

- Nós dois, a cama e um filme antigo para cada dia da semana. – Ela me deu um beijo e desceu no seu andar. Sua proposta me pareceu perfeita.

Eu havia acabado de me sentar quando o Alencar entrou em minha sala, com uma expressão feliz e despreocupada.

- Anime-se rapaz, esse é o seu reino! – Ele brincou, me fazendo rir.

- Tecnicamente ainda é seu. – Eu devolvi e ele se sentou diante de mim.

- Não, eu já passei o bastão, só vou ficar por aqui te dando uma ajuda até você se livrar daquela praga chamada Leonel. – O Alencar tinha concordado em ficar mais um pouco, pois com tanta coisa acontecendo eu teria que me ausentar alguns dias do escritório, como no dia da audiência da Anabel sobre a paternidade.

- Nem me lembre! Acredita que ele me procurou no sábado? Nem te contei ontem lá em casa. – Me lembrei da visita inoportuna do Leonel.

- Aliás, uma bela casa, meus parabéns! Tenho certeza de que você será muito feliz lá. – Seus votos me fizeram sorrir, eu também esperava por isso. – Me conta, o que o Leonel queria com você?

- Que eu convencesse a Anabel a parar com o processo da paternidade. Disse que já houve muito escândalo, que seria melhor que ela deixasse quieto. – Expliquei resumidamente.

- Ele decidiu ser pai de verdade? – O Alencar riu sem acreditar.

- Longe disso! Ele tem uma certeza inabalável de que ela não é filha dele. Se surpreendeu por eu te conhecer e saber da armadilha que te separou da Antônia. E insistiu que foi traído. – Eu contei.

- Nossa, mas ele não se cansa? – O Alencar detestava mesmo o Leonel, mas eu entendia que ele tinha motivos.

- É, mas ele está convicto. Eu o ouvi e ele tem uma certeza inabalável da traição e de que a Anabel não é filha dele. – Eu comentei, me lembrando da impressão que tive quando falei com o Leonel.

- Mas de onde ele tirou tanta certeza? – O Alencar ficou tão cismado quanto eu.

- Não sei. – Dei de ombros. – Ele me mandou ouvir o outro lado da história e eu disse que não acreditaria nele. Mas ele me mandou ouvir a versão de quem o ajudou na armaldilha para te separar da Antônia e...

- Espera, espera. Ele mandou você falar com a minha ex mulher? – O Alencar se inclinou sobre a mesa. – Mas o que ela tem com isso?

- Ih, Alencar, agora que você falou foi que eu me toquei, a sua ex foi quem ajudou na armadilha que te separou da Antônia. – Eu me lembrei. – Será que ela sabe alguma coisa sobre essa história, sobre de onde ele tirou a certeza de que a Antônia e você...

- Não sei, Rick, eu achava que depois que nos casamos ela não tivesse tido mais contato com ele, mas agora, com o que você está dizendo, eu não posso garantir. Mas nós podemos falar com ela. – O Alencar sugeriu.

- Podemos? – Eu o encarei e ele fez que sim.

- Não, não é. Mas por que ele pensa que é? – O Alencar insistiu.

- Porque o interesse nisso agora? Pra quê ressuscitar essa defunta que já foi tarde? – Essa mulher ainda odiava a mãe da Anabel, mesmo já tendo conseguido o que queria, mesmo a outra já tendo morrido, mesmo depois de tanto tempo.

- Isso não é da sua conta. Acho melhor responder ou eu vou ligar para as minhas filhas e... – O Alencar não precisou terminar a frase.

- Eu respondo! – A Márcia estalou a língua irritada. – Você é um chato, Alencar, sempre foi. O Isidoro, seu advogado, ele me contou que você e a Antônia estavam se encontrando às escondidas e que ela estava grávida de um filho seu. Ele disse que vocês estavam planejando fugir juntos. Você ia me deixar, seu estúpido! Com duas crianças. O que você queria que eu fizesse? Eu contei tudo para o Leonel e ele se encarregou de separar vocês dois.

- Você está me dizendo que o Isidoro inventou essa história e você acreditou? E ainda contou tudo para o Leonel? E nunca passou pela sua cabeça me perguntar nada? – O Alencar se levantou e encarou a mulher.

- Como eu disse, o que você queria que eu fizesse? Com as suas filhas pequenas. E pra quê eu te perguntaria? Você negaria, com toda certeza você negaria. – Aquela mulher era tão cega quanto o Leonel, ela acreditava naquela mentira.

- Por que o Isidoro fez isso? Por que ele te contou isso? – O Alencar encarava a mulher com raiva.

- Isso você tem que perguntar para ele. Eu achei muito estranho ele ter me procurado, ele disse que se sentiu na obrigação de me alertar. Isso é tudo o que sei. – Ela respondeu e ergueu o queixo. – Agora sai daqui!

Nós deixamos aquela casa e eu me senti um pouco aliviado, pois apesar de ser uma casa ampla, iluminada e cheia de janelas, o clima ali era muito pesado e me deixava quase sem respirar.

- E agora, Alencar? – Eu perguntei incerto.

- Vamos esperar o Isidoro melhorar e perguntar a ele. – O Alencar respondeu, sua voz tinha decepção, tristeza e raiva. – Até onde as pessoas são capazes de chegar? O quão más elas podem ser? – Eu também não tinha essa resposta e duvidava muito que alguém tivesse a medida da maldade.