Grávida de um mafioso romance Capítulo 164

- Está mais calma, agora? - pergunto e Carolina balança a cabeça com uma expressão séria - tem certeza que ainda não quer me matar? Ou me torturar? Ou me jogar de algum precipício? Ou me envenenar?...

- Não, tenho quase certeza que não - ela diz sorrindo um pouco, mas dava para notar sua tensão. Ela precisava de um pouco mais de tempo para voltar ao eixo antes de fingir estar feliz com Luigi na frente da mãe e do padrasto e de todos que estam na galeria.

Então, decido desviar um pouco o trajeto, não estávamos tão atrasados e o lugar em que vou levá-la não irá ser muito distante da cidade - aonde estamos indo? - ela pergunta quando eu viro numa estrada de barro e subo uma colina média.

- Estou te levando para um lugar tranquilo, não precisar ficar com medo, eu não sou nenhum sequestrador psicopata chamado Marco - digo em tom de piada porém ela não pareceu gostar ou sentir graça na minha brincadeira, me fazendo arrepender de imediato de dizer aquilo.

Caramba, Matteo! Precisava dizer uma coisa tão idiota com essas num momento desses?

Assim que estaciono o veículo de frente para a vista, de tirar o fôlego, da cidade de Roma, saio do carro e ajudo Carolina á sair também.

O vento estava mais frio aqui em cima e o silêncio ensurdecedor do nada ao nosso redor, era tranquilizante e recomendável para alguém que acabou de receber uma enchurrada de informações e notícias, boas e ruins. Carolina pareceu em paz quando nos encostamos no capô do carro, olhando a vista belíssima da noite.

- Eu acho que precisava disso - ela quebra o silêncio depois de alguns minutos apenas ouvindo o uivo do vento e dos motores dos carros que passavam na rodovia perto da colina - obrigada, Matteo. De verdade, obrigada por tudo o que você fez por mim nesse tempo que fiquei brigada com Luigi e distante da Mari. Eu precisava de um ombro amigo e sempre pude contar com você.

Uma pontada de tristeza me atinge, não era como amigo que eu gostaria que ela me visse, era como um homem que gosta dela, como uma possível opção para o seu final. Mas acho que ela nunca olharia para mim dessa forma, Carolina está destinada à Luigi assim como ele para ela. Doeu perceber isso justamente agora que ela pronunciou a palavra "amigo". Talvez Mariana estivesse certa em dizer que era apenas obsessão minha...

- Está sendo difícil digerir que Marco se tornou uma pessoa tão perversa e fria á ponto de sequestrar, drogar e quem sabe até matar mulheres. Toda vez que penso que tudo isso que ele fez, foi com intuito de achar uma substituta para mim, me dá um embrulho no estômago. Me sinto culpada...

- Não deveria, não foi você que cometeu aqueles crimes - suspiro e faço uma pausa para pensar nas minhas próximas palavras - Marco era um quando vocês estavam junto e se tornou outro quando vocês se separaram. Você não teve culpa das escolhas erradas que ele tomou, você não influenciou ele á cometer nenhuma fraude e nem disse para ele sequestrar e drogar mulheres parecidas com você. Ele que tomou essas decisões que o levaram para esse caminho. A vida é feita de escolhas, Carolina. E as vezes pessoas boas tomam rumos sombrios na vida e vez ou outra se arrependem quando é tarde demais - digo porém em uma parte do raciocínio acabo comparando com as minhas escolhas e fico em silêncio quando termino e em consequência lembro do meu passado.

- Até que para um loiro do banheiro você sabe dar conselhos da vida - Carolina diz a mesma coisa que Mariana havia dito duas noites atrás e não controlo a risada instantânea que me escapa. Eram tão iguais e tão diferentes ao mesmo tempo. Era loucura compará-las.

E era loucura ainda mais gostar de uma ou da outra, eu não merecia nenhuma.

