Grávida de um mafioso romance Capítulo 168

- É o que? - pergunto de novo, vai que eu tenha escutado errado, minha audição deve ter dado defeito depois de tanto tempo ouvindo músicas da Rihanna com o fone de ouvido no último volume.

- Sou eu - ele repete, sua expressão séria me deixa preocupada. Luigi não parecia estar brincando ou me trolando com uma pegadinha.

Olho novamente para a fachada da casa caindo aos pedaços. A porta aberta revelando o interior escuro e misterioso. Era o tipo de casa que aparecia em programas de TV que reformavam imóveis para ganhar audiência.

- Meu anjo, você está bem? - imediatamente me aproximo dele, levando minha mão até sua testa e depois para o pescoço dele para checar sua temperatura, assim como fazem com crianças pequenas, e nada, sua temperatura estava normal - está sentindo algo diferente? Alguma dor? Você foi picado por algum bichinho ou bebeu algo que deram para você na galeria?

- Eu estou bem, Carolina - ele segura minhas mãos que o especionava em busca de alguma picada de agulha ou pancada na cabeça. Vai que tenham quebrado algo na cabeça dele ou durante a multidão tenham injetado alguma droga alucinante nele? Eu precisava checar!

- Não, não está bem, Luigi - digo olhando no fundo dos olhos dele - meu bem, você está se comparando á uma casa abandonada caindo aos pedaços, não tem nada de bem nisso.

- Você confia em mim? - ele pergunta e eu fico na dúvida do que devo responder.

Luigi parecia não está batendo bem da cabeça, é engraçado dizer isso, sempre imaginei que eu seria a primeira a ficar maluca naquela mansão depois de tantas brigas. Quem diria que Luigi seria o primeiro...

- Confio - acabo dizendo e deixando que ele me carregue para dentro da casa abandonada e escura, rezando para que o teto não desabe nas nossas cabeças e que tudo isso não passe de uma grande brincadeira.

Torço para quando ele ultrapassar a porta velha, luzes se acendam e uma chuva de balões caiam na gente e minha mãe junto com o encostado do namorado dela apareçam dizendo que decidiram ficar na Itália por mais tempo.

Porém nada disso acontece. Entrando dentro da casa, o breu nos engole e por instinto fecho os olhos. Não tinha necessidade nenhuma já que não dava para enxergar nada lá dentro, entretanto Luigi avançava como se possuísse visão noturna ou como se já conhecesse todo o lugar.

Estou começando a me arrepender de ter aceitado essa loucura mas no mesmo segundo, Luigi para e me coloca sentada em alguma coisa alta, tateio e presumo que seja uma mesa de madeira.

Tomara que não tenha cupim, se essa mesa se quebrar comigo em cima e eu me machucar ou acabar machucando o bebê, vou matar Luigi!

- Prontinho - ele anuncia com a voz longe e como se estivesse se aproximando de mim, sua voz vai aumentando até conseguir ouvi-la na minha frente porém tudo ainda continuava escuro - pode abrir os olhos agora.

- Ah - me dou conta só agora que continuava com os olhos fechados. Olhando para tudo ao redor, o interior da casa ainda continuava escura apesar de alguns abajus estarem acessos. A decoração da sala parecia bem precária, chuto que deveriam fazer décadas que alguém esteve naquele lugar e que fez uma faxina decente. Temo que minha alergia ataque.

- Vou me explicar - Luigi diz e presto atenção em cada palavra, se ele falasse qualquer coisa sem sentido vou ser preciso contar tudo para o psiquiatra que irá tratá-lo. Talvez haja uma cura para esse surto - essa casa, sou eu. Essa casa simboliza á mim - ele põe a mão no peito e eu assinto como se isso fizesse algum sentido.

Jeová da glória, o homem pirou na batatinha!

- E eu por muito tempo permaneci assim, intocado, abandonado, empoeirado - ele vaga pelo cômodo, que acho que seja a sala, e passa o dedo num dos móveis, que presumo que seja uma pequena mesa de centro, para mostrar a sujeira acumulada e meu nariz coça só de olhar - eu não ligava, afinal de contas era assim que a minha vida tinha ficado depois do que me aconteceu. Nada me importava, até...

