O Acordo Perfeito(Completo) romance Capítulo 50

― Me solta. ― Pedi mais uma vez puxando minha mão, sem sucesso.

― Onde está aquele putinho que estava com você, vadia? ― A pergunta veio carregada de ódio. Minha pele estava em alerta ao passo que o medo invadia cada uma das células do meu corpo. A sensação era de que eu poderia morrer ali naquele momento. O que poderia muito bem ocorrer, eu não tinha muito conhecimento do futuro para saber.

― Ele deve aparecer logo. ― Menti. Como sempre acontece, minha cara deve ter evidenciado a mentira deslavada, porque o homem gargalhou alto apertando minha mão ainda mais forte entre seus dedos. A região certamente ficaria vermelha.

― É bom que apareça mesmo, vadiazinha. Depois de ele ter me feito perder o meu emprego, a minha vingança é que ele veja eu comendo a putinha dele. O que acha? ― Arregalei os olhos tomada de pavor por segundos, mas logo tentei soltar-me dele e acertá-lo nos países baixos, onde sempre era certeiro em fazer um homem guinchar de dor. No entanto, Shaudi foi mais rápido do que eu e foi com um susto que recebi uma pancada na cabeça caindo desorientada no chão. Tentei ver exatamente onde Shaudi estava, mas não precisei me esforçar muito quando ele me puxou pelas pernas até uma região ainda mais deserta, próxima de uns sacos de lixo e uns contêineres pulando em cima de mim.

Senti uma repulsa sem tamanha enquanto tentava, sem força nos braços, afastar o homem de mim. Busquei ar e senti que sangue escorria na direção do meu olho esquerdo, mas, ainda assim, continuei na luta ensandecida em manter o meu corpo sem toques do babaca. Minhas mãos tentavam empurrá-lo, mas então o que parecia um tijolo, provavelmente com o que ele batera na minha cabeça, foi prensado numa das minhas pernas, na região da pantorrilha, e eu gritei de dor sentindo a região queimar como brasa, ao mesmo tempo que parecia que secretamente o osso havia se estilhaçado.

― Socorro, alguém me… ― Não consegui concluir. Engasguei com minhas próprias palavras e tentei tirar as mãos de Shaudi que estavam no meu pescoço impedindo o fluxo de ar, impedindo que eu respirasse e pudesse gritar ou ter forças para movimentar meu corpo. Ainda assim, a minha pele fervilhava e eu tentava movimentar o que ainda funcionava razoavelmente bem, empurrando Shaudi sem sucesso.

Lágrimas começaram a se avolumar no canto dos meus olhos. A ideia de que se eu não morresse ali, ia sofrer muito, já perpassava a minha cabeça e me causava uma dor sem igual. Não, eu não ia desistir sem lutar. Preferiria morrer ao ter um brutamontes como Shaudi invadindo e reivindicando o meu corpo como seu.

Tentei socar seu pulmão, mas meus braços já estavam perdendo a força enquanto pontos pretos salpicavam a minha visão e a sensação era de que eu poderia desmaiar a qualquer momento. Queria gritar e pedir por mais auxílio, mas quando Shaudi finalmente permitiu o fluxo de ar novamente, a única coisa que consegui fazer naqueles poucos segundos foi buscar com ânsia por um pouco mais de ar que fosse, engasgando e tossindo ao mesmo tempo e pedindo por mais ar. Os músculos doíam enquanto se esforçavam para me dar o máximo de ar que pudessem suprimir possível, mas era tudo paliativo quando o canto do meu olho percebeu que ele já abaixava as calças com um sorriso nojento no canto dos lábios.

― Socor… ― Tentei novamente, mas comecei a tossir e Shaudi dessa vez só colocou a mão na minha boca, infelizmente sendo suficiente para me calar. Meu corpo já estava dolorido do cansaço, mas, ainda assim, tentei uma última luta final.

Meu dedo voou na direção do seu olho e eu tentei cegá-lo. Ele se afastou com o olho sangrando pela minha unha enfiada no seu olho e eu tentei me rastejar para longe dele, minha perna inválida tornando tudo ainda mais difícil. Não permiti que lágrimas viessem. Ainda não era o momento. Eu ainda estava em perigo. Ainda precisava fugir.

Consegui rastejar-me para pouco mais de dois metros de distância dele quando seu tijolo me atingiu nas costas e eu cai de bruços do arrastamento no chão. Tentei me levantar novamente, mas o babaca do cavalo me puxou pelas suas mãos me colocando no seu colo enquanto puxava meu cabelo entre seus dedos para que eu o olhasse nos olhos. Por fim, cuspi no seu rosto e me assustei ao receber um tapa no rosto seguido de uma risada demoníaca demais para ser chamado de ser humano.

― Gosto assim. De vadias que lutam. Fica muito mais divertido. ― Ele disse numa risada gutural. Já sem forças, demorei para entender o que estava acontecendo.

Num momento, o homem apertava minhas nádegas, na outra, ele caíra para o lado parecendo desmaiado. Observei Grace que segurava uma tampa de lixo, me assustando ao perceber que fora ela que salvara a minha vida. Continuei a encarando, segurando a tampa de lata de lixo. Tinha um monte de perguntas para fazer, coisas como quando ela me achou? Como ela me achou? O que fazia ali me defendendo? Logo eu? No entanto, não tive sorte de fazer qualquer pergunta, gritando ao perceber o tijolo voando na direção de Grace que com o baque do instrumento caiu no chão desmaiada.

A minha única reação foi atacar Shaudi. Bati sua cabeça várias vezes no chão até ter certeza que ele havia desmaiado, chorando e querendo me ver livre de ter matado quem quer que fosse. Mais do que isso, que eu pudesse salvar Grace que por um ato de bondade, mesmo grávida, se sujeitara a me salvar mesmo podendo sofrer retaliações.

Me arrastei na direção de Grace desmaiada e coloquei sua cabeça no meu colo sentindo a perna fisgar e o meu sangue pingar na sua blusa branca. As lágrimas, finalmente, surgiram, e com elas peguei o telefone trêmula, discando o telefone de Ham, o que só consegui depois da segunda tentativa. A espera foi outro martírio e minhas lágrimas ficavam ainda mais fortes quando Ham finalmente atendeu:

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: O Acordo Perfeito(Completo)