O interior do Porsche estava mergulhado em um silêncio denso, quase sufocante. Apenas o ronco contínuo do motor e o som abafado dos pneus na estrada preenchiam o espaço. Heitor dirigia com as mãos firmes no volante, o olhar fixo à frente e o semblante fechado como uma muralha. A mandíbula estava travada, as veias do pescoço pulsando com força, e seu corpo exalava uma tensão que parecia prestes a explodir.
Algo o tinha irritado. Muito. Laura não precisava ser vidente para perceber.
Sentada ao lado dele, ela se encolhia discretamente, ainda tentando processar tudo o que havia acontecido naquela noite. As palavras dele, ditas diante do pai e da ex-amante, ainda ecoavam na sua mente: “Ela é apenas minha secretária.”
Ela não queria admitir, mas aquilo doeu mais do que deveria. Talvez porque, mesmo sem promessas, mesmo sem rótulos, havia dentro dela a esperança tola de ser mais do que apenas isso.
Mas o que a corroía agora era outra coisa.
O que havia acontecido entre ele e Patrícia enquanto ela estava com Álvaro?
Patrícia tinha olhos de cobra. Língua afiada. E claramente ainda não aceitava outra mulher estar ao lado dele . Será que ela tentou algo? Será que ele retribuiu?
Laura mordeu o lábio inferior, a mente se enchendo de suposições, todas desconfortáveis. O silêncio estava se tornando insuportável, e o caminho que seguiam parecia estranho, desconhecido. Ela olhou pela janela, e o desconforto aumentou.
Foi então que decidiu arriscar.
— Heitor… — ela começou, a voz baixa, mas firme — pra onde estamos indo?
Ele não desviou o olhar da estrada. A resposta veio seca, ríspida, carregada de autoridade:
Ele não desviou o olhar da estrada. A resposta veio seca, ríspida, carregada de autoridade:
— Eu já te disse antes. Pra um lugar onde você vai aprender a me obedecer, Laura.
Ela o encarou de perfil, o coração batendo mais rápido. Ele não estava brincando.
— Heitor… — tentou novamente, agora com um tom mais cuidadoso.
Mas ele ergueu uma das mãos, num gesto claro de impaciência.
— Chega. Fica quietinha agora. Não tô afim de conversar.
O tom dele foi frio, cortante como uma lâmina. Não havia espaço para discussão. Laura engoliu seco, sentindo o estômago revirar. Ela cruzou os braços e recostou-se no banco, tentando esconder a inquietação que crescia dentro dela.
Ele estava diferente. Mais sombrio. Mais possessivo. E ainda mais inacessível.
Mas mesmo assustada, uma parte dela — a parte mais louca, mais confusa — sentia-se estranhamente atraída por aquele lado dominante e imprevisível dele. Era como se, a cada palavra dura, ele a puxasse ainda mais fundo para dentro de seu mundo caótico. Um mundo onde ela não tinha controle.
E onde, no fundo, ela não sabia se queria mesmo escapar.
O carro parou diante de um imponente portão de ferro, guardado por dois seguranças trajados com discrição, mas olhos treinados. Um deles reconheceu o veículo imediatamente e apertou um botão. O portão se abriu lentamente, revelando uma construção imensa ao fundo — luxuosa, moderna, sem janelas visíveis, com paredes de pedra escura e iluminação indireta que criava uma aura quase secreta.
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