Peter
O escritório estava mergulhado no silêncio, mas dentro de mim, tudo gritava.
Sentei-me na cadeira de couro, os olhos fixos na tela do computador. As horas avançavam, mas meu foco estava disperso. Cada segundo parecia uma contagem regressiva para algo que eu não sabia nomear.
Então, o som da notificação ecoou pela sala.
Meu olhar se fixou no celular ao lado do teclado. O brilho da tela refletiu no vidro da mesa, como um presságio.
Peguei o aparelho e deslizei o dedo pela tela.
O e-mail se abriu.
Assunto: Quebra de Contrato e Multa Contratual – Delux Entertainment
O ar pareceu desaparecer dos meus pulmões.
Cada palavra perfurava minha mente como um golpe seco.
Vancelos estava me processando.
Apertei o telefone com mais força, meus olhos percorrendo cada linha do documento digital.
"Após três anos da assinatura do contrato, menos de 20% do projeto foi concluído. Como estipulado na cláusula 6.2, ao menos 50% da entrega deveria estar operacional até esta data. Em decorrência da ineficácia do serviço prestado, a multa contratual foi solicitada e já tramita na justiça."
Minha visão ficou turva por um instante.
A multa era exorbitante.
O processo já estava em andamento.
Meu nome estava manchado.
Soltei um riso seco, carregado de incredulidade.
"Impossível…" murmurei, sentindo o choque inicial se transformar em algo muito pior.
Fúria.
Meus dentes rangeram. Meus punhos se fecharam até que as articulações estalassem.
Vancelos me chutou para fora.
Aquele desgraçado...
O peso do celular na minha mão parecia insuportável. Aquela tela fria estava decretando a ruína do meu império.
E foi então que a porta se escancarou violentamente, batendo contra a parede e Owen entrou como um furacão.
"O QUE DIABOS É ISSO, PETER?!" Ele atirou um tablet sobre a mesa, a tela ainda mostrando a notificação do processo.
Levantei os olhos para ele, minha raiva fervendo. "Se você não sabe ler, eu posso soletrar para você, seu imbecil."
Owen bufou, passando as mãos pelos cabelos. "Isso já é o segundo processo que a empresa toma em menos de três meses! Você está nos afundando, PORRA!"
Eu levantei da cadeira num rompante. "CUIDADO COM O QUE VOCÊ DIZ!"
Ele bateu os punhos sobre a mesa, o rosto ruborizado de ódio. "Quer que eu tenha cuidado? Você está destruindo a empresa! Onde está indo todo o dinheiro, Peter? Você acha que eu não vejo? As contas não fecham!"
Dei a volta na mesa, me aproximando dele. "Eu não preciso explicar nada para você."
"Precisa sim, seu merda!" Owen se aproximou ainda mais, seus olhos faiscando. "Você está pegando dinheiro da nossa empresa para alimentar sua guerra ridícula contra Leonardo Martinucci? É ISSO?!"
Eu ri, uma risada amarga. "Você acha que isso é só sobre dinheiro? Esse filho da puta me roubou! Ele tirou tudo de mim! Agora, ele pegou Vancelos também!"
"VOCÊ É UM INCOMPETENTE, PETER!" Owen explodiu, me empurrando com força no peito.
E então, a sala virou um campo de guerra.
Meus punhos voaram, acertando o lado do rosto dele. Ele cambaleou para trás, mas logo reagiu, jogando um soco direto contra minha boca. O gosto de sangue preencheu minha língua.
Esfreguei os lábios e sorri.
"É só isso que tem?"
Owen rugiu de raiva e veio para cima de novo. Nos agarramos, empurrando móveis e derrubando cadeiras. Golpes eram trocados sem piedade, o som dos ossos batendo na pele ecoava pelo escritório.
Ele conseguiu me acertar no estômago, me fazendo curvar por um instante, mas reagi imediatamente, acertando um soco seco contra sua mandíbula. Ele caiu contra a mesa, arfando, me lançando um olhar carregado de ódio.
"Isso não vai ficar assim." Owen cuspiu no chão antes de se endireitar e limpar o sangue do nariz. "Você vai pagar por essa merda, Peter."
Eu ri, ainda sentindo o sangue escorrer do canto da boca. "Saia da minha sala antes que eu quebre mais do que o seu nariz, seu ingrato."
Ele me lançou um último olhar furioso e saiu batendo a porta com força.
O ar dentro da sala estava carregado.
Minha respiração estava pesada. Minha raiva fervia em meu peito.
Peguei o telefone e disquei para Vancelos.
Chamou uma vez.
Duas.



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