Grávida de um mafioso romance Capítulo 135

- Não sei como ele conseguiu sobreviver depois de tudo, foi praticamente um milagre ele reagir - Giulia diz acariciando a cabeça do cachorrinho que por sinal estava adorando o carinho.

- O que aconteceu com ele depois de tudo isso? - pergunto e Giulia me lança um olhar cheiro de dor. Por ela ser, dos irmãos, a mais próxima de Luigi, ela deveria ter sofrido junto com ele na mesma intensidade - me desculpa, se você não quiser falar está tudo bem... - tento dizer que não era obrigatório ela reviver lembranças tão dolorosas mas ela insiste em continuar.

- Tudo bem, você merece saber a verdade - ela me entrega o cachorrinho e é a minha vez de pegá-lo no colo. O cachorrinho se encolhe e deita com a cabecinha por cima do meu ombro para começar a cochilar - depois que tudo se acalmou, Luigi foi procurar a Bárbara porém não a encontrou, ela tinha sumido do hospital sem deixar rastros e ele depois de um tempo tentando se curar de tudo, optou por viajar mundo á fora e tentar esquecer do que aconteceu naquela casa. Ele não queria mais pisar um pé na casa da nonna, mesmo que sentisse uma saudade imensa da nossa família, ele não conseguia aceitar a tragédia que tinha acontecido. Luigi tinha assumido uma culpa muito grande, um fardo que não era dele e nem de ninguém. O que aconteceu naquele dia poderia ter acontecido em qualquer propriedade por aí, com qualquer pessoa por aí - ela deixa as palavras morrerem junto com o assunto.

Nenhuma de nós parecia querer falar nesse instante e muito menos continuar perdurando essa tragédia. Mas minha mente maquinava as possibilidades da pessoa que ordenou essa tentativa de assassinato ser a Raquel Ferraza. A holga havia me dito que viu a loira azeda atirar na sua mãe e após o relato de Giulia sobre o suposto roubo na casa da nonna, notei que ela não falou nada sobre a presença da Raquel no dia.

Sinto que as coisas estão mais enroladas do que eu imaginava, não vai ser tão fácil assim resolver esse mistério porém como sou formada em quinze temporadas de C.S.I. já me sinto ápta para desenrolar esse caso.

Minha mente vaga com as palavras que Bárbara disse para mim, elas ainda estavam vivas como um aviso constante para o perigo. Pelo que pude perceber na história que Giulia me contou, a loira aguada não tinha uma relação boa com o pai de Luigi.

Dá para compreender o desespero do Sr.Benacci em perder o filho primogênito, mas isso se tornaria uma motivação para ele tentar matar a própria nora ou pior, matar o próprio herdeiro do filho?

Eu conheci, mais ou menos, de perto o Sr.Giovanni Benacci no dia do almoço na casa da nonna, apesar dele ter saído muito rápido da sala de jantar pude perceber seu olhar carregado de desprezo na minha direção.

Ele deveria ser um daqueles pais superprotetores que sentem ciúmes dos filhos com outras pessoas, o típico ciúme e medo bobo de "perder" o filho para a nora.

Minha mãe era da mesma forma, não sei como ela conseguiu aceitar de boa Luigi como genro.

Claro, com tantas mentiras que ele deve ter inventado, deve ter ludibriado a minha mãe facilmente.

Na minha concepção, ainda não conheço bem o Sr.Giovanni Benacci porém com o que venho escutando sobre ele, me parece que ele é uma pessoa obstinada que sempre consegue o que quer. E pelo que descobrir, ele foi um dos que mais dificultou a vida de Luigi quando descobriu sobre a gravidez e relacionamento com a Bárbara.

Então posso dizer por alto que a Bárbara por saber disso, talvez tenha se equivocado e posto toda a culpa no pai de Luigi. Naquele dia, Sr.Benacci foi para a casa da nonna conversar com Luigi e dizer que finalmente aceitava a relação deles para não perder o filho. Mas acabou acontecendo o suposto roubo, que acarretou não só a morte de uma pessoa como também do bebê que ela estava esperando.

E como ela deveria estar devastada naquele momento da notícia que seu bebê não estava mais vivo na barriga, ela culpou o pai de Luigi e pensou que aquele suposto roubo deve ter sido um plano para separá-los e matar o herdeiro de Luigi. Acabando definitivamente assim com a história dos dois.