***

- Posso te beijar? - ele pergunta do nada e tomo um susto na mudança repentina de assunto. Até agora ele estava falando sobre as escolhas da vida e num passe de mágica estava me perguntando se podia me beijar - deixa eu me explicar direto. Já aceitei que eu e você não daria certo - ele ri da minha cara de deboche.

Sério que somente agora você descobriu isso, Amado?

- Eu sei que você nunca me deu esperanças e sempre cansava de dizer que não gostava de mim mas eu mantinha uma esperança de que talvez... - ele olha para a vista da cidade evitando me olhar - talvez eu fosse uma opção pra você.

Era quase fofo, se não fosse triste. Matteo achava que estava apaixonado por mim, porém era só um capricho por não ter conseguido me ter como teve qualquer outra mulher. Matteo assim como Luigi buscava por alguém e para o azar do loiro do banheiro ele tinha o problema de não conseguir se aquietar com uma pessoa só.

- Por que você quer me beijar? - pergunto e ele parece surpreso com a minha pergunta, talvez estivesse esperando a minha negação - ainda tem esperança de que se nos beijarmos de livre e espontânea vontade, vou sentir algo diferente e vou te escolher invés de Luigi? - sou direta, essa história está se prolongando demais.

- Não me julgue por manter intacta uma pontinha de esperança, afinal de contas, a esperança é a última que morre, não é o que dizem? - ele sorri de canto e acabo sorrindo também, mesmo sabendo como terminaria aquilo e ambos fingindo que aconteceria o que ele esperava. Era tão triste e trágico, como um romance não correspondido de uma novela mexicana.

- Posso? - ele vira o rosto para o lado encontrando o meu. Cenas antigas de Matteo tentando me beijar no teatro, no beijo roubado á força no dia da festa em que anunciei meu noivado com Luigi e o selinho acidental que demos no meu quarto, vislumbram na minha mente. O meu primeiro instinto é me afastar porém eu tinha balançado a cabeça dando consentimento dele se aproximar e me beijar.

Não sei se é a coisa certa á se fazer, mas se um beijo for necessário para acabar com tudo isso e abrir os olhos do loiro do banheiro para a realidade, eu faria esse sacrifício. Já deveria ter dado um fim nessa história faz tempo, até minha mãe percebeu a forma como ele me olhava, imagina se fosse o linguarudo do Roberto que notasse? E se Luigi notasse? Eu não poderia levar isso mais adiante.

Matteo se aproxima lentamente, ficando na minha frente e segurando meu rosto, quase da mesma forma que Luigi segurava. Fecho meus olhos quando seu nariz toca o meu e meus lábios sentem o toque macio dos seus. O beijo delicado e doce, era lento demais, era dedicado demais, forçado demais.

Não tinha nada a ver com o beijo do meu italiano gato.

Não existia a necessidade de acabar com a distância das nossas bocas e nem da preocupação em deixar elas por muito tempo distantes em uma pequena pausa para respirar. Não me fazia perder o fôlego e nem sentir borboletas no estômago quando sua mão descia pela minha clavícula levando junto a alça da minha roupa. Não continha a fome, desejo e amor que somente os lábios de um somente italiano era capaz de me fazer sentir. Não era arrebatador e muito menos me fazia sentir única. Então o beijo acabou.

- Teve sua resposta? - digo olhando no fundo dos seus olhos, que deixavam explícito a tristeza na desilusão de não ter sido correspondido como esperava. Ele sorri de canto e não penso duas vezes antes de abraçar um amigo.

Ambos sabíamos como terminaria o beijo, ambos sabíamos como terminaria toda essa história que foi criada na cabeça do loiro do banheiro.

Espero que ele consiga encontrar alguém que o faça se sentir único, assim como encontrei o meu italiano. Mesmo estando brigada com ele, não existia ninguém me fizesse perder o fôlego durante um beijo. Nem mesmo o Marco foi capaz um dia.

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