Fernando acordou com a cabeça latejando. A boca seca, o gosto amargo da bebida ainda queimando sua garganta. Piscou algumas vezes, estranhando a claridade que entrava pelas frestas da cortina, e só então percebeu que ainda vestia a mesma roupa da noite anterior. O paletó amarrotado, a camisa com marcas de suor. Suspirou fundo, enfiando as mãos no rosto.
Aos poucos, as lembranças vieram como lâminas afiadas: a discussão com Bianca, as acusações, o sexo selvagem que mais parecia guerra, depois o uísque, os risos embriagados, Paola tentando se insinuar, e… o olhar de Bianca, firme, reivindicando o direito de cuidar dele.
Fechou os olhos com força. A imagem que veio à mente não foi o corpo dela entregue a ele no chuveiro, mas a cena maldita que o assombrara noite e dia: Bianca com as mãos no peito de Alex, os rostos tão próximos que pareciam prestes a se beijar. O sangue dele ferveu. O mesmo veneno da dúvida o corroía.
Se levantou de repente, atirando a gravata no chão. Procurou por ela no quarto. Nada. Nenhum sinal de Bianca, nem da filha. O coração acelerou, como se algo o sufocasse.
Tomou uma ducha rápida, vestiu um terno escuro e desceu para o café da manhã, acreditando que a encontraria ali, junto aos pais e Valentina. Mas, para seu espanto, apenas Alfredo e Célia estavam sentados à mesa.
— Bom dia — cumprimentou, tentando disfarçar a tensão. — Onde está a Bianca?
Célia ergueu as sobrancelhas, surpresa.
— Nós pensamos que ela estava com você. — ajeitou a xícara de café. — Bem que estranhei, nem a babá apareceu por aqui.
O peito de Fernando gelou. Apertou os punhos contra a mesa.
— Se a Bianca fugiu com a minha filha… eu não sei do que sou capaz. Eu vou…
A voz dele foi cortada por uma doce melodia:
— Vai o quê?
Ele se virou e a viu. Bianca entrou no salão com Valentina no colo, os cachinhos da menina entre os dedos miúdos enquanto gargalhava. Atrás delas, Maria, a babá, carregando algumas sacolas.
— Bom dia — disse Bianca, firme, como se nada tivesse acontecido.
Célia lançou um olhar de reprovação ao filho.
— Desculpe o comportamento de Fernando, minha querida. Ele anda muito estranho ultimamente… nem parece o menino bom e gentil que eu criei.
Fernando riu sem humor.
— Porque eu deixei de ser menino há muito tempo, mãe. E infelizmente aprendi como as pessoas podem ser falsas e traiçoeiras.
Disse ele se levantando ,Beijou o rosto da filha com ternura, aliviado em tê-la nos braços, mesmo que as palavras envenenassem o ar.
Alfredo, tentando quebrar o clima pesado, puxou assunto:
— E onde você foi tão cedo, Bianca?
— Resolvi passear um pouco com a Valentina. — respondeu ela, tranquila.
— Aproveitei para comprar roupinhas novas, ela cresce rápido demais. Achei melhor sair cedo, já que a pequena estava acordada.
Fernando observava cada palavra, cada gesto dela, como se buscasse uma mentira escondida no sorriso. Quando Valentina puxou sua gravata e murmurou um “papa”, o coração dele quase derreteu.
Mais tarde, já entregando a menina de volta para Maria, ele se aproximou de Bianca:
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Prazer sem limites: Sob o domínio do meu chefe.