Grávida de um mafioso romance Capítulo 118

Antigamente, eu não poderia viver sem mandar uma mensagem ou receber uma ligação da Carolina, não importava se era para fofocar sobre o trabalho ou falar sobre coisas banais, ela sempre ligava.

Nunca ficamos brigadas por tanto tempo assim, deveria ser porque eu sempre cedo e sempre deixo passar.

Mas também não dava para culpar ela, Carolina tinha esse jeito mesmo e acho que ela nunca vai mudar. Ela coloca os problemas dela acima dos problemas dos outros sem perceber, ela é arrogante e egocêntrica na maioria das vezes sem se dar conta e quando alguém j**a isso na sua cara ela fica brava.

Afinal de contas as pessoas não gostam quando a dura verdade é dita sem filtros.

Em todos os momentos da minha vida desde que conheci Carolina, sempre coloquei seus problemas acima dos meus por achar que são mais importantes.

Naquela noite quando ela chegou fugida da Itália, quando ela bateu na minha porta eu pude comprovar que eu era o seu porto seguro, alguém que ela confiava e isso me fez me sentir culpada. Sim, porque eu deixei que ela me olhasse dessa forma, não me importei com nada e sempre a acolhi e agora estou enxergando todo o mal que fiz ao deixar que isso acontecesse.

Me tornei uma pessoa que acumula não só os meus problemas mas também os de Carolina, isso estava me sobrecarregando e só pude enxergar isso no dia em que conheci o Matteo. Quando o distrair para que Carolina pudesse fugir da sala de reunião, ainda tenho em mente as suas palavras.

- Você não deveria se sacrificar tanto por uma pessoa tão egoísta - ele me disse e fiquei impressionada como uma pessoa que eu nunca tinha visto na minha vida pôde me desvendar tão afundo.

Depois disso ele me cantou e fingiu que nada tinha acontecido, mas eu ainda tenho isso registrado na minha memória.

Sua palavras me abriram os olhos para que eu pudesse enxergar o que estava acontecendo com a minha vida, eu na verdade não estava a vivendo, estava vivendo a vida de Carolina com todos os seus problemas e momentos felizes.

Um exemplo foi quando eu recebi a notícia da sua gravidez, fiquei feliz por saber que me tornaria uma dinda, sempre gostei muito de criança e sempre sonhei em ser mãe algum dia. Porém umas pessoas tem mais sortes que outras e esse era o caso de Carolina.

Quando ela me disse que não sabia se teria o bebê eu a quis matar, como ela podia pensar em negar algo tão lindo e único que era a maternidade?

Carolina era uma sem noção e isso não era nenhuma novidade.

E quando ela me convidou para ir para Itália me sentir na obrigação de ir e policiar ela, Carolina ainda tinha dúvidas entre ter o bebê ou não e tomei isso como o meu dever, me sentir pressionada a vigiar ela para não cometer nenhuma bobeira, tinha em mente que se algo acontecesse aquele bebê seria minha culpa. Sabia que não seria minha culpa se algo acontecesse mas não posso mudar como sou, eu sou assim, me preocupo e coloco os outros acima de mim sempre. Isso era um defeito mais que uma qualidade em mim.

E assim deixei tudo de lado mais uma vez, deixei meu trabalho e minha vida de lado por ela.

No dia do atentado contra a minha amiga fiquei tão assustada. Eu tinha acabado de sair da loja e estava com as suas compras na mão quando vi o carro indo em sua direção, fiquei em choque que nem conseguir gritar ou me mexer para retirá-la de lá. Por sorte, Luigi estava lá e foi quando ele a retirou da mira do carro que pude perceber que eu não era mais o porto seguro dela, eu sem perceber tinha passado esse bastão para Luigi.

E sabendo que ele cuidaria dela, resolvi pela primeira vez pensar em mim, esse era o meu primeiro ato egoísta que já fiz nessa vida. Assim que recebi uma ligação do Matteo inventei uma desculpa para Carolina e fui me encontrar com ele, nunca senti tanta a necessidade de me abrir com alguém, nunca tinha sentindo essa abertura minha para com outra pessoa. Era quase que uma necessidade mas eu não sabia muito bem o que era até o nosso jantar.

