O silêncio da sala parecia pesar mais do que qualquer grito.
Laura terminava de revisar os últimos documentos do dia. As mãos tremiam levemente, não apenas pelo cansaço, mas pela dor surda que se espalhava por todo o corpo — não física, mas emocional. Ele a havia dispensado como se o que todos os momentos que compartilharam não tivesse significado nada para ele.
O som da porta se abrindo novamente no fim do expediente fez seu coração disparar.
Heitor adentrou a sala.
Frio. Impecável. Máscara no lugar.
Ela o observou por trás dos cílios, sem saber se a mágoa ou o desejo queimava mais. Ele estava vestido com aquele terno escuro perfeitamente alinhado, os cabelos milimetricamente penteados para trás, os olhos ocultando toda a fúria e contradição que ela sabia que existiam dentro dele.
Durante os primeiros minutos, ele não disse uma palavra. Apenas caminhou até sua mesa, sentou-se, ligou o notebook e começou a digitar com pressa e concentração, como se ela sequer estivesse ali.
A frieza dele a corroía.
Era demais.
Ela respirou fundo. Não podia deixar aquilo assim. Precisava de respostas. Precisava entender.
Num impulso, empurrou a cadeira para trás e se levantou. Caminhou até a mesa dele, os saltos batendo no chão de madeira com firmeza. Parou à sua frente e espalmou ambas as mãos sobre a mesa de vidro. A respiração ofegante, o peito subindo e descendo, a voz tremendo de emoção.
— Foi por isso que me dispensou, Heitor? — perguntou, com a voz firme, apesar do caos interno.
— Porque eu estava confusa? Porque tive medo do mundo novo de prazeres que me mostrou ?Medo do que você me fez sentir ?
Heitor permaneceu calado por alguns segundos. Continuou digitando, como se quisesse ignorar a presença dela. Mas ela sabia que ele a ouvia. Sabia que, por dentro, a tensão crescia.
— Fala comigo — sussurrou ela, com um tom mais baixo, quase suplicante.
Ele finalmente parou de digitar. Tirou as mãos do teclado e entrelaçou os dedos diante de si, apoiando os cotovelos na mesa. Então ergueu os olhos e a encarou. Aqueles olhos escuros, intensos, que sempre a faziam perder o chão.
— Eu te dispensei porque cometi um erro, Laura. — disse com a voz rouca, mas controlada.
— Porque percebi que estava me envolvendo com uma mulher como você... que claramente quer algo mais do que prazer.
Ela franziu a testa, o coração apertando.
— Como assim... "uma mulher como eu"?
Ele a fitou por um longo tempo. Como se estudasse cada traço de seu rosto, cada tremor no canto da boca, cada emoção estampada nos olhos.
— Uma mulher doce. Frágil. Que ainda está tentando entender o próprio corpo. — Ele se levantou, contornando lentamente a mesa até parar em frente a ela.
— Você definitivamente não quer o mesmo que eu e uma relação sem compromisso eu acho que não é o que procura e isso é tudo que eu posso lhe dar.
__Eu acho que quem deve saber o que ou não sou e não você e eu nunca exigi nada além do que tem me proporcionado.
Heitor se levantou de sua cadeira e parou dela, tão próximo que ela podia sentir o calor do corpo dele. A tensão sexual entre os dois era palpável, como eletricidade estática no ar.
— Não se engane, Laura — ele disse, com a voz baixa, mas firme, o olhar cravado no dela.
— Você quer mais do que isso... eu vejo nos seus olhos - continuou, dando um passo à frente, a expressão carregada de tensão.
— Quer carinho, quer cumplicidade, quer amor...
- sua voz vacilou por um instante, como se dissesse algo que doía até em si mesmo.
— E eu não sou esse homem -confessou, o maxilar trincado, lutando contra algo dentro de si.
— Eu não sei ser esse homem.
- repetiu, com um leve suspiro.
— Tudo que posso te oferecer é exatamente o que te dei desde que começamos a nos envolver — finalizou, inclinando-se um pouco, o rosto próximo ao dela, os olhos intensos, como se esperasse que ela entendesse... ou desistisse.
— Domínio. Prazer. Controle. Desejo bruto e irracional.
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Os comentários dos leitores sobre o romance: Prazer sem limites: Sob o domínio do meu chefe.