Laura sorriu, mas o coração ainda pesava. Pegou um copo com água, tomou devagar e deixou os olhos vagarem pela sala, onde Joaquim brincava com os blocos coloridos no tapete. A inocência dele era um lembrete de tudo que ela tinha a perder… e tudo que ainda podia conquistar.
— Sabe, Bianca… tem uma parte de mim que acha que estou cometendo um erro enorme. Que isso tudo vai terminar em mais dor, mais decepção. Que o Heitor só quer me dominar, me ter como um troféu. E que esse jantar é só mais uma armadilha sedutora para me colocar contra a parede.
— E qual a outra parte?
— A outra parte… — Laura respirou fundo, segurando o copo com mais força
— ...quer muito estar com ele. Não só hoje. Todos os dias. Quer dividir a vida. As decisões. O Joaquim. Até as brigas, se for o caso. Eu só… tenho medo de dar esse passo e depois perceber que estava me entregando a um sentimento unilateral.
Bianca se aproximou e segurou a mão dela.
— O amor sempre envolve risco, Laura. Mas você já arriscou tanta coisa na vida… por que agora vai recuar? Justo quando pode, pela primeira vez, ser feliz de verdade?
Laura sentiu as palavras ecoarem dentro dela. Eram simples, mas certeiras.
— Você acha mesmo que ele me ama?
— Eu tenho certeza. Só não sei se você vai perceber isso antes de perder a chance de viver tudo com ele.
O silêncio pairou entre elas por alguns segundos, até que o celular de Laura apitou novamente. Era uma mensagem de Heitor:
“O jantar estará pronto às 20h. Estarei esperando você.”
Sem emojis. Sem exageros. Mas direto. Como ele. E com algo que a fez sorrir: “esperando você”.
Laura guardou o celular na bolsa com um leve sorriso nos lábios. O simples “estarei esperando você” fez seu coração acelerar como se fosse a primeira vez. E talvez, de certa forma, fosse mesmo. Uma nova chance. Um novo recomeço. Um passo que ela hesitava em dar, mas que, lá no fundo, ansiava desesperadamente.
Ela voltou à sala onde Joaquim ainda brincava com as peças de montar. O olhar inocente e curioso do menino ao vê-la entrar foi o suficiente para que todas as angústias recuassem por um momento.
— Filho... vem aqui com a mamãe — ela disse, abaixando-se e abrindo os braços.
Joaquim correu para ela, risonho, e se jogou em seu colo com a leveza e confiança de quem sabe que ali é o seu lugar seguro.
Laura o abraçou com força, inalando o cheirinho suave da pele dele, sentindo aquela paz que só uma mãe conhece.
— Vamos passar a tarde juntinhos, tá bom? Só você e eu. Depois, você vai dormir com a tia Bianca e o tio Fernando. Pode ser?
— Sim! — ele respondeu animado, com os olhinhos brilhando.
__Vamos assistir seus desenhos favoritos ,meu amor.
Joaquim riu e assentiu com a cabeça.
Bianca apareceu na porta da sala, cruzando os braços com um sorriso divertido.
— Parece que alguém já ganhou o dia.
— Nós dois ganhamos. — Laura disse, beijando a bochecha do filho e se levantando com ele nos braços.
— Obrigada, Bia. De verdade.
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