O coração de Bianca disparou no instante em que reconheceu a silhueta de Fernando do outro lado da porta. Seus olhos semicerraram-se, e os dedos apertaram instintivamente a pequena Valentina contra o peito. Quando finalmente abriu, fez questão de manter o olhar frio, como se a noite anterior não tivesse existido.
— Veio me ameaçar de novo? — perguntou, a voz gélida, mas o tremor em suas mãos a traía.
Fernando, de frente para ela, respirou fundo. A barba malfeita realçava ainda mais os traços duros do seu rosto, mas os olhos estavam carregados de algo além da fúria.
— Não. — respondeu firme.
— Vim conversar. Só isso.
Bianca arqueou uma sobrancelha, cética.
— Conversar? — repetiu, sarcástica.
— Interessante… já que você parece ter esquecido o significado dessa palavra.
Sem esperar, chamou a babá:
— Maura! — A funcionária surgiu logo, ainda com o pijama de algodão, surpresa ao ver Fernando. Bianca entregou Valentina aos braços dela com um beijo na testa da filha.
— Leve-a para o quarto, por favor.
A menina resmungou, sonolenta, mas logo se aconchegou contra a babá e sumiu pelo corredor. Bianca voltou-se para Fernando, cruzando os braços diante do corpo.
— Seja breve, Fernando. Diferente de você, eu preciso realmente trabalhar. — ironizou, cada sílaba carregada de veneno.
Ele suspirou, como quem precisa reunir forças antes de mergulhar em águas turvas.
— Bianca… eu amo Valentina. — começou, a voz baixa, rouca.
— Amo como se fosse minha filha. Aliás… para mim, ela é minha filha. Não importa o sangue, não importa nada. Eu não quero viver longe dela, minha mãe me fez enxergar isso ,que não importa se ela tem o meu sangue ou não ,o que importa é que a amo.
O olhar de Bianca se estreitou. Aquele tom vulnerável o tornava mais perigoso do que qualquer ameaça.
— O que você quer dizer com isso? — perguntou, firme, mas o coração martelava em seu peito.
Fernando deu um passo à frente, diminuindo a distância entre eles. O cheiro do perfume dele, misturado ao aroma de sabonete fresco, invadiu o ar e a fez prender a respiração.
— Quero dizer que vou me mudar para a mansão. A reforma terminou. Era para ser nossa casa, Bianca, e assim será .Quero que você e Valentina morem lá comigo.
Ela riu, sem humor.
— Nem pensar. — rebateu com firmeza.
— Não vou viver sob o mesmo teto de um homem que duvida da minha fidelidade, da minha honestidade. Um homem que me jogou no inferno das suas inseguranças e escolheu acreditar quando eu disse que a minha filha não era sua ,porque me julga uma vagabunda e acredita mais em um mentiroso mau caráter do que em mim que muitas vezes dizia que amava.
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