Um ano havia se passado desde que Laura e Heitor se casaram, desde que Bianca e Fernando uniram suas vidas com juras de amor e planos de uma família feliz. As tempestades pareciam ter ficado no passado. A calmaria havia se instalado com uma doçura inesperada.
Laura e Heitor seguiam apaixonados, cúmplices, intensos. Bianca e Fernando viviam a plenitude do casamento, e a gestação de Bianca veio como um presente divino. Ela esperava uma menina — Valentina — e a maternidade a tornava ainda mais radiante. Fernando não escondia o orgulho de se tornar pai.
Tudo ia maravilhosamente bem.
Mas naquela tarde, Laura não conseguia explicar o aperto no peito. Uma angústia repentina se instalara, sem razão aparente. Sentada em sua sala na holding Arantes, tentava se concentrar em documentos importantes, mas as letras pareciam embaralhadas. Ela suspirava, passava a mão pelos cabelos, olhava o celular a cada cinco minutos. Não era só saudade de Heitor. Era algo mais.
Do outro lado da cidade, Bianca insistia em sair. Fernando relutou, mas ela sorriu com aquele jeitinho teimoso e doce que ele conhecia tão bem. Afinal, estavam quase no fim da gestação, e ela queria comprar os últimos detalhes do enxoval da pequena Valentina.
Foram para uma loja especializada em bebês. Escolheram roupinhas, cobertores, um novo carrinho de passeio.
Riam, faziam planos, tiravam fotos. Bianca estava radiante. O mundo parecia em perfeita ordem.
Mas o destino é cruel quando resolve girar abruptamente.
Ao voltarem para casa, em uma curva da estrada marginal, um carro atravessou a pista na contramão em alta velocidade. Fernando ainda tentou desviar, mas foi tarde demais.
O impacto foi brutal.
Vidros estilhaçaram, metais retorceram, gritos se perderam no caos.
Fernando bateu com o peito no volante. Bianca, mesmo com o cinto, foi jogada para frente com força. A dor veio como uma explosão em seu abdômen. Ela gritou. Sentiu algo se rompendo dentro dela.
E o mundo escureceu.
Horas depois, o telefone de Laura tocou.
Ela pulou da cadeira como se um raio tivesse atravessado sua espinha. Atendeu com pressa, o coração já em disparada.
— Alô?
— Senhorita Laura? Aqui é do Hospital Central. Infelizmente não tenho uma boa notícia... mas um paciente que deu entrada na emergência pediu para lhe informar que ele e a senhora Bianca Albuquerque sofreram um acidente. Ela está em cirurgia de emergência.
— O quê?! O Fernando? É ele quem pediu para ligar? — Laura cambaleou, sentando-se de novo. As palavras pareciam não fazer sentido.
— Sim, senhora. Ele pediu que avisássemos. A situação é grave. A senhora Bianca deu entrada com hemorragia abdominal severa e quadro de pré-eclâmpsia agravada pelo trauma. Foi encaminhada imediatamente para uma cesariana de emergência.
— Não ...não pode ser ...E o bebê? Meu Deus, o bebê?
— Ainda não temos todos os detalhes. É melhor que a senhora venha o quanto antes.
Laura desligou com as mãos trêmulas. Ligou para Heitor, mas caiu na caixa postal. Pegou a bolsa, o casaco e correu para o hospital como se sua vida dependesse disso.
Ao chegar, encontrou Fernando na recepção, com o rosto ensanguentado, sentado em uma cadeira de rodas, visivelmente atordoado.
— Fernando! — Ela correu até ele, ajoelhando-se à sua frente.
— Meu Deus, o que aconteceu?
Ele a abraçou forte. Começou a chorar ali, como uma criança, a camisa rasgada e a voz embargada.
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