Grávida de um mafioso romance Capítulo 134

- Mas voltando para o que é importante, a rixa entre nossas famílias - ela enfatiza enquanto come outro pedaço de bolinho - antes mesmo de Luigi ser levado para morar no exterior, uma tragédia mudou a vida dos Ferraza. Um acidente de carro acabou matando os pais de Bárbara e Raquel, fazendo assim as duas ficarem na custódia dos tios que humildemente moravam na Cecília, Raquel como era muito menor que a sua irmã ficou morando com os tios enquanto a Bárbara ficou morando na Suíça com Luigi. Elas perderam quase tudo, a cada dia que se passava perdiam mais dinheiro por não saberem cuidar muito bem, seus tios não sabiam mexer e não souberam muito bem proteger os bens então alguns inimigos dos Ferraza acabaram tomando as terras, algumas propriedades enquanto elas não poderiam fazer nada. E mesmo se tentassem, seria arriscado demais colocar a vida de todos em risco. Os Ferraza possuíam muitos inimigos poderosos que não fariam questão nenhuma de eliminar os dois últimos membros que restavam da família.

Fico abismada com a gravidade de tudo. Do quanto as duas irmãs sofreram naquele tempo, principalmente a Bárbara por estar grávida e ter que aguentar não só o peso da rixa entre as família dela e de Luigi como também a morte repentina dos seus pais. E depois perder quase todo o legado da família, deveria ter sido algo bastante pesado para ambas enfrentarem sozinhas.

- A Bárbara não ligava muito para o dinheiro que ela estava perdendo ao escolher ficar do lado de Luigi, ao contrário da Raquel que sempre foi bastante apegada ao luxo e que nunca conseguiu perdoar seus tios por não saberem cuidar dos seus bens devidamente. O que acabou direcionado a ira das irmãs Ferraza para a nossa família foi que, se lembra que eu disse agora pouco que os Benacci e os Ferraza estavam brigando por um...local? - Giulia pergunta e eu aceno com a cabeça parecendo uma aluna prestando atenção durante uma aula de história em que a professora faz uma pausa para se certificar que os alunos estão acompanhando a linha dos fatos.

- Então, os Benacci conseguiram o lugar e como a nossa família era a mais que batia de frente com os Ferraza, os oponentes mais notáveis deles, a conquista chamou muito mais atenção do que o esperado. Fazendo assim que a raiva pelo o que tinha acontecido com os pais das irmãs Ferraza se voltasse para os Benacci. Raquel foi a primeira a levantar a bandeira da guerra contra nós mas meu pai nunca deu muita importância, para ele Raquel era apenas uma órfã que estava sofrendo pela perda recente dos seus pais.

Tomo um gole de chá tentando engolir tudo aquilo que Giulia estava me dizendo. As coisas eram muito mais intensas do que eu imaginava entre as máfias. Claro que eu já tinha visto uma coisa ou outra em algumas fanfics, porém não passavam de meras histórias fictícias. Pensar que algo tão horrível como isso aconteceu na vida de duas pessoas era algo surreal demais para eu apenas aceitar.

- A Bárbara levantou a bandeira da guerra logo depois de alguns meses de gravidez, eu não estava aqui em Roma naquela época, estava viajando de férias com meus irmãos e a minha mãe. Entretanto fiquei sabendo de tudo o que aconteceu na casa da nonna, tudo o que acabou levando a Bárbara á ficar contra Luigi também - ela mantém o suspense.

- E o que aconteceu? - pergunto mal contendo a ansiedade de saber de todos os fatos sobre o passado e a história trágica de Luigi e Bárbara.

- O que aconteceu e o que fiquei sabendo foi que, o nosso pai apareceu na casa da nonna para conversar com Luigi e tentar por um fim naquela história toda dele se rebelar e querer uma vida tranquila com a Bárbara longe de tudo e de todos. Meu pai não aceitava que seu filho primogênito estava querendo abdicar do lugar que um dia seria dele, de um legado que ele levaria de geração em geração e principalmente que estaria o abandonando assim como a Amélia fez um dia com ele - ela faz uma pausa dramatica antes de voltar aos relatos - portanto ele decidiu aceitar a Bárbara e o bebê que ela teria, ele estava disposto á aceitá-la como uma Benacci, porém o que aconteceu depois foi horrendo e traumático. Um trágico destino para o casal - ela diz soando tão dramática quando uma chamada de um capítulo inédito de uma novela mexicana.

