Laura hesitou por um segundo, depois foi atrás dele em silêncio. O clima entre eles era tão pesado que parecia quase sólido.
No carro, o silêncio era absoluto. Apenas o som do motor e a respiração deles preenchiam o espaço. Heitor mantinha os olhos fixos na estrada, mas a mente estava longe, mergulhada em um turbilhão.
E se for meu?
A pergunta o martelava por dentro.
Ele não queria admitir, mas sim... havia uma chance real de aquele filho ser seu. Ele e Laura sempre foram intensos. Apaixonados. Ativos. Em qualquer lugar, a qualquer hora. Era impossível negar que aquela possibilidade o abalava profundamente.
Mas e se for do Fernando?
E se ela estiver mentindo só para se livrar da culpa?
E se ela quiser usar essa criança para manipulá-lo?Para tentar fazer com que ele a perdoe.
Heitor apertou o volante com força, os dedos rígidos. Uma parte dele queria acreditar nela. Queria muito. Mas outra parte... a parte ferida, destruída por traumas do passado, por fantasmas como Patrícia e as traições da vida, gritava para não confiar.
Laura era diferente... ou não era?
Ele a olhou pelo retrovisor, porque ela se negou ir no banco ao dele . Ela estava quieta, olhando pela janela, o rosto sério, pálido. Uma mão sobre o ventre, inconsciente, como se estivesse protegendo aquela nova vida.
Será que ela realmente estava falando a verdade? Será que aquele filho era mesmo dele?
Se fosse...
Se fosse mesmo seu filho...
Heitor sentiu algo dentro de si estremecer. Uma mistura de felicidade abafada com um medo aterrorizante.
Um novo filho. Uma nova chance.
Mas também... uma nova ferida prestes a ser aberta.
— Por que tudo em minha vida tem que ser assim, tão difícil ? — murmurou, quase sem perceber.
Laura o ouviu, mas não respondeu. Também estava mergulhada em pensamentos.
Ela olhava pela janela, mas em sua mente revia tudo: as noites com ele, os olhares, os sorrisos, os carinhos. E agora... aquela desconfiança cruel. A rejeição. O medo de criar aquele bebê sem o apoio dele.
Doía. Doía demais.
Ela o amava. Ainda o amava, apesar de tudo. Mas aquele homem frio diante dela.. não era o Heitor com quem havia sonhado construir uma vida. Era um estranho.
Quando chegaram à mansão, os portões se abriram lentamente. Os meninos brincavam no jardim com a babá. Assim que viram o carro, correram em direção ao portão.
— Mamãe! — gritaram, em uníssono.
Laura desceu antes mesmo do carro parar completamente. Correu até eles com lágrimas nos olhos, ajoelhando-se no gramado, abraçando os dois ao mesmo tempo.
— Meus amores... — murmurava, com o rosto afundado nos cabelos deles. .
— A mamãe voltou.
Heitor ficou ali, parado ao lado do carro, observando a cena. Por um segundo, algo em seu peito amoleceu. Aquilo... aquilo era o que ele queria proteger. Aquela imagem de amor. Da mãe com os filhos. Da família.
Mas o orgulho ainda o prendia. O medo. A mágoa.
Talvez o tempo... talvez o DNA... talvez a verdade um dia lhe dê alguma certeza que tanto precisa .
Mas naquele momento, ele apenas virou as costas e entrou na mansão. Porque continuar olhando... doía mais do que ele podia suportar.
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