O sol mal havia despontado no horizonte quando Bianca se levantou da cama. A madrugada inteira havia sido um suplício: entre sonhos agitados e o vazio dolorido de Valentina não estar em seus braços, ela se sentia à beira do colapso. A cada vez que fechava os olhos, via o rosto de Walter, cínico e cruel, repetindo suas palavras como uma sentença — “já que o destino estava ao meu favor, não vou perder a chance de me vingar de Fernando.”
Essas lembranças faziam seu estômago se revirar. Bianca abraçou o travesseiro, imaginando que era sua filha. O silêncio do apartamento pesava, cortado apenas pelo som distante do trânsito começando a ganhar vida. Ela respirou fundo e, com lágrimas ainda frescas nos olhos, tomou uma decisão.
— Hoje eu vou buscar a minha filha e o Fernando não vai me impedir. — sussurrou para si mesma, a voz falhando, mas carregada de determinação.
Fez um café forte, mas o líquido quente não trouxe conforto, apenas um gosto amargo na boca. Vestiu-se sem muito cuidado, escolhendo uma roupa simples, mas decente. O coração disparava só de pensar em enfrentar Fernando. Ele não acreditara nela. As palavras dele ecoavam em sua memória, ferindo mais do que qualquer tapa: a decepção em seu olhar, o julgamento implícito, como se ela tivesse traído tudo o que viveram, mais uma vez deixando claro que não confiava nela e no seu amor.
Mas Bianca sabia que não podia permitir que Walter vencesse. Não podia deixar sua filha crescer afastada dela por causa de uma mentira sórdida.
Bianca respirou fundo antes de bater à porta da casa dos sogros. O dia ainda estava começando, mas a tensão que sentia dentro do peito já a acompanhava desde o instante em que saíra de casa. Cada passo até o portão parecia pesado, como se estivesse carregando o peso de todas as noites mal dormidas e das lembranças cruéis do que havia acontecido com Walter e Fernando.
A porta se abriu quase imediatamente, e Célia estava lá, os cabelos cuidadosamente arrumados, mas o rosto denunciando a preocupação de quem havia passado a madrugada em vigília, esperando notícias. Ao ver Bianca, seus olhos suavizaram por um instante, mas a preocupação logo voltou a marcar as linhas de sua expressão.
— Bom dia, minha querida — disse Célia, a voz carregada de ternura, mas também de ansiedade.
— Eu estava tão preocupada com você… E com ele também. Fernando esteve aqui… parecia fora de si, Bianca. Sério, eu nunca o vi assim. Ele… — Célia respirou fundo, tentando organizar os pensamentos.
— Ele passou a madrugada bebendo, e disse coisas horríveis. Coisas que me deixaram sem chão. Disse que você não prestava… E olha, eu sei que você não fez nada de errado, mas eu fiquei preocupada. Muito preocupada, na verdade achei que meu filho poderia ter procurado você no estado em que estava e sei lá o que faria.Ele sempre foi um bom rapaz , mas quando está furioso como estava eu o desconheço.
Bianca sentiu uma onda de culpa misturada com frustração. Sabia que Fernando havia ficado assim por culpa de Walter, e a raiva dele, por mais injusta que fosse, não podia ser completamente ignorada. Ela respirou fundo, tentando manter a calma enquanto explicava, com a voz baixa, mas firme:
— Célia… você precisa entender… tudo isso foi uma armadilha. Walter… armou tudo.
. Fez parecer que eu estava com ele, mas não era verdade. Meu único erro foi ter aberto a porta para ele e ter acreditado que ele realmente estava sofrendo pela data em que lhe lembrava a morte da esposa e querer consola-lo.
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