Fernando cerrou os punhos. O maxilar travado denunciava a tempestade que rugia dentro dele.
— Você é um grande mentiroso ,Walter l.— cuspiu a palavra, baixo, mas letal.
— Eu consigo ver nos seus olhos. Você pode enganar o mundo inteiro com esse seu sorriso cínico, mas não a mim. Até hoje me pergunto por que eu, idiota que fui, não consegui provar minha inocência. Mas digo agora, olhando direto na sua cara: eu nunca dormi com a sua noiva. Nunca.
Walter girou o copo lentamente, observando o líquido âmbar como se estivesse mais interessado no reflexo do whisky do que na fúria de Fernando. Então ergueu os olhos e sorriu — aquele sorriso que sempre tivera o poder de incendiar a ira alheia.
— Sabe o que é curioso? — disse, com voz aveludada.
— Você ainda se tortura com isso. Ainda sente a necessidade de se justificar. Eu, por outro lado… prefiro manter o ocorrido no passado.
Fernando bufou, descrente. A voz saiu áspera, quebrada pela dor acumulada.
— Não é nada disso. — a voz dele quebrou, carregada de dor mal disfarçada.
— Eu não tenho por que me culpar de algo que não fiz.
Walter ergueu uma sobrancelha, divertindo-se com a reação dele.
— Então, se é assim, por que não relaxa? — soltou, em tom quase brincalhão.
— Deixe esse assunto onde deveria estar: enterrado. É melhor mudarmos de tema.
Fernando estava prestes a retrucar quando a porta do escritório se abriu.
Bianca surgiu, elegante como sempre, os cabelos soltos caindo em ondas sobre os ombros, os olhos atentos e ligeiramente surpresos ao encontrar os dois homens frente a frente. O coração de Fernando disparou ao vê-la. O peso no peito aliviou-se, mas a raiva também cresceu
— porque, naquele instante, ela era a razão de estar ali, enfrentando Walter e todos os fantasmas do passado.
Ele não esperou. Levantou-se e foi até ela, enlaçando sua cintura com firmeza, puxando-a para junto de si. O gesto foi possessivo, quase desesperado.
— Que bom que você está aqui. — murmurou, a
voz grave, tensa.
— Eu já estou louco para sair daqui. Não vou ficar bancando o amiguinho de Walter quando sei muito bem que isso é algo que não somos mais há muito tempo.
Bianca piscou, surpresa com a intensidade dele.
— É tão importante assim o que você tem para me dizer? Não pode esperar eu chegar em casa? — perguntou, os olhos buscando alguma pista na expressão dele.
— Sim. — Fernando respondeu sem hesitar, a voz firme, mas os olhos carregados de uma mistura de dor e urgência.
Ela respirou fundo e voltou-se para Walter, com o profissionalismo que tanto a destacava.
— Está tudo quase pronto para o evento, Walter. Só faltam alguns detalhes que vou revisar amanhã. Mas, agora, vou precisar me ausentar.
.Walter, recostado na poltrona, observava a cena como quem assistia a um espetáculo. Seu sorriso era uma linha afiada de sarcasmo.
— Claro, Bianca. Tudo bem… Mas amanhã cedo quero você aqui. É um evento importante demais para falhas, conto com seu profissionalismo.
Fernando virou-se para ele, a raiva faiscando nos olhos. Sua mão apertou ainda mais a cintura da esposa, como se estivesse marcando território.
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