Grávida de um mafioso romance Capítulo 169

- Pode parecer um clichê e um pouco brega, mas espero que você goste - Luigi se abaixa e pega algo debaixo da mesa, olhando para baixo encontro uma extensão de fios e tomadas, assim que ele conecta as tomadas, várias luzes iluminam a sala escura.

Com a ajuda das luzes acesas eu conseguia enxergar o lugar com mais clareza, assim como conseguia ver nitidamente as fotografias de nós dois em cada canto que eu olhasse. Era como um santuário, como se eu estivesse dentro de um grande álbum com várias lembranças. Cada sorriso contido nas fotos emolduradas em quadros dourados, me fazia voltar ao tempo em que tudo ainda estava bem, em que Luigi e eu conseguíamos nos entender.

Quando tudo era mais fácil...

Admirada com tudo ao redor, as fotografias entravam em contraste com a casa em ruína e as luzes amarelas. Parecia uma exposição particular rústica super romântica e o fato de estarmos na Itália deixa o encanto ainda maior.

A forma como Luigi introduziu e usou a casa velha ao seu favor era genial e loucura ao mesmo tempo. Luigi não parecia ser como qualquer outro homem e estava bem óbvio, não só por ele ser um chefe da Máfia italiana mas porque ele era diferente.

Ele era fofo e safado na mesma intensidade, era protetor e dominante. E não fazia questão de ser comparado com mais um namorado ou noivo, ele gostava de se esforçar para me surpreender.

E uso essa casa abandonada como exemplo, essa declaração meio boba e cheia de sentimento. Luigi não queria fazer como a maioria dos namorados, que enfeitam o quarto com balões em forma de coração, pétalas espalhadas pelo chão fazendo um caminho até a cama onde estava escrito com mais pétalas vermelhas um pedido romântico. Ele gostava de fazer diferente, fazer do seu jeito.

- Carol - Luigi se levanta de onde estava agachado no chão, abandonando os fios e tomadas para por suas mãos em mim, em cada lado do meu rosto - cada pequena lâmpada iluminando esse lugar abandonado é uma frase sua, uma risada escandalosa sua, um beijo seu, uma piada ruim sua, uma atitude sem sentido sua, um erro seu, uma lembrança boa sua...e todas essas lâmpadas, todos esses pequenos gestos seus me iluminaram por dentro, me fizeram sentir algo que eu sequer imaginava que conseguiria sentir por alguém novamente - Luigi agora acariciava meu cabelo, passando os dedos lentamente entre os fios lisos.

- Depois da Bárbara, achei que estava completamente devastado por dentro, achei que não tinha sobrado nada de bom. Esses anos que passei morando no exterior, me dediquei ao máximo para recuperar o tempo "perdido" e me tornar um sucessor à altura do meu pai. Me dediquei por completo para ficar em seu lugar e no dia do casamento da Giulia, eu voltei para Roma pronto para seguir em frente na minha nova vida, porém eu trombei com você e tudo pareceu bastante incerto naquela fração de segundo. E então tudo mudou - Luigi aproxima o rosto do meu, unindo nossas testas e narizes - você veio como uma segunda chance do destino para mim, veio como um fio de esperança que agarrei com força e nunca mais soltei. Você me salvou, Carolina.

- Isso é lindo demais, perfeito demais - digo me distanciando dele e me forçando á puxar meus pés para pousarem no chão. Apesar dos últimos acontecimentos provarem que Luigi não me traiu, isso não muda o fato dele sempre acabar mentindo para mim invés de me contar a verdade. Ele sempre esconde algo e isso acabou matando nossa relação - mas não sei se consigo prosseguir com isso, está claro que não vai dar certo. Depois de tantas mentiras e brigas, estou cansada. Não estou negligenciando todos os momentos maravilhosos que tivemos e nem os sentimentos que compartilhamos. Só estou dizendo que não consigo perdoar todas as suas mentiras, elas me esgotaram, entende? - meus olhos queimavam e a expressão aflita de Luigi me atinge ao ponto de não conseguir segurar quando as lágrimas caem dos meus olhos.

