“Flávio Moreno”
Essa história da morte da mãe da Anabel tinha se tornado um desafio pra mim. Eu nunca encontrei nada tão peculiar. E eu nunca encontrei uma investigação tão cheia de falhas como essa. O delegado que cuidou do caso simplesmente se contentou com o que as aparências indicavam e finalizou o inquérito em menos de vinte e quatro horas, dando a causa da morte como suicídio.
Mas, eu conhecia o sistema, sabia que como em todo lugar, como em qualquer profissão, erros eram cometidos, digamos que às vezes laranjas podres caíam nas caixas, assim como acontecia às vezes de um delegado escolher o caminho mais fácil durante uma investigação. E assim foi, o delegado se contentou com o que viu, o laudo da necrópsia apontou a morte por overdose de medicação antidepressiva e ninguém reclamou, pois a Antônia Lancaster realmente tinha um histórico depressivo e uma vida de sofrimento ao lado do marido.
Mas tinha alguma coisa muito errada em tudo aquilo. Esse tipo de medicação que ela tomava era extremamente perigosa, tinha que ser administrada com cautela e sob supervisão médica, mas o tratamento dela ia bem, o psiquiatra informou que ela não demonstrava nenhuma tendência em pôr fim à própria vida, que os medicamentos surtiam um efeito muito positivo nela. Mas se era assim, o que tinha acontecido?
Eu revi todo o inquérito atentamente, me imaginei naquela cena, me coloquei no lugar do delegado. A primeira coisa que eu notei nas fotos é que a Antônia usava um batom rosa, de um rosa queimado e eu vi a foto do copo que não tinha nenhuma marca de batom. Poderia ser um desses batons que não saem, mas e se não fosse? Então eu pequei o laudo pericial do copo, que eles fizeram por desconfiar que ela tivesse ingerido álcool, mas não, não havia traço de álcool, como não havia batom, nem o DNA dela, bem como nenhuma digital. E não havia digital em nenhum frasco encontrado no chão. Isso me deu a certeza de que tinha algo errado.
Mas por onde eu deveria começar? Pelo psiquiatra. Eu fui atrás dele e para a minha sorte ele tinha os documentos da Antônia, mas eu precisaria de uma ordem judicial ou ele poderia ter problemas e, se aquilo virasse prova, poderia ser comprometida. Então eu reabri o caso e consegui a ordem do juiz. Passei dias lendo relatórios e ouvindo as gravações. Como aquela mulher foi infeliz, nossa! Ela tinha pavor que o Leonel matasse a Anabel. Mas ela ainda o amava, coisa mais louca. E então eu achei a pista, ela sabia que o Leonel tinha uma amante, uma que era amiga de uma das funcionárias da casa e ela demitiria a funcionária, ela decidiu isso um dia antes de morrer. Mas ela nunca disse o nome da amante e nem o nome da funcionária.
Tinha chegado a hora de procurar a governanta, porque ela certamente saberia quem era essa funcionária. Então eu fui. Parei a viatura em frente a uma casinha simpática, onde uma senhora estava cuidando de uma roseira cheia de flores brancas. Eu tinha levado a Renatinha comigo, uma figura feminina poderia tornar a senhora mais acessível, já que viviam dizendo que eu era intimidador demais. Nós saímos da viatura e eu bati palmas. A senhora se virou e caminhou em direção ao portão.
- Pois não? – Ela nos olhou curiosa.
- D. Lúcia? – Eu perguntei.
- Sou eu! – Ela abriu o portão e saiu.
- Eu sou o delegado Moreno, essa é a policial Renata. A senhora tem um minutinho? – Eu pedi e ela franziu a sobrancelha. – É que a senhora foi governanta dos Lancaster e eu preciso de informação de uma antiga funcionária.
- Qual funcionária? – Ela perguntou.
- É o que eu espero que a senhora me diga. – Eu respondi e ela nos convidou a entrar.
- Então, delegado, o que essa funcionária fez? – A D. Lúcia perguntou depois que nos sentamos em sua sala.
- Em princípio nada, mas ela deve conhecer alguém e eu só quero fazer umas perguntas. – Eu não queria contar exatamente qual era a situação, pois não sabia o nível de amizade que poderia existir ou não entre a governanta e os demais funcionários.
- Todos os funcionários da casa estavam lá há muito tempo, desde antes da D. Antônia morrer, eram de confiança, não vejo que interesse a polícia pode ter em um deles. – D. Lúcia especulou.
- O Leonel manteve todos os funcionários da época da esposa? – Isso era bom, porque o Don teria o registro de todos.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Chefe irresistível: sucumbindo ao seu toque
Está sempre a dar erro. Não desbloqueia os capitulos e ainda retira as moedas.😤...
Infelizmente são mais as vezes que dá erro, que outra coisa......