Antônio, respeitoso, carregou as malas até o carro. Bianca olhou uma última vez para o apartamento, respirando fundo. Aqui não é mais meu lar. Meu lar é onde Valentina está.
O carro avançava pela estrada silenciosa, e Bianca sentia o coração pesar dentro do peito a cada quilômetro que a aproximava da mansão. O aperto que tinha no estômago era como um nó difícil de desfazer. Ela respirou fundo, tentando acalmar-se. Agora não importava o orgulho, nem as mágoas: estava garantindo a sua convivência ao lado da filha.
Antônio parou diante do grande portão de ferro. O segurança o abriu, e o veículo seguiu pelo caminho ladeado de árvores bem cuidadas.
Quando o carro estacionou diante da entrada principal, Bianca respirou fundo antes de sair. O coração acelerou ainda mais ao ver Célia na soleira da porta, com Valentina nos braços. A menina havia acordado e agitava as mãozinhas, os olhinhos brilhando ao reconhecer a mãe.
— Mamãe! — gritou, estendendo os bracinhos.
Bianca não resistiu. Correu até elas e pegou a filha no colo, abraçando-a com força, como se tivesse medo de que alguém a arrancasse de seus braços.
Sentiu o cheirinho adocicado dos cabelos de Valentina e fechou os olhos, deixando as lágrimas correrem livremente.
— Minha princesa… mamãe está aqui. — sussurrou, apertando-a contra o peito.
Célia sorriu com ternura diante daquela cena. Tocou de leve o braço de Bianca, como quem queria transmitir um pouco de paz.
— Vai ficar tudo bem, Bianca. — disse, a voz baixa e doce.
— Se Fernando quis você aqui, debaixo do mesmo teto, é porque ainda ama você, eu fiz questão de te esperar aqui com minha neta.
Bianca ergueu os olhos marejados, respirando fundo. Aquelas palavras a cortaram por dentro, porque a lembrança da conversa dura com Fernando ainda latejava em sua mente.
— Não, Célia… — respondeu, com a voz embargada.
— Ele mesmo disse que o nosso casamento acabou. Que só me trouxe para cá por causa de Valentina.
Um silêncio pesado se fez por um instante. Célia, porém, não pareceu abalada. Pelo contrário, um sorriso discreto despontou em seus lábios, como se tivesse escutado apenas uma desculpa tola de criança teimosa.
— Ah, minha filha… — murmurou, balançando a cabeça.
— Esse é o jeito dele de não dar o braço a torcer. Fernando está ferido, dominado pelo ciúme. Eu conheço bem meu filho , ele sempre foi impulsivo. Desde pequeno, quando sentia que estava perdendo algo importante, erguia muralhas em volta de si, ver Walter Mendes em seu apartamento, nas condições que ele me disse, fez ele pensar o pior de você e desconfiado como é colocou naquela cabeça dura que você o traiu.
O nome fez Bianca estremecer. Um nó subiu em sua garganta.
— Mas eu não fiz nada, dona Célia. — murmurou, apertando Valentina ainda mais nos braços.
— Eu nunca traí Fernando. Fui vítima de uma armação, e mesmo assim ele preferiu acreditar na mentira daquele canalha.
— Eu acredito em você. — disse Célia, com firmeza.
— E, no fundo, o Fernando também acredita. Mas está cego pelo rancor, pela mágoa, pelo orgulho ferido. Dizer que o casamento acabou foi apenas uma forma de se proteger e de alguma forma te castigar pelo que ele pensa que fez.
Bianca mordeu o lábio inferior, tentando conter as lágrimas. Gostaria de ter aquela mesma certeza, mas a voz fria de Fernando ecoava em sua memória, repetindo que entre eles tudo havia terminado.
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