— Eu não estou sozinho, estou muito bem acompanhado ,Patrícia.
Ela estreitou os olhos, ciumenta, venenosa.
— Está falando da secretarinha vulgar? A que você anda comendo? Isso é só sexo, Heitor. E você sabe disso.
Heitor riu com escárnio, afastando-se.
— Sim. É só isso mesmo. Sexo. Uma distração. — disse Heitor com a voz firme, mas carregada de algo mais sombrio.
Ele deu um passo para o lado, desviando o olhar, como se revivesse uma dor antiga.
— Porque você me ensinou... que não vale a pena amar.
— Que quando você ama, se entrega... e pode ser destruído pela pessoa que mais confia. — completou ele, com um sorriso amargo nos lábios.
Fez uma pausa, os olhos fixos em um ponto qualquer da sala, como se as lembranças queimassem por dentro.
— Mas mesmo que seja só sexo...
— Mesmo que seja um caso com prazo de validade, algo que eu vá deixar para trás em breve...
Voltou a encará-la, o olhar duro, gelado.
— O que eu quero que entenda... é que de qualquer forma...
— Eu não estou sozinho.
Ele não percebeu o vulto no alto da escada.
Laura estava ali, descalça, com uma blusa de Heitor sobre a pele nua, o rosto pálido e os olhos arregalados.
O mundo dela, que já andava em equilíbrio frágil, ruiu em silêncio, porque, por mais que soubesse o que havia entre ela e Heitor, era muito difícil ouvir ele falar dela daquela forma, cheia de menosprezo, para aquela mulher.
As palavras dele ecoavam dentro de si como tiros:
"É só sexo."
"Uma distração."
"Temporária."
Ela engoliu em seco, sentindo o peito apertar de dor, os olhos marejarem.
Patrícia sorriu, satisfeita com o que ouviu.
— Você nunca vai amar ninguém, Heitor. Não porque eu arranquei isso de você, mas sim porque você me ama...
— e só não volta para mim porque sou a mulher do seu pai, e você nunca teria coragem de traí-lo.
Laura não quis ouvir mais nada. O peito ardendo, o orgulho esmagado, pelo modo que Heitor se referiu a ela.
Sem dizer uma palavra, virou as costas e caminhou firme de volta para o quarto.
Enquanto ela se vestia no quarto, tentando sufocar a indignação , na sala o clima esquentava — mas não da maneira que Patrícia esperava.
Heitor soltou uma risada seca, sarcástica, carregada de desprezo.
— Você continua a mesma, Patrícia. Sempre se achando irresistível. Mas deixa eu te contar um segredo: eu não te amo. E mais... se eu ainda sentisse algum tesão por você, talvez fosse só isso, puro desejo. Mas nem isso sobrou.
Patrícia arqueou uma sobrancelha, aproximando-se com aquele olhar provocante que um dia o desestabilizou.
— Duvido. Eu posso ver nos seus olhos que você ainda me quer, Heitor.
Sem esperar resposta, ela deslizou lentamente as alças do vestido pelos ombros. O tecido caiu aos seus pés, revelando uma lingerie preta rendada, provocante, escolhida a dedo para aquela "visita".
— É... você realmente não está excitado — murmurou, incrédula.
Heitor deu de ombros, impassível:
— De uns dias pra cá, esta sempre em alerta com meu "amigo aqui" virou rotina... Mas não com você. Isso eu posso garantir.
Ele apontou para a porta, já sem paciência:
— Agora fora.
Patrícia vestiu o orgulho ferido junto com o vestido, mas antes de sair, girou sobre os saltos e disparou com raiva:
— Você ainda vai ser meu de novo, Heitor. Pode escrever isso. Vai estar louco de tesão e de amor por mim, como antes!
— Isso nunca vai acontecer — respondeu ele com desprezo, batendo a porta assim que ela passou.
Depois da conversa desgastante, Heitor foi até a cozinha. Preparou ele mesmo uma bandeja de café da manhã, tentando imaginar do que Laura gostava. Subiu com a bandeja nas mãos, mas parou surpreso na porta do quarto.
Laura já estava acordada, calçando os sapatos, pronta para sair.
— Se estiver preocupada com atraso, relaxa. Seu chefe sou eu, lembra? Não vou te demitir se chegar atrasada — disse ele, tentando soar brincalhão.
— Posso até te dar uma carona.
Colocou a bandeja sobre a cama e se aproximou para beijá-la, mas ela se afastou, firme,pois não conseguia esquecer as palavras que ele disse sobre ela a sua madrasta .
— Era isso que eu deveria ter continuado sendo: sua secretária. Nada mais. Agora, com licença... Vou pegar um táxi e ir para o trabalho.
Colocou a bandeja sobre a cama e se aproximou para beijá-la, mas ela se afastou, firme.
— Era isso que eu deveria ter continuado sendo: sua secretária. Nada mais. Agora, com licença... Vou pegar um táxi e ir para o trabalho.

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Os comentários dos leitores sobre o romance: Prazer sem limites: Sob o domínio do meu