Com um grito cheio de dor e frustração, Heitor atirou a taça de cristal contra a parede. O som dos estilhaços reverberou como um trovão dentro dele.
Pegou o controle da TV e o lançou com tanta força que se pariu em mil pedaços.
A garrafa de uísque? Voou pelo cômodo, espatifando-se num barulho seco e violento.
— Maldita seja, Laura! — rugiu.
— Como você pôde ir embora? Sem nem se despedir? SEM AO MENOS ME OLHAR NOS OLHOS?
Seus punhos estavam cerrados. As veias saltadas no pescoço. O peito arfava como o de um animal ferido.
Ele chutou um vaso. Derrubou os porta-retratos. Jogou os livros no chão. Rasgou a camisa ainda vestida. Como se pudesse arrancar dela tudo o que doía.
Mas não adiantava.
Nada apagava o fato de que ela se foi.
Nada preenchia o vazio que ela deixou.
— Você me deixou... — sussurrou, cambaleando até o bar. Encheu um copo. Bebeu de uma vez.
— E eu... eu só percebi agora...
Encheu de novo. Bebeu. De novo. E mais uma vez.
— Que idiota... que completo imbecil eu fui...
Passou as mãos pelos cabelos, caindo de joelhos no chão.
— Precisei te perder pra entender que eu te amo, Laura. — disse em voz baixa, desesperada.
— E agora... agora você não está mais aqui.
As lágrimas vieram sem aviso. Quentes. Silenciosas. Amargas.
O homem que todos temiam, que o mundo enxergava como invencível… estava ali, despido de sua força. Deitado no chão, cercado por cacos de vidro e memórias que agora doíam como punhais.
O cheiro dela parecia ainda estar no ar.
O som da risada. O toque da pele. A última vez em que ela o beijou, dizendo que tudo ficaria bem.
Mas não ficou.
Ele a perdeu.
E talvez... para sempre.
Deitou-se no tapete frio da sala, o copo ainda na mão, a respiração descompassada. O mundo girava. A dor latejava. A solidão o esmagava.
— Laura... — murmurou, antes de fechar os olhos.
Ali, entre destroços e lamentos, Heitor adormeceu.
Solitário. Quebrado. Amando demais. Tarde demais.
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