Luigi para num canto escuro da sala e passa a mão na parede, me dá um calafrio quando penso que ele irá me mostrar a mão cheia de poeira porém não acontece o que eu esperava. Quando sua mão toca a parede, uma luz se acende e ilumina a base do quadro pendurado na parede, antes escondida pela escuridão.

No quadro, estava uma fotografia grande minha com a minha barriga ainda pequena, reconheço a imagem imediatamente, tinha sido uma das primeiras fotos que Giulia tirou de mim no início da gravidez.

Meu italiano gato se desloca novamente para o lado direito da sala escura e passa a mão em outra parede. Outra fotografia minha é revelada, agora uma mais recente mostrando o tamanho da barriga atualmente.

- Até conhecer uma mulher muito linda, que me confundiu com um garçom e teve a coragem de me usar como fotógrafo particular - ele diz erguendo uma sobrancelha para mim.

- Você reclama, mas aproveitou bem a situação - respondo e ele morde o lábio inferior, claramente se lembrando do momento em que me prensou contra o espelho e me deixou totalmente perdida.

- Eu precisava aproveitar a situação, depois de saber que a mesma mulher que me confundiu com um garçom foi a mesma que colocou o apelido ridículo de Kai em mim - sorrio sem graça, nem acredito que disse aquelas coisas na frente dele sem saber quem ele era de verdade. Eu poderia está morta - sabia que eu pretendia me vingar?

- Mesmo? E por que não se vingou? Por acaso naquela época você se apaixonou por mim e viu que não podia mais viver sem mim? Percebeu que a sua vida monótona e chata de mafioso não tinha tanta emoção sem mim? - brinco e ele ri.

- Não, na verdade achei que você tinha alguns parafusos á menos - ele confessa, ponho as mãos no quadril fechando a cara rapidamente - depois percebi que era verdade - mostro a língua pra ele - quando eu deixei você naquele hotel, estava disposto á esquecer a vingança. Porém quando eu voltei e encontrei você dormindo na rua, não resisti e te levei para aquele hotel. Uma coisa foi levando á outra e quando dei por mim já estava apaixonado por uma maluquinha sexy.

- Vou perdoar você só porque me chamou de sexy - me faço de difícil, sabendo que assim que ele abrisse o sorriso ou se aproximasse de mim, qualquer barreira que levantei se desmoronaria.

- A verdade é que você foi como uma luz no fim do túnel para mim, Carolina - Luigi se aproxima de mim, ficando entre minhas pernas - seu jeito extravagante e descontraído me fez quebrar várias barreiras que eu tinha colocado ao meu redor como um mecanismo de defesa. Tão imprevisível, maluca e ao mesmo tempo tão aconchegante. Toda vez que eu estava perto de você, me sentia em paz, sentia como se tivesse encontrado meu lar.

- Naquele dia no aeroporto, quando você tentou ir embora sem me dizer para onde estava indo, me lembro de me sentir traído e sufocado. Eu não sabia para onde você estava indo e aquilo me irou de uma forma que tudo o que fiz foi procurar por você, brigar com você, prender você perto de mim. Mas quando eu te vi parada naquele banco na rua, um alívio me preencheu e uma alegria descabida se apoderou do meu peito. E momentos depois você estava nos meus braços, me senti em casa outra vez.

Sorrio da declaração de Luigi e sinto meus olhos se encherem de lágrimas que eu não tinha intenção nenhuma de derramar. Meu italiano gato tinha se sentido tão solitário todo esse tempo, sem ninguém por perto para lhe mostrar as coisas boas da vida como: sair para comer fora, fofocar sobre a vida alheia ou passar horas deitado na cama fazendo coisas obscenas com alguém.

A verdade, era que Luigi havia sido abandonado tantas vezes que quando me viu sentada naquele banco de aeroporto, sentiu que pela primeira vez alguém tinha ficado, sentiu que pertencia á alguém.

Pelo que pude perceber, Cassandra o havia abandonado, o Sr.Giovanni estava sempre muito ocupado com o trabalho e antes mesmo dele conhecer Laura e Giulia e compartilhar pela primeira vez a sensação de ter uma família, ele estava sozinho. Abandonado e solitário.

Até me conhecer e preencher o vazio que faltava.

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