Porém se pensarmos bem, essa teoria da Bárbara não faz muito sentido. Claro, levando em consideração que o pai de Luigi não a recebeu muito bem como sua nora, até dava entender a visão dela.

Mas se atendo aos detalhes como, por que o pai de Luigi se colocaria em risco levando um tiro no suposto roubo? Não faria muito sentido ele colocar a vida dele em risco apenas para fazer um susto para Bárbara, tenho certeza que ele seria muito mais inteligente e planejaria algo muito mais elaborado que não o machucasse e nem colocasse a vida do próprio filho que por tanto zelava em risco. E também nem a vida da própria nonna, não acho que um ser humano colocaria em risco a vida da própria mãe para apenas dar um susto na sua nora para ela perder o bebê que carregava na barriga. Isso seria maldade demais, apenas vilões de novelas mexicanas tinham essa capacidade.

E também outro detalhe que acho que ninguém da família de Luigi e muito menos a Bárbara sabia, era da presença da Raquel no dia do suposto roubo. Giulia não me disse nada sobre a loira azeda e acho que a loira também não sabe sobre a Holga.

A Holga me disse que Luigi a ajudou e a colocou em uma escola para que ela terminasse os estudos, acho que ele deve ter ocultado sobre a existência da Holga para que a mantivesse protegida e talvez seguisse em paz, porém ele não sabia que ela buscava por vingança e ela já tinha um alvo em mente: Raquel.

Holga me disse que Luigi não sabia sobre o seu plano de vingança, acho que ela nem ao mínimo contou para ele que viu a Raquel atirando na sua mãe.

Céus, esse inferno está longe de acabar e de parar de machucar pessoas inocentes ao redor, me sinto exausta com tantas informações e perguntas sem respostas rodeando na minha cabeça. Tomo um gole de chá e afago a cabecinha do meu novo pet.

- Tudo bem com você? - Giulia depois de muito tempo resolve começar a falar outra vez - desculpa, eu não deveria ter jogado isso tudo em cima de você.

- Não, você fez bem em me contar toda a verdade, eu estava me achando muito por fora da história e agora percebi que realmente estava por fora de tudo - com a outra mão livre, estico o braço por cima da mesa e a coloco em cima da de Giulia - graças á você eu sei de toda a verdade, sou grata por isso, Giulia - lhe dou um sorriso simpático e cheio de sentimentos, ela também responde da mesma forma.

- Quero que você saiba que não falei isso tudo, sobre o passado de Luigi, para você ficar com pena dele e aceitar se reconciliar porque se sente obrigada já vai ter um filho do meu irmão ou por pena do passado triste dele. Falei isso tudo porque você merece saber da verdade - ela aperta a minha mão firme para demonstrar que estaria do meu lado independe da decisão que eu tomar - mas não vamos falar mais sobre coisas do passado, vamos falar do breve futuro que nos aguarda - ela usa a mão para afastar uma lágrima que ameaçava rolar pela bochecha rosada e continua com uma certa animação no seu tom - sabe do que estou falando?

- Se você está falando dos estragos que vamos fazer nas lojas de Roma, então tenha certeza que sei sim - digo forçando a mesma animação e nós duas sorrimos animadas com o dia de compras que nos aguardava.

Assim que saímos do bar, encontramos com o loiro do banheiro esperando dentro no carro. Ele faz uma careta quando nos vê se aproximando e Giulia faz um gesto para ele colocar o quepe de chofer.

Com uma carranca irremediável ele obedece e nos leva para Via Condotti. Giulia durante todo o caminho reclama dele enquanto o mesmo resmungava que não era empregado dela. Passei boa parte do trajeto ouvindo a discussão dos dois, ambos ameaçando dizer o que tinha acontecido á Luigi assim que chegasse na mansão, igualmente como duas crianças brigando e ameaçando dizer a mãe quando chegasse em casa.

Uma parte de mim agradece pela discussão deles ser a única coisa que não me deixa ficar imersa em pensamentos enrolados sobre o suposto roubo na casa da nonna. E outra parte, apenas quer esganar eles pela briga desnecessária por causa de um bendito quepe de motorista.

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