Ela abaixou o olhar, deixando um suspiro escapar, um suspiro que parecia carregado de frustração sincera… mas, no fundo, era ensaiado.
— Eu sei… mas você não pode me proibir de sentir algo por você. Se pudesse, eu mesma me proibiria. Sei que é errado… muito errado… mas não consigo controlar.
Fernando passou a mão pelo rosto, respirando fundo.
— Diante disso… não acha melhor eu te transferir para ser secretária de outro profissional no estaleiro?
Ela o encarou com olhos grandes e aparentemente inocentes.
— Não é necessário , Fernando .Eu gosto de trabalhar nesse setor. E eu disse que sinto algo por você, mas não que vou dar em cima de você por conta disso. Nosso relacionamento continuará sendo o mais profissional possível. Te dou minha palavra.
O tom era firme, mas os olhos… ah, os olhos diziam outra coisa. No fundo, havia um brilho que não combinava com a promessa feita.
Fernando a observou por alguns segundos, tentando perceber se havia sinceridade ali. Mas estava cansado demais para continuar aquela conversa.
— Tudo bem. Então vamos fazer de conta que você nunca me disse o que acabou de dizer. Vai ser melhor assim.
— Ok. — Ela assentiu com um sorriso suave, discreto, como se estivesse resignada.
— Agora… se quiser ir para casa, está dispensada. Eu também vou encerrar meu expediente por hoje.
— Tudo bem. — Ela se levantou, ajeitando a saia justa com um gesto lento, calculado.
— E obrigada por acreditar na minha palavra.
Fernando apenas acenou, voltando a olhar para alguns documentos sobre a mesa. Paola caminhou até a porta, o som dos saltos diminuindo até que ela desaparecesse no corredor.
Mas, ao virar o corredor, um sorriso pequeno e astuto surgiu em seu rosto. Não, ela não havia desistido de Fernando. Longe disso. As palavras que dissera eram apenas um véu de recato para manter a porta entreaberta. Ela sabia que forçar o interesse agora só afastaria o homem… mas se mantivesse a presença constante, silenciosa, paciente… mais cedo ou mais tarde, a oportunidade apareceria.
Paola era especialista em esperar o momento certo.
Sabendo que Bianca acreditava que eles tinham um caso, e após ouvir de algumas funcionárias — que adoravam fofocar — que Fernando já havia traído a esposa com a prima dele, Alice, bastava criar situações para alimentar ainda mais a desconfiança. Ela já tinha um plano bem definido e pretendia usar o cavalheirismo e a gentileza de Fernando a seu favor.
Pondo seu plano em prática ,ela mesma decidiu criar a oportunidade perfeita.
Esperou até que o estacionamento estivesse praticamente vazio. Caminhou com passos firmes até seu carro, olhando ao redor para se certificar de que ninguém a observava. Com um sorriso discreto nos lábios, tirou um pequeno estilete de dentro da bolsa e, com um único movimento rápido e preciso, rasgou o pneu traseiro. O ar escapou em um assobio suave, quase imperceptível.
Quando se aproximou da entrada do veículo, fez questão de simular surpresa e frustração.
— Ah, não... justo agora. — murmurou alto o bastante para chamar atenção.
E chamou. Fernando, que estava prestes a entrar no próprio carro, notou a cena e se aproximou.
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