“Irina”
Eu toquei a campainha e esperei. Não demorou para a porta ser aberta. Ela me olhou com surpresa, há muito tempo eu não aparecia e eu nunca aparecia a noite.
- Mas olha isso! Pra você estar aqui a essa hora, boa coisa não é, não é mesmo, Irina? – A Valéria me deu um sorriso estranho.
- Olha que gênia! – Eu já estava impaciente, tudo o que eu já tinha passado nesse dia já tinha me esgotado.
- O que você quer? – A Valéria perguntou ali, na porta mesmo.
- Ai, Valéria, deixa eu entrar e nós conversamos. – Eu a empurrei para o lado, entrei e me joguei no sofázinho de tecido florido de péssimo gosto que ela tinha na sala.
A Valéria fechou a porta e se sentou no outro sofá, me encarando, apenas esperando que eu falasse. Ela estava muito estranha, geralmente ela me recebia com alegria e tentava de tudo para me agradar.
- Não vai me oferecer um café? – Eu perguntei, já estava ficando com fome.
- Não, não vou. Fala logo que eu tenho um compromisso. – A Valéria estava mesmo meio mal humorada.
- Nossa, você já foi melhor. – Eu comentei e ela bufou. – O Leonel pediu o divórcio.
- Finalmente o velhote acordou? Ou ele está te trocando por uma mais jovem? – A Valéria riu.
- Não tem a menor graça! – Eu respondi ríspida, aquilo não era engraçado.
- Mas e daí que ele pediu o divórcio? Você leva metade de tudo. – Ela deu de ombros.
- Acontece que ele teve um AVC e ficou inválido. Os filhos vão colocá-lo num tipo de asilo, sei lá. – Eu nem me importava para onde aquele velho ia, por mim teria morrido. – Ai, Val, você acredita que o velho descobriu o meu novinho? – Eu contei e a Valéria arregalou os olhos.
- Não! Sério? E aí? – Ela se interessou.
- Me pegou na cama com o Lucas. Depois me levou pra casa e disse que me perdoaria. Me algemou na cama e teve um AVC enquanto estava em cima de mim, você sabe... – Eu contei a minha tragédia e a Valéria caiu na gargalhada, mas ela riu até chorar. – Isso não tem graça, Valéria, foi um vexame.
- Ah, querida, tem graça sim. Muita graça. – A Valéria secou as lágrimas. – Agora me diz, se você está se divorciando, o velho vai pra um asilo, o que você quer aqui?
- Lembra do testamento da imbecil da Antônia? – Eu comecei a explicar e ela fez que sim. – No testamento original ela não deixou nem um centavo para o Leonel, deixou tudo para os dois filhos. Mas o Leonel comprou o advogado e falsificou o testamento. Só que, não sei como, os filhos do Leonel agora descobriram o testamento verdadeiro... o Leonel jurou que tinha destruído...
- Eles descobriram o testamento verdadeiro da mãe e te escorraçaram. – A Valéria deu uma gargalhada. – Ah, Irina, sabe o que dizem, aqui se faz, aqui se paga.
- Não tem graça, Valéria! Eles apareceram lá hoje, com um oficial de justiça, a polícia, uma segurança estranha e uma ordem de despejo. Eles fizeram tudo sem dar alarde e o juiz deu ordem para me colocarem pra fora com a roupa do corpo. – Eu estava abrindo o meu coração para a Valéria, contando todo o meu sofrimento e ela não parava de rir.
Um barulho de chave foi feito na porta e ela foi aberta, eu virei os meus olhos para ver quem tinha chegado.
- O que essa falsa está fazendo aqui? – A Viviane falou alto assim que entrou.
- Vê lá como fala comigo, menina! – Eu a alertei.
- Eu falo como eu bem quiser! – Ela respondeu. – Mãe, o que é isso? Está confraternizando com o inimigo agora?
- Não, Vivi, só estou ouvindo as novidades, mas você chegou bem na hora. – A Valéria se levantou do sofá e me encarou. – Cai fora, Irina! Você não vai ficar aqui.
- Mas o que é isso, Valéria? Você vai me deixar na rua? Você não pode fazer isso comigo! Nós somos amigas desde crianças, quase irmãs, a minha mãe era sua madrinha! – Eu argumentei, mas ela estalou a língua.
- Ai, Irina! Nossas mães eram amigas, amigas de guerra lá no sobe e desce, se juntaram e nos criaram o melhor que puderam. Quando a minha mãe foi assassinada e eu fui para o abrigo vocês nem se lembraram que eu existia. Depois, quando a sua mãe ficou doente e morreu e você foi levada para o mesmo abrigo, você se juntou comigo por uma questão de sobrevivência. Você nunca foi minha amiga, Irina, porque você é apenas uma parasita, que se aproxima e suga tudo o que os outros têm. Eu demorei a perceber isso e foi a sua filhinha que abriu os olhos da Viviane e os meus. – A Valéria parecia amargurada.
- Ai, Valéria, você vai dar atenção para o que a Ilana disse? – Eu ri, mas ela não riu comigo.
- A Ilana é igualzinha a você, mas ela disse umas boas verdades. E ela me fez perceber que você só aparece quando quer alguma coisa, que viveu todo esse tempo na mordomia enquanto eu me virava para equilibrar as coisas e criar a minha filha. – A Valéria estreitou os olhos, como se esperasse alguma satisfação. Mas o que ela queria? Que eu sustentasse as duas? Até parece!
- Valéria, você não pode me colocar na rua! O que eu vou fazer? – Eu perguntei já ficando apreensiva, ela não podia me colocar pra fora. O que eu faria se ela me jogasse na rua?

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Chefe irresistível: sucumbindo ao seu toque
Amei saber que terá o livro 2. 😍...
Que livro lindo e perfeito. Estou amando e totalmente viciada nesse livro. Eu choro, dou risadas, grito. Parabéns autora, é perfeito esse livro 😍...
Está sempre a dar erro. Não desbloqueia os capitulos e ainda retira as moedas.😤...
Infelizmente são mais as vezes que dá erro, que outra coisa......