Walter abriu um sorriso satisfeito. Havia conseguido o que queria: plantar a semente da discórdia e ferir o orgulho de Fernando.
Sem dizer mais nada, Fernando respirou fundo, pegou Valentina no colo e a levou até o carro. Cada gesto dele era uma mistura de ternura e controle. Colocou a filha na cadeirinha com todo o cuidado, ajustando os cintos e acariciando de leve seu cabelo macio. A menina sorriu, alheia à tensão entre os adultos.
Depois, deu a volta e abriu a porta do carro para Bianca entrar. O movimento foi cortês, quase automático, mas a rigidez de seus músculos e o olhar sombrio denunciavam o que se passava por dentro. Assim que Bianca se acomodou, ele fechou a porta sem dizer palavra, contornou o carro e assumiu o volante.
Quando girou a chave e o motor ronronou, Fernando não olhou nem para trás nem para os lados. O semblante estava fechado, sombrio, como se cada palavra de Walter ainda ecoasse dentro dele. Os dedos apertavam o volante com força, os nós dos dedos esbranquiçados, enquanto sua mente queimava com raiva e ciúmes.
Bianca, ao seu lado, sentiu o peso daquela energia intensa. O silêncio no carro era sufocante, cada respiração carregada de coisas não ditas. E, mesmo assim, uma parte dela se sentia estranhamente segura — e perigosamente atraída — por aquele homem que a olhava como se ela fosse dele, só dele, para sempre.
O motor do carro roncava baixo, preenchendo o silêncio sufocante entre eles. O interior parecia pequeno demais, carregado demais. Fernando mantinha o olhar fixo na estrada, as mãos firmes no volante, mas a tensão nos ombros denunciava o que se passava por dentro. O maxilar cerrado, a respiração contida.
Bianca, ao seu lado, ajeitou-se no banco. Sentia o calor que vinha dele como se fosse uma corrente elétrica atravessando o espaço entre os dois. Estava incomodada, inquieta, mas não ousava abrir a boca. No banco de trás, Valentina segurava seu ursinho, balançando as pernas miúdas, feliz em sua inocência, alheia à tempestade que pairava no ar.
O silêncio parecia se estender por quilômetros, até que Fernando quebrou o clima com a voz grave, rouca, carregada de ameaça e incredulidade.
— Que história é essa de divórcio litigioso? Você pediu aquele babaca te ajudar a se divorciar de mim ?— perguntou sem desviar os olhos da estrada.
O coração de Bianca disparou. Ela apertou as mãos no colo, tentando manter a calma. Não queria, mas sabia que precisaria responder.
— Eu não quero falar sobre isso agora — disse, a voz controlada, mas tensa.
— Você sabe muito bem o que acontece sempre que a gente tenta conversar sobre alguma coisa séria.
Fernando apertou mais o volante. A lembrança de tantas brigas, tantas discussões inflamadas, passou por sua mente como flashes. O corpo dele se inclinou ligeiramente para frente, os músculos retesados.
A excitação também percorreu seu corpo,porque sempre depois das brigas ,eles acabavam fazendo as pazes na cama ,ou então transavam mesmo com raiva ,um sexo selvagem,onde raiva e desejo se misturavam.
— E o que acontece? — provocou, sem conseguir se conter.
Bianca suspirou fundo. Não queria brigar, não com a filha ali. Olhou pelo retrovisor, vendo os olhinhos atentos de Valentina fixos no mundo lá fora, distraída, inocente. Aquilo a fez respirar mais fundo ainda.
— Acontece que a gente sempre acaba discutindo — disse, firme.
— E eu não quero que a Valentina cresça presenciando isso. Não quero assustar nossa filha … porque é certo que a gente vai discutir.
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