- Eu queria ser evoluída o bastante para dizer que te perdoo por tudo, mas não sou evoluída á esse nível. Estou ainda me curando das suas mentiras - era a minha vez de segurar o rosto dele entre minhas mãos geladas - eu te amo, amo de uma forma que me fez duvidar da minha sanidade e senso, entretanto não sei se esse amor vai ser capaz de vencer essa mágoa e desconfiança que desenvolvi por você. Sou o tipo de pessoa que perde a confiança muito fácil em outras pessoas, mas por incrível que pareça você foi a única pessoa que dei mais de duas chances e confiei cegamente - ele afasta com o dedão uma lágrima que escorria pela minha bochecha - você estava certo em dizer naquela noite que eu não conseguiria viver sem você. Uma parte de mim morreria se ficasse longe de você porém uma parte mais forte diz que terminar com tudo isso e preservar o que tivemos de bom no passado... - seguro minha barriga - e no presente, seja a melhor escolha para nós dois. Não tem como nossa relação ter um final feliz, Luigi.

Meu italiano gato fecha os olhos e fica alguns minutos em silêncio, respirando profundamente e talvez pensando em algo que me possa mudar de ideia, mas seria impossível, minha decisão estava tomada.

Acho que sempre soube, desde que aceitei ser sua noiva, sabia que isso não daria certo, não acabaria bem. Eu poderia muito bem ser a Carolina de antes e fechar os olhos para todas essas inseguranças e verdades estampadas na minha cara e viver com Luigi. Porém como todo mundo tem um limite, o meu se esgotaria uma hora ou outra e acabaria envenenando nossa relação de tal forma que nenhuma lembrança boa poderia ser guardada. Nós viveríamos em pé de guerra, sempre com uma mentira envolvida no meio da discussão, sempre com uma desconfiança e até um ciúme atrapalhando nosso relacionamento. Quem sabe, a nossa relação razoável se transformasse em uma relacionamento tóxico e superficial como a maioria dos casamentos por aí. E isso era tudo o que eu menos desejava.

- Foi como meu pai falou: o que começa mal, termina mal - Luigi ri me deixando surpresa pela atitude inesperada, mas assim que ele abre os olhos e eu vejo o quão vermelho eles estavam, fica evidente o seu sofrimento. O puxo para um abraço apertado, como se esse gesto fosse diminuir sua dor e decepção. Sei que ele tinha grandes chances de fazer o que tínhamos dar certo, entretanto nossa relação estava fadada ao fracasso. Igualmente como o pai dele disse: o que começa mal, termina mal.

E tudo entre nós começou com uma mentira e terminou com uma verdade...

- Carolina - ele sussurra se desvencilhando do meu abraço e olhando nos meus olhos - eu sabia que isso aconteceria e sei que tudo o que aconteceu foi minha culpa - tento protestar mas ele põe o dedo na minha boca para me impedir de interrompê-lo - não vou lutar uma guerra perdida, o melhor que posso fazer agora é deixar você partir, não dizem que se você ama uma pessoa tem que deixar ela partir? - ele sorri e uma lágrima desce pela sua bochecha, se perdendo na barba rala e bem feita - vou guardar tudo o que vivemos e sentimos porque sei que foram verdadeiros. E como último pedido, quero pedir que você passe essa noite comigo, como uma despedida - quando estou prestes á dizer que não seria uma boa ideia, ele me interrompe como se já soubesse minhas próximas palavras.

- Não quero transar com você. Quero fazer amor com você, la mia vita - Luigi acaricia minha bochecha, contornando a curva da minha mandíbula e descendo pela extensão do meu pescoço - quero te tocar, te sentir profundamente - sua mão agarra o colar e desce até o pingente que estava no centro do meu decote discreto - quero sentir pela última vez que você ainda me pertence - ele abaixa a voz num sussurro - minta para mim e diga que ainda é minha, agora e para sempre.

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