Laura não podia acreditar que Heitor a deixaria dormir daquela forma. Algemada. Frustrada. E completamente vulnerável. Nunca sentiu tanto ódio dele como naquela noite.
O corpo ainda ardia de desejo, os braços doíam pelo tempo presa, e a mente girava em círculos entre raiva, culpa e uma vontade absurda de gritar.
Mas não gritou. Ficou ali, em silêncio. Insone. Ferida.
Na manhã seguinte, seus olhos estavam fundos, olheiras marcadas denunciavam a noite em claro. O coração apertado só piorava com a culpa que sentia por estar longe de Joaquim.
O toque insistente do celular dentro da bolsa foi como uma facada.
Ela puxou as algemas num reflexo, mas as tiras de couro resistiram sem ceder.
Bianca. Só podia ser ela, preocupada com seu sumiço ou para falar de Joaquim.
Laura se sentia uma péssima mãe. Estava ali, presa por um homem que a sequestrou emocional e fisicamente, enquanto seu filho provavelmente chorava por sua ausência.
Foi nesse instante que a porta se abriu.
Heitor entrou como se nada tivesse acontecido, vestindo um moletom escuro e uma camiseta justa que marcava os músculos do peito. Os cabelos ainda úmidos do banho deixavam cair pequenas gotas no pescoço. E o cheiro... aquele maldito cheiro amadeirado, másculo, quente, que a fazia se perder mesmo quando queria odiá-lo.
— Bom dia, princesa — disse com um meio sorriso cínico nos lábios.
— Espero que tenha dormido bem. Eu, particularmente, dormi como uma pedra ... depois de me masturbar mais uma vez pensando em você e tive que fazer um esforço enorme para não vir aqui e te dar o que você queria, saciar meu desejo em seu corpo.
Ela sentiu o sangue ferver.
— Desgraçado. Eu te odeio! — ela cuspiu, com a voz trêmula.
— Me solta agora, seu psicopata!
Ele riu baixo.
— Só se você pedir com carinho — respondeu, se aproximando com calma, o olhar queimando.
— Meu celular tá tocando! — ela gritou, desesperada. — Eu preciso atender! Pode ser urgente!
Heitor arqueou uma sobrancelha.
— Ah, é? Então vamos resolver isso. Eu atendo por você. No viva-voz.
— NÃO! — ela se desesperou, puxando os pulsos presos com mais força.
— Por favor, Heitor... só me solta. Eu não quero que você atenda!
Mas ele a ignorou.
Foi até a bolsa dela, abriu o zíper e retirou o celular. A tela piscava com o nome de Bianca.
Sem dizer nada, atendeu. Colocou no viva-voz.
A voz da amiga ecoou no quarto:
— Oi, amiga! Onde você está? Eu liguei a noite toda! Estou muito preocupada com você. O Joaquim também não parou de perguntar por você. Tive que inventar uma desculpa pra ele se acalmar... Laura? Diz alguma coisa... Laura?
Silêncio.
Heitor apertou o botão e encerrou a chamada sem emitir qualquer som. Quando olhou para Laura novamente, seus olhos estavam tomados por um ciúme sombrio, irracional.
— Joaquim? — rosnou. — É por isso que você queria tanto ir embora ontem? Quem é esse cara, Laura? Seu novo namoradinho?
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