Ele se inclinou para frente, a expressão mudando do sarcasmo para a fúria contida.
— O que você quer dizer com isso, Laura? Vai ter coragem de corresponder ao Fernando? Com a melhor amiga em coma numa cama de hospital?
Ela arregalou os olhos, mas não recuou.
— Claro que não! Eu nunca faria isso com a Bianca. Mas se você não sabe, existem outros homens no mundo além de você, Heitor. Inclusive aqui mesmo, na Holding, tem vários homens interessantes.
— Ah, é? — Ele se levantou num rompante, alto, imponente. Os olhos dele, escuros como tempestade, estavam fixos nela.
— Então faça isso. Vá em frente. Mas se prepare pra ver cada um deles sendo jogado pra fora daqui, por sua causa ,claro aqueles que forem idiotas o bastante para te corresponder,ou até mesmo não quiser manter os dentes na boca.
— Não acha que é muito mais fácil você parar com sua vingança mesquinha ?— ela rebateu, a voz quase trêmula de raiva.
— E colocar a irmãzinha do seu amigo no lugar dela ,ou quer que eu faça isso? Mas adianto que sou tão possessiva quanto você,portanto não me culpe se eu pegar pesado com ela.
— Tudo bem eu faço isso , se você parar de correr feito cachorrinha cada vez que o Fernando te liga! — Ele se aproximou mais, o rosto a centímetros do dela.
— Ele tem a mãe dele pra ajudar com a filha. Você não precisa estar lá o tempo todo como se fosse a salvadora da pátria, ou a babá dele ,que ao m ver já está bem grandinho.
Laura abriu a boca para responder, mas o toque insistente do celular em sua bolsa a interrompeu.
Ela o puxou com impaciência, ainda com a respiração ofegante pela briga, e atendeu sem nem olhar o visor.
— Alô?
A voz do outro lado da linha a congelou.
— Laura? Sou eu, Fernando.
Ela engoliu em seco, sentindo um calafrio subir pela espinha. Havia algo diferente no tom dele — emoção, urgência... alegria?
— Fernando, aconteceu alguma coisa?
— Aconteceu. — ele disse, a voz embargada, como se contivesse lágrimas.
— A Bianca... ela acordou.
O mundo parou.
Laura sentiu as pernas vacilarem e precisou apoiar-se na mesa para não desabar.
— O quê?
— Ela acordou, Laura. Ela está falando... perguntou pela filha, me reconheceu ... vai fazer uns exames agora, Os médicos disseram que é um milagre. Um verdadeiro milagre. Eu... eu precisava te contar.
— Meu Deus... — Laura levou a mão à boca, os olhos se enchendo de lágrimas instantaneamente.
Heitor, que acompanhava tudo com atenção, sentiu o próprio peito apertar diante da súbita mudança nela. A fúria deu lugar a uma emoção genuína, um alívio que a invadia inteira.
— Fernando... eu... eu vou pra aí agora. Quero vê-la.
— Claro, eu vou te aguardar. — ele respondeu, a voz ainda trêmula.
— Obrigado por tudo que você fez. Por não ter desistido dela ,Laura e tem outras coisas que preciso te dizsr mas isso fica para outro momento.
Ele assentiu lentamente. E então, como se um fio invisível os puxasse de volta um para o outro, suas bocas se encontraram num beijo lento, carregado de sentimentos não ditos. Um beijo de recomeço. De promessa. De amor, ainda que ferido.
Laura envolveu os braços no pescoço dele, e ele a abraçou pela cintura com força, como se temesse perdê-la ali mesmo.
Quando se afastaram, os olhos ainda estavam fechados, como se quisessem prolongar o instante.
— Você vai me acompanhar ao hospital, né? — ela perguntou, a testa colada na dele.
— Claro. — respondeu, sério. — Eu também gosto muito da Bianca ,e quero vê -la.
Ela sorriu, com lágrimas nos olhos.
— E depois disso... a gente conversa. Sobre tudo. Inclusive sobre você colocar aquela fulaninha no seu lugar .
Ele riu, puxando-a para um beijo leve e cheio de alívio.
— Tá combinado. Mas só se você tambem promete que agora voltará para mim e para nossa família como antes.
__Sim ,eu prometo .
sussurrou ela, com um sorriso provocador.
E pela primeira vez em semanas, Heitor sentiu que com a volta de Bianca do coma tudo ia voltar para os eixos.
O hospital parecia suspenso no tempo. O cheiro de antisséptico, o silêncio interrompido apenas pelo som de monitores e passos apressados de enfermeiros. Laura caminhava pelos corredores como quem flutuava, o coração aos saltos no peito.

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