Eu me arrumei rápido, porque estava ansiosa para encontrá-lo, o homem que eu apenas conhecia o nome havia se tornado um confidente. Foi algo natural, me sentir pela primeira vez a vontade para me abrir com alguém e até chorar.

- Seja bem-vinda Carolina - ele debocha ao me ver chegando perto da mesa em que ele tinha reservado. Ainda hesitante me sento na cadeira me perguntando por que deixei Carolina sozinha com um mafioso e vim para o Brasil me encontrar com esse homem que com certeza havia me chamado para debochar na minha cara.

Carolina e eu tínhamos o enganado trocando nossos nomes, aposto que ele me chamou aqui para me demitir já que se tornou sócio da Montero. Já devo está na sua lista negra, porém isso não era o que estava me importando agora, gostaria de saber se ele poderia me ouvir. Pareceria estranho se eu perguntasse se ele poderia me ouvir, com certeza ele me diria que não era nenhum psicólogo então resolvo me calar.

- Me desculpe, Mariana, ainda estou me acostumando com seus nomes certos - o garçom chega na nossa mesa e ele pede um vinho junto com a indicação do chefe para o nosso jantar - bom, você pelo menos poderia me dizer o que aconteceu com você, do nada saiu as pressas da empresa e foi ao socorro da sua amiguinha, devo dizer que Carolina não é nenhuma criança que precise da sua ajuda... - ele começa dizendo mas para quando ver o meu real estado - o que aconteceu, Mariana?

Eu tinha segurado a viagem toda o nó na minha garganta, segurei achando que algum momento ele passaria mas estava errada. Quando Matteo me pergunta o que aconteceu não consigo conter as lágrimas que saem dos meus olhos e o nó finalmente se desfaz. Eu desabo sem me importar com o que as pessoas ao redor vão achar, porque para mim a única pessoa que me importava estava na minha frente.

Não sei explicar mas me sinto tão segura tendo ele por perto, Matteo foi o único que me enxergou de verdade e isso despertou algo em mim.

- Aconteceu alguma coisa com a Carolina? - ele me pergunta preocupado e a minha ficha cai.

Claro, ele estava interessado na Carolina assim como todos os outros. Ele não estava preocupado comigo e sim com a Carolina, fui burra de vir até aqui para me abrir com alguém que nem ao menos liga para mim. Devo ter me enganado naquele dia na sala de reunião também.

Sua trouxa!

- espera! - ele diz mas eu continuo andando para fora do restaurante, lágrimas e mais lágrimas caindo copiosamente dos meus olhos, meu peito dói e o sentimento é esmagador. Assim que sinto o vento frio na rua me sinto mais calma, ando mais rápido enquanto Matteo me seguia.

Chega o momento em que cansada eu retardo meus passos e ele me alcança, as lágrimas já haviam secado com o vento e agora restavam apenas resquícios dos caminhos que elas fizeram nas minhas bochechas. Matteo me segura pelo braço e me vira para encará-lo.

- ela está bem! Ela sofreu um atentado mas Luigi estava lá para proteger ela, não aconteceu nada com ela, não se preocupe - digo friamente.

- menos mal - ele diz aliviado e fico surpresa quando ele lança a próxima pergunta - e você? Está bem?

Fazia muito tempo desde que me perguntaram algo assim, na maioria das vezes era eu quem perguntava para Carolina, ela nunca me perguntava de volta, acho que porque ela tinha certeza que eu não tinha problemas como uma pessoa normal. E ela estava errada.

Não consigo emitir nenhuma palavra, tudo o que faço é chorar como uma criança que acabou de cair e ralar o joelho. E como um adulto, uma pessoa acolhedora, Matteo me abraça e me conforta me assegurando que tudo ficaria bem. Nada ficaria bem e eu sabia muito bem disso, mas decidir me enganar achando que ficaria.

- Você deveria ser mais egoísta, sabia? - ele sussurra e eu enfio minha cabeça no seu pescoço me derretendo em lágrimas.

Por que ele sempre diz coisas que me atingem tão facilmente assim? Me sinto tão vulnerável.

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