Heitor se aproximou devagar, como se ela fosse um cristal prestes a se partir. As mãos abertas, o olhar implorando por perdão, por algo que talvez já fosse tarde demais para recuperar.
— Quando vai entender que você é a única mulher que eu quero em toda a minha vida? — perguntou com a voz embargada, tentando tocar um coração que ele mesmo feriu.
Laura riu, mas sem humor, com os olhos arregalados de incredulidade.
— Eu não acredito em você. Se eu chegasse mais um pouco depois, acho que flagraria você transando com ela em sua mesa, como fazia comigo.
Heitor arregalou os olhos, surpreso com a acusação direta, mas não retrucou. O silêncio dele dizia mais que qualquer justificativa.
— Quer saber? É o que eu devia fazer! Como diz o ditado: já que levou a fama, deita na cama! — Ela cuspiu as palavras com amargura, sentindo o gosto ácido da humilhação e da dor.
— Então vai comer aquela vadia! O que está esperando ?— gritou, a voz embargada por um choro que ela se recusava a deixar cair.
De repente, um súbito aperto no abdômen de Laura fez com que ela cambaleasse. Ela se agarrou ao corrimão do elevador, ofegante e pálida.
— Ai… — murmurou com dor.
Heitor, ao seu lado, arregalou os olhos, sentindo o coração disparar.
— Laura? O que foi? — Ele a segurou pelos ombros. — Você tá bem?
— Não… acho eu senti uma contração ....
De repente um líquido quente escorre pelas suas pernas.
__A bolsa estourou ...a nossa filha ....vai nascer.Dise Laura sentindo outra pontada.
O pânico ameaçou se instalar, mas antes que pudessem reagir, o elevador deu um forte solavanco, as luzes piscaram e o movimento parou abruptamente, travando entre dois andares.
— Não… não agora! — Laura sussurrou, assustada, sentindo outra contração.
— Calma, amor. Eu tô aqui. Vai ficar tudo bem — disse Heitor, tentando esconder o próprio desespero.
Ele pegou o celular, mas não havia sinal. Tentou apertar o botão de emergência, mas nenhuma resposta veio. Estavam presos.
As contrações vinham mais fortes e mais próximas.
— Heitor… tá doendo muito… — Ela apertou a mão dele com força, chorando.
— Queria poder sentir essa dor por você , mas não dá amor ....mas você e nossa bebê vai ficar bem ... agente vai conseguir juntos. Eu tô aqui com você.
Heitor ajoelhou-se ao lado dela, suando frio, tentando se manter calmo. Pegou a camisa e tirou, preparando-se para receber o bebê ,assim que Laura deitou no chão se recostando na parede de aço do elevador.
As contrações foram ficando cada vez mais forte e Heitor sabia que precisava ficar calmo para ajudar a mulher que ama trazer sua filha ao mundo.
— Você é a mulher mais forte que eu conheço. Respira comigo. Vai dar tudo certo.
Laura gritava de dor, lutando contra o medo e a exaustão, o corpo tremendo.
— Eu… não sei se consigo… — murmurou entre lágrimas.
Engoliu seco, passando a mão trêmula pelo cabelo suado dela.
— Você não pode me deixar sozinho… nem agora… nem nunca. Eu preciso de você… os nossos filhos precisam de você… — a voz dele falhava, embargada pela dor.
— Você é a razão da minha existência ,Laura… não pode ir embora… não pode…
A cada segundo de silêncio, o peito de Heitor se apertava mais. A culpa, o medo, o amor — tudo misturado, sufocando-o.
— Por favor… volta pra mim… eu imploro…
Foi então que, quando ele menos esperava, ouviu um sussurro fraco, mas inconfundível:
— Eu não vou te deixar, nem você… nem os nossos filhos…
Heitor arregalou os olhos, o coração disparando no peito. Olhou para ela, que lentamente abria os olhos, com um sorriso cansado, mas cheio de vida. Antes que ele pudesse reagir, ela completou com a voz rouca e um tom de brincadeira:
— Aquela piriguete que queria roubar você de mim… vai ficar a ver navios... porque você senhor Arantes vai ter que me aturar por muito tempo ainda .
Heitor soltou um riso entre lágrimas, misto de alívio e emoção. Se inclinou, encostando a testa na dela, enquanto sussurrava:
— Meu Deus… você voltou pra mim…
E naquele instante, tudo o que importava era que ela estava viva. E com ela… o mundo dele estava inteiro de novo.
Logo o elevador voltou a funcionar com um leve solavanco. Heitor apertou Laura contra o peito com mais força, como se temesse que, ao se mover, ela desaparecesse de seus braços. A filha recém-nascida estava aconchegada ao lado dela, ainda envolta na camisa que ele usara como cobertor improvisado.

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