Com a partida de Fernando para o estaleiro, Bianca decidiu aceitar o convite de dona Célia para conhecer melhor a cidade e acompanhá-la em algumas compras. Queria distrair a mente, e, acima de tudo, mostrar que era forte — por mais que a presença de Alice naquela casa ainda fosse um espinho cravado fundo em sua tranquilidade.
As duas passaram a manhã explorando lojinhas charmosas e boutiques elegantes. Célia, sempre empolgada, fazia questão de encher Bianca de presentes — “é para minha nora e minha netinha!”, dizia com os olhos brilhando.
Depois de horas andando, pararam para tomar um suco na praça de alimentação de um shopping. Bianca tirou os óculos escuros e soltou um suspiro, aliviada por finalmente sentar.
— Bianca — começou dona Célia, em um tom mais baixo, quase tímido.
— Eu queria te pedir desculpas… por ter hospedado a Alice na minha casa, mesmo sabendo de tudo o que aconteceu entre ela e o Fernando… quando vocês estavam em São Paulo.
Bianca a olhou, surpresa pela sinceridade repentina.
— Minha irmã me pediu, insistiu muito. E eu… fiquei sem jeito de dizer não. Ela sempre foi muito protetora com a Alice. Me vi num beco sem saída — desabafou, parecendo verdadeiramente arrependida.
Bianca ficou em silêncio por alguns segundos antes de responder com suavidade:
— Tudo bem, dona Célia. Eu entendo o seu lado. Sei que não é fácil tomar decisões assim… Ainda mais quando envolve família.
Ela fez uma pausa, respirando fundo.
— Não vou mentir, não é nada fácil saber que a mulher com quem meu marido me traiu está sob o mesmo teto que eu. Mas eu vou tirar isso de letra. Porque eu sei o valor que eu tenho — disse, erguendo o queixo com firmeza.
Célia sorriu, emocionada.
— Fico tão feliz de ver como você é segura…
— A verdade é que eu não sou tão segura assim, não o tempo todo. Mas eu acredito no amor que o Fernando sente por mim. E acredito no que a gente construiu. É isso que me dá força. Esse amor é capaz de superar qualquer coisa.
O coração de Célia se aqueceu. Bianca era exatamente o tipo de mulher que ela sonhava para o filho: firme, decidida, mas com um coração generoso. Terminaram os sucos, pegaram as sacolas e voltaram para casa entre conversas leves e risadas ocasionais.
Ao entrarem na sala, rindo de uma piada sobre as roupas exageradas de um vendedor, foram interrompidas por uma voz melosa.
— Poxa, tia… — disse Alice, surgindo encostada no batente da porta, com um beicinho forçado.
— fiquei tão triste de saber que você foi fazer compras sem mim. Era comigo que a senhora costumava sair. Pelo jeito, a Bianca está mesmo tomando todos os lugares que eram meus…
O clima esfriou num segundo. Célia tentou amenizar o peso daquelas palavras:
— Ah, querida… foi tudo tão rápido, só aproveitamos o dia…
Mas Bianca, que agora estava cara a cara com a mulher que dormiu com seu marido , se adiantou, a expressão dura.
— Pelo que eu saiba, quando conheci o Fernando, ele estava sozinho. Não havia ninguém ao lado dele. Porque, se houvesse, eu teria respeitado. Eu não sou como certas pessoas que não dão a mínima se o homem é comprometido ou não.
Alice deu um sorrisinho venenoso.
— Se um homem comprometido vai pra cama com outra, é porque a mulher dele não está dando conta. Não acha?
Bianca ergueu uma sobrancelha, firme como uma rocha.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Prazer sem limites: Sob o domínio do meu chefe.