Do lado de fora, Laura estacionava o carro a poucos metros do local. Tinha chegado a tempo de ver Patrícia e Heitor desaparecerem nos fundos do galpão. Deixou o motor ligado, por segurança, e começou a explorar silenciosamente os arredores.
Sua atenção foi chamada por um leve ruído vindo de um dos cômodos trancados da antiga loja. Com o coração batendo desenfreado, empurrou a porta enferrujada e viu dois pequenos corpos encolhidos no canto, cercados por alguns brinquedos antigos e sujos.
Joaquim e Pedrinho.
Eles estavam juntos, abraçados, os olhinhos arregalados e assustados. Laura correu até eles, ajoelhando-se com rapidez e abraçando os dois.
— Meu amor... meu filho... é a mamãe, estamos indo pra casa... vocês estão bem? Não se preocupem, a mamãe está aqui agora...E você Pedrinho eu sou Laura ,uma grande amiga do Heitor e vou cuidar de você, meu amor e te levar até ele.
___Esta tudo bem mesmo com vocês ?
Ambos assentiram em meio a soluços, e ela os pegou pelas mãos, guiando-os rapidamente de volta ao carro.
Ao colocá-los dentro, com o cinto afivelado e uma manta sobre eles, ouviu dois disparos. O estalo seco fez o mundo girar.
Ela correu de volta.
Um dos tiros aceitou Patrícia e o outro Heitor, que estava no chão, com um dos braços sangrando , Augusto, a poucos metros de distância, mantinha a arma apontada para ele.
— Eu avisei... você devia ter ficado longe. Ja dei um jeito na desgraçada traidora da Patrícia e agora é sua vez de ir para o inferno ,seu riquinho e merda.
Mas antes que o gatilho fosse puxado, um segundo tiro ecoou.
Augusto cambaleou. Atrás dele, Patrícia estava de joelhos, o corpo trêmulo, segurando uma arma pequena que havia tirado da cintura. Tinha sangue nos lábios e os olhos vítreos.
O tiro que disparou atravessou a cabeça de Augusto. Ele caiu morto no mesmo instante.
Patrícia caiu logo em seguida, tombando de lado.
Heitor, com dificuldade, porque também havia trocado socos com Augusto , se arrastou até ela.
Laura chegou bem na hora e viu a cena: ele segurando Patrícia nos braços, tentando estancar o sangue do peito dela.
— Patrícia... Patrícia! Aguenta firme!
Ela sorriu fracamente.
— Pelo menos... agora você sabe... que eu te amei. Eu te salvei meu amor . Mesmo sabendo que nunca ficaremos juntos.
__Te ...amo , Heitor.
Os olhos dela se fecharam lentamente. O corpo perdeu o último resquício de vida.
Laura, em silêncio, aproximou-se. Por mais que odiasse aquela mulher, reconheceu a ironia trágica de seu fim.
A sirene da polícia cortou o silêncio da madrugada. Viaturas chegaram em alta velocidade, junto com a ambulância. Policiais se espalharam pelo local e recolheram os corpos.
Os meninos, foram protegidos por assistentes sociais até que Laura os pegasse de volta. Joaquim se recusava a soltar sua mão.
Os paramédicos chegaram correndo, abriram espaço ao redor dela, tentando afastá-la com delicadeza, mas ela se recusava a soltar sua mão.
— Ele está vivo?! PELO AMOR DE DEUS, DIGAM QUE ELE ESTÁ VIVO!
Um dos socorristas tentou acalmá-la, enquanto o outro examinava rapidamente o corpo de Heitor.
— Ele ainda tem pulso, fraco... mas tem!
Laura chorou mais ainda ao ouvir isso, como se cada lágrima fosse um alívio e um tormento ao mesmo tempo. Mas então, o paramédico que examinava o ferimento no ombro se deteve, franzindo o cenho com gravidade.
— Ele foi baleado pelas costas também... aqui, perto da coluna .A bala pode ter atingido algum órgão vital ou comprometido a coluna...
— O quê...? — Laura sentiu o mundo girar ao seu redor.
— Precisamos removê-lo imediatamente. Ele está muito instável.
A ambulância partiu sob a luz intermitente do amanhecer. Atrás dela, Laura segurava os meninos nos braços,agradecendo aos céus por esse srarem fora de perigo ,mas agora seu medo maior era perde o homem que ama.
Assim que chegaram à emergência, eles começaram a trabalhar com pressa, imobilizando o ombro, aplicando soro e fazendo pressão nos dois pontos de entrada. A tensão era sufocante. Um dos socorristas falava com o hospital pelo rádio:
— Homem adulto, aproximadamente 35 anos, duas perfurações por arma de fogo, eu uma por arma cortante , ombro anterior esquerdo e região torácica posterior. Pressão caindo. Respiração irregular. Enviando sinais vitais. Preparem a sala de cirurgia!
Nessa hora os meninos já estavam seguros com Bianca e Laura caminhava ao lado da maca sendo empurrada, as pernas vacilando, o rosto coberto de lágrimas e seu peito doia ao ver Heitor inconsciente muito machucado naquela maca.

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