Ele respirou fundo, os ombros largos se erguendo e baixando, o maxilar firme denunciando a fúria controlada. Sua voz, quando ecoou na sala, veio grave, rouca, carregada de uma ameaça velada que fazia o ar pesar:
— Eu só não vou partir sua cara porque não quero assustar minha filha. Agradeça a ela por você continuar inteiro.
Os olhos azuis de Fernando faiscavam, gelados, e ao mesmo tempo ardentes de raiva. O contraste com a calma aparente em sua postura — mãos relaxadas ao lado do corpo, o terno ainda impecável mesmo depois da noite turbulenta — só aumentava a sensação de poder que emanava dele.
Walter, mesmo tentando manter o ar superior, não conseguiu evitar o desconforto. O simples fato de Fernando estar ali, tão próximo, tão imponente, fazia qualquer bravata soar mais frágil, apesar de odiar Fernando e gostar de irrita-lo com palvras ele sabia que não era páreo para ele se chegarem a via de fatos , Fernando era bom de briga desde os tempos se escola , por ser grandalhão e e ter um físico avantajado ele tinha uma força descomunal..
Bianca engoliu em seco, observando o cenário tenso. Ela sabia que qualquer movimento em falso poderia escalar a situação.
—E você, Bianca, vai se vestir, chega se ficar se exibindo para esse idiota na minha frente ..— acrescentou Fernando, firme.
— Eu vou me vestir sim, mas não porque você está mandando , porque você não me manda — respondeu Bianca, a voz firme, desafiadora, mesmo com o constrangimento da presença de Walter. Saindo da sala, ela deixou Fernando e Walter encarando-se, cada um carregando seu orgulho e desejo.
Assim que Bianca se retirou para o quarto, Valentina, ainda com as bochechas rosadas de sono, estendeu a mamadeira vazia para o pai.
— Papai… acabou. — disse com a vozinha doce.
Fernando pegou a mamadeira e, por um instante, toda a fúria que carregava dentro dele se dissolveu em ternura. Um lindo sorriso iluminou seu rosto, suavizando suas feições duras. O olhar, antes tomado por raiva, se encheu de amor.
— É meu amor ,acabou .— murmurou, orgulhoso, beijando a testa da menina.
Valentina se ajeitou no sofá, mas logo ergueu os bracinhos, pedindo colo. Fernando não resistiu. Pegou a filha com firmeza e carinho, sentando-se novamente com ela no colo. A menina riu quando puxou a gravata do pai, balançando-a como se fosse um brinquedo. Ele riu junto, aquele riso masculino, rouco, cheio de calor, que só surgia quando estava com a filha.
— Você gosta da gravata do papai , é? — disse, brincando com ela, enquanto ela o observava com olhos brilhantes.
A cena parecia saída de um retrato perfeito de família. Fernando, o homem poderoso, sedutor e implacável nos negócios, se desfazia inteiro diante daquela garotinha. Seu mundo, em silêncio, girava em torno dela.
Walter, que observava em pé, manteve o sorriso no rosto, mas dentro dele, a mente escura trabalhava. Aquela imagem de pai e filha, tão próxima, tão forte, era o ponto fraco que ele precisava explorar. Fernando podia se achar invencível, um homem inalcançável, mas tinha uma vulnerabilidade enorme: A filha.
“Está claro que ele a ama mais do que tudo”, pensou Walter, os olhos estreitando levemente. “Está todo derretido com ela… a melhor forma de destruí-lo é usar exatamente aquilo que ele mais ama e protege.”
Um plano macabro começou a surgir em sua mente conturbada.
— Por falar nisso… — disse com naturalidade venenosa.
— vou precisar dos seus documentos, Bianca. Meu advogado vai entrar com o pedido de divórcio litigioso.
A frase caiu como uma bomba.
Fernando congelou por um segundo, e então se levantou lentamente, depositando Valentina com cuidado no sofá. O corpo dele, alto e musculoso, irradiava perigo. A mandíbula travada, as veias saltando nos braços, a respiração pesada denunciavam a fúria prestes a explodir.
— O que esse babaca disse? — rosnou, a voz baixa, carregada de ameaça.
Bianca, sentindo que a qualquer segundo uma briga poderia começar, interveio, firme mas nervosa:
— Nada! Vamos. — segurou o braço de Fernando, tentando apaziguá-lo, antes de lançar um olhar sério a Walter.
— Depois a gente conversa.

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