O sol mal havia surgido no horizonte quando Heitor desceu do carro preto e atravessou o jardim silencioso da mansão. O ar da manhã ainda estava frio, e o silêncio só era quebrado pelo som dos passos dele sobre o cascalho úmido.
Era cedo demais para uma visita. Mas ele não conseguia esperar mais.
Quando a porta foi aberta pela governanta, ele não disse uma palavra. Apenas assentiu com um leve gesto de cabeça e entrou. O interior da casa exalava perfume suave e tranquilidade, um contraste cruel com o turbilhão dentro dele.
Encontrou Laura na varanda dos fundos, de camisola clara e um robe leve sobre os ombros. Os cabelos soltos estavam ainda um pouco bagunçados, o que a deixava absurdamente mais bela. Ela tomava um café, em silêncio, com os olhos perdidos na paisagem.
— Bom dia — ele disse, com a voz baixa.
Ela virou o rosto devagar, surpresa.
— Heitor...? O que faz aqui tão cedo?
— Vim ver como vocês estão. Como está o Joaquim?
Ela sorriu de leve, um sorriso quase irônico.
— Está dormindo. É cedo, e ele ontem ficou brincando com os brinquedos que comprou para ele até tarde.— disse, levantando a xícara aos lábios.
— Eu não sei se foi uma boa ideia Heitor vir para cá ,aqui é afastado de tudo e o Joaquim pode estanhar isso tudo ,ele sempre conviveu com pessoas em volta dele e sinceramente eu também não estou me sentindo bem aqui.
Heitor se aproximou devagar, as mãos nos bolsos da calça social. Estava de camisa branca dobrada até os cotovelos e os cabelos ainda um pouco desalinhados. O olhar, porém, era firme. Sempre era.
— Quer me dizer que está desconfortável aqui?Mas na última vez que te trouxe para cá você pareceu gostar muito daqui.
Laura desviou o olhar por um instante, respirando fundo, como se precisasse de coragem para responder.
— Era diferente, Heitor... — ela disse com a voz mais baixa.
— Da última vez em que estive aqui, eu não tinha o Joaquim. E você não me trouxe para morar... só para passar uma noite.
O peso daquelas palavras pairou entre eles como um fantasma que nenhum dos dois queria nomear. A lembrança daquela noite — intensa, proibida, inacabada — pareceu invadir o ar, tornando-o mais denso, quase palpável.
Heitor apertou os lábios, mantendo o olhar fixo nela. O vento suave da manhã bagunçava os fios soltos de seu cabelo, e ele teve vontade de tocá-la. Mas não o fez.
— Achei que aqui vocês estariam mais seguros — respondeu, por fim.
— Longe da Patrícia. Longe do perigo que ela representa.
— E estamos — ela admitiu, dando de ombros.
— Mas não é segurança que está em jogo, é liberdade. Joaquim é uma criança, precisa de movimento, de gente, de alegria. Aqui é bonito, silencioso... e sufocante e logo ele vai enjoar de brincar sozinho e vai querer está com crianças da mesma idade que ele.
Ele se aproximou mais um passo. Agora, estavam frente a frente. Havia uma tensão elétrica entre eles, uma vibração silenciosa, como se os corpos se reconhecessem mesmo quando as palavras insistiam em manter distância.
— Você está dizendo que quer ir embora?
— Estou dizendo que me sinto isolada — ela corrigiu, sem recuar.
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