Mesmo assim, Bianca jamais deixou de amá-lo. Porque, no fundo, sabia que o Fernando que conhecera naquela segunda-feira comum ainda existia. Só precisava descobrir como trazê-lo de volta.
Enquanto isso, em outro ponto da mansão, Fernando também encarava o teto do próprio quarto. O sono não vinha. Por mais que estivesse exausto, o peso das lembranças não permitia descanso. Com um suspiro irritado, levantou-se, calçou o tênis e decidiu se exercitar.
Era madrugada, mas para ele pouco importava. Se o corpo não cedia ao sono, que ao menos liberasse a tensão com esforço físico. A academia da mansão, equipada com os melhores aparelhos, estava sempre à disposição. Tinha mandado construí-la justamente porque quase não tinha tempo de frequentar uma academia fora dali.
Logo o som metálico dos pesos ecoou pelo espaço amplo, misturando-se à respiração cadenciada. Fernando se concentrou na musculação, os músculos retesando-se sob a barra, mas a mente não cooperava. Cada repetição trazia mais lembranças.
Talvez tivesse errado com Bianca. Talvez tivesse sido duro demais em não ouvi-la quando deveria. Assim como Paola e Rodrigo haviam armado contra os dois, Walter também podia muito bem ter feito o mesmo, principalmente porque Walter o odiava e nunca acreditou nele ,quando disse que nunca foi para cama com Olívia , a noiva dele na época.
Fernando fechou os olhos, empurrando o peso com mais força, sentindo a tensão nos braços e nos ombros.
Ele nunca havia se conformado com aquela acusação. Walter jamais acreditou quando jurou que não tinha se deitado com Olívia. Odiava lembrar-se daquela noite.
Olívia — bela, provocadora, insinuante — tinha se jogado nua em seus braços sem pudor algum. Ele havia resistido, recusado, mandado que saísse dali imediatamente. Mas ela o agarrou, insistente, desesperada por atenção, e no meio da confusão ele se desequilibrou. Caíram juntos sobre a cama. Foi nesse exato instante que Walter entrou.
Fernando respirou fundo, o suor escorrendo pelo rosto. Até hoje, a cena lhe parecia um pesadelo. Ele podia entender a reação do amigo. Qualquer um no lugar dele não acreditaria. A imagem falava por si. Mas ainda assim… eles eram amigos. Tinham uma história de confiança, lealdade, quase como irmãos.
O mínimo que esperava era que Walter acreditasse em sua palavra de honra.
E não acreditou.
A barra de ferro tremeu em suas mãos. Fernando sentiu os músculos queimarem, mas não parou. A dor física era preferível ao buraco que ainda carregava dentro do peito, por ter sido acusado tão injustamente principalmente por Olívia que só para se e vingar dele por ter a rejeitado , mentiu dizendo que ele que a seduziu e por isso ela acabou na cama dele , como todas as mulheres que não resistiram a ele.
Olívia tinha sido a tentação mais cruel de sua vida. E, ironicamente, havia sido um “santo” por resistir até o fim. Não havia feito nada, absolutamente nada além de afastá-la.
Bianca estacou na porta, incapaz de se mover. Seus olhos o devoravam sem pudor, mesmo que seu coração estivesse em conflito. Ele podia ter dito que o casamento deles estava acabado, mas no papel, e principalmente no seu coração, Fernando continuava sendo seu marido. E, no íntimo, ela ainda se sentia a sua mulher.
Engoliu em seco, sentindo um calor estranho invadir seu corpo. Ele era, sem dúvida, um deus grego diante dela. Um homem que, mesmo quando a ferira com palavras duras e acusações injustas, ainda era dono do seu coração.
Bianca ainda estava ali , imóvel, admirando Fernando , encostada na porta, o coração disparado. Pensou em sair dali sem ser notada, antes que Fernando percebesse que estava ali. Mas era tarde demais. Ele já a tinha visto. O olhar intenso dele a atravessou como um raio, e, por um instante, sentiu o corpo inteiro congelar.
— Pelo jeito… não consegue dormir — disse Fernando, a voz baixa, rouca, carregada de desejo.
— Aposto que pelo mesmo motivo que eu: saudade do que tínhamos.
Bianca engoliu em seco, o calor subindo ao rosto. O perfume dele, misturado ao suor, a excitava de uma maneira que ela não podia controlar. O instinto de recuar esbarrou na força do próprio desejo que há tanto tempo reprimia. Cada músculo do corpo dele, cada gesto, cada olhar parecia feito para prendê-la, para lembrá-la de que ali, naquela mansão, ainda havia uma força maior que qualquer mágoa: o que eles sentiam um pelo outro.

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