Assim que as portas se abriram no térreo, Heitor saiu como um raio, o olhar desesperado varrendo o saguão do prédio. De alguma forma, alguém deduziu que algo havia ocorrido com Laura, como se o universo tivesse conspirado a favor deles. Uma equipe de socorristas já os aguardava, avisada por alguém que escutara o pedido de ajuda abafado pelo sistema de emergência.
— Aqui! Ela está aqui! — gritou ele, a voz embargada, carregada de urgência e esperança.
Os paramédicos correram ao seu encontro. Em poucos segundos, Laura foi colocada cuidadosamente em uma maca, com a bebê nos braços. Heitor seguia ao lado, sem soltar sua mão nem por um instante.
Foram levados rapidamente ao hospital, onde mãe e filha receberam o atendimento necessário. Os batimentos estavam estáveis, a bebê saudável, e Laura, apesar do susto e do esforço, estava se recuperando bem.
A médica se aproximou de Heitor com um sorriso admirado e sincero no rosto:
— Parabéns, papai. Você manteve a calma e agiu rápido. Fez um parto seguro, mesmo numa situação tão extrema. Isso salvou a vida delas.
Heitor respirou fundo, como se só naquele instante percebesse a dimensão do que havia acontecido. Seus olhos marejaram outra vez, mas dessa vez… de alívio e gratidão.
Ele se aproximou de Laura, que estava deitada, cansada, mas com os olhos brilhando de emoção. Segurou a mão dela e sussurrou:
— Você é incrível… as duas são. Obrigado por fazer parte da minha vida ,por voltar pra mim.
Ela sorriu fraco, mas com ternura:
— Eu te prometi… não vou deixar você… nem os nossos filhos.
A noite caiu sobre a cidade com um silêncio suave, interrompido apenas pelo barulho distante dos carros e das luzes piscando nos corredores do hospital. No quarto em que Laura repousava, o clima era de paz e alívio. A iluminação era suave, as cortinas estavam entreabertas, deixando entrar a brisa leve da noite quente de verão . Ela dormia, exausta, mas com um leve sorriso nos lábios. A filha recém-nascida estava no berço ao lado da cama, dormindo tranquila, como se o mundo inteiro fosse só silêncio e amor.
Heitor estava sentado ao lado da cama, os olhos vermelhos de emoção e cansaço, mas sem desgrudar os olhos da mulher que amava. Tinha o coração apertado ainda, como se estivesse com medo de acordar e tudo não ter passado de um sonho. Pegou a mão de Laura com delicadeza e a beijou, como se agradecesse em silêncio por ela estar viva, por sua filha estar bem.
A porta do quarto se abriu com cuidado. Bianca entrou primeiro, com um buquê de flores na mão e os olhos marejados de alegria. Fernando vinha logo atrás, com um sorriso largo no rosto e lágrimas discretas nos olhos. Dona Célia, a última a entrar, trazia nos braços um presente embrulhado com carinho, feito por ela mesma: uma manta de crochê cor-de-rosa.
— Meu Deus… — murmurou Bianca ao ver Laura e a bebê.
— Ela é perfeita… e é uma cópia sua, Heitor apesar de ter alguns traços da Laura, uma mistura linda dos dois.
Heitor se levantou e os recebeu com um abraço apertado.
— Obrigado por virem… Ela está cansada, mas graças a Deus ocorreu tudo bem .
Fernando, então, se aproximou de Heitor com um sorriso sincero. Havia algo novo em seu olhar — respeito, maturidade, compreensão.
— Parabéns, cara. Ela é linda. Vocês formam uma família linda.
Heitor estendeu a mão e apertou a de Fernando com firmeza.
— Obrigado. E... desculpa pelas coisas que eu disse. Eu estava cego, com raiva, com medo de perder a mulher que amo. Mas agora eu entendo. Você ama a Bianca. E ela ama você. E entre você e a Laura… nunca houve nada além de amizade.
— Você chegou trazendo luz pra nossa vida.
Fernando observava de longe, respeitoso. Colocou o braço ao redor de Bianca e cochichou:
— Ele vai ser um pai ainda melhor agora. Dá pra ver no olhar dele.
Bianca assentiu, emocionada.
— Eles merecem ser felizes. Todos nós merecemos.
Naquele quarto de hospital, não havia mais espaço para mágoas nem mal-entendidos. Havia apenas amor, reconciliação e o início de uma nova fase para todos.
O carro preto passou pelos portões da mansão, e o coração de Laura bateu mais forte. Nos braços, ela carregava Maria Clara, dormindo serena, aconchegada na manta rosa claro. Era como carregar o próprio coração fora do peito.
Heitor, ao volante, estava calado, mas seu sorriso suave denunciava a emoção que transbordava. Aquela casa já tinha testemunhado tantos momentos dolorosos… mas agora se preparava para viver um dos mais felizes: a chegada da filha caçula, a pequena Maria Clara.
Na varanda, Pedrinho e Joaquim pulavam animados, vigiando a entrada com os olhos brilhando de ansiedade.
Dona Lourdes, sempre firme e carinhosa, estava logo atrás, mantendo o olhar atento nos meninos, embora tão ansiosa para conhecer Maria Clara quanto eles.

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