Não sei se essa história seria boa ou pior do que qualquer novela mexicana por aí.

- A casa estava praticamente vazia, a não ser pela nonna, nosso pai, Luigi, Bárbara e a emprega de Luigi. A mesma que cuidou dele quando estava morando na Suíça, ela tinha sido dispensada pelo nosso pai para que não ajudasse Luigi e a Bárbara enquanto eles moravam sozinhos. Porém ela não conseguiu seguir as ordens do meu pai, claro, ela sabia que o implacável Sr. Benacci mantinha a casa onde Luigi estava morando vigiada por seus espiões. Então ela os ajudava como podia, Luigi sempre teve muito carinho por ela, a Lúcia era como uma mãe para ele - ela diz e deixa escapar um suspiro de dor.

Lembro do que Holga tinha me dito sobre ter visto a morte da sua mãe.

Me lembro de cada palavra que ela usou para descrever o quão foi agonizante ver a sua mãe levar um tiro de uma pessoa que ela nunca tivera feito mal. A Lúcia tinha sido uma vítima nisso tudo e a Raquel pagaria por isso, holga jurou que ela pagaria pelo mal que ela cometeu contra sua única família.

- Com a maioria da família viajando de férias, a casa tinha ficado pouco protegida e um roubo acabou acontecendo na nossa propriedade. Foi algo muito bem planejado, a pessoa que arquitetou tudo deveria saber muito bem o que estava fazendo. Meu pai presumiu que aquilo não foi um simples roubo, foi uma tentativa de assassinato. Ele acabou levando um tiro e a Bárbara acabou abortando, a nonna foi levada as pressas para o hospital e Luigi teve que cuidar de tudo sozinho. Ele teve que retirar a filha da Lúcia de perto do corpo sem vida da mãe para que os médicos pudessem levá-la. Luigi viveu momentos muito difíceis naquele tempo - ela funga com nariz contendo o choro - quando chegou no hospital recebeu a notícia que o bebê que a Bárbara estava esperando havia morrido. Aquilo foi um choque para ele.

Uma lágrima que cai e desce pela minha bochecha, uso as costas da mão para limpá-la. Não consigo imaginar o desespero que foi ver tudo acontecendo diante dos seus olhos e não conseguir fazer nada, aquele dia deveria ter sido o mais traumático de Luigi.

Foi muito mais do que o abandono da sua própria mãe, foi muito mais pesado ver o pai levar um tiro, ver a sua nonna que o acolheu em momentos difíceis quase ter treco, saber que o filho que por tanto estava lutando com unhas e dentes morreu e ter que afastar daquela cena horrível uma garotinha agarrada ao corpo da sua própria mãe morta, mãe essa que tinha sido um anjo na vida dele.

Outra lágrima cai do meu olho e não me esforço para limpá-la, de onde aquela vinha, viria muito mais. Minha mente vaga com a imagem de Luigi, desesperado sem saber o que fazer no meio de toda aquela desgraça. Quem ele ajudaria primeiro? Quem ele perderia naquele dia? Quem o abandonaria mais uma vez?

Não sei se conseguira ser tão forte quanto ele foi para superar isso tudo. Meu peito dói apenas de pensar nele desesperado no hospital, sozinho e sem ninguém que o pudesse auxiliar no momento difícil. Queria poder abraçar aquele Luigi desesperado e dizer em seu ouvido que daria tudo certo mesmo que tudo estivesse desmoronando ao seu redor. Queria afagar seu cabelo enquanto os braços dele me agarrariam como se eu fosse o pilar que o mantinha de pé naquela hora. Queria estar do lado dele naquele momento difícil e diminuir a dor no seu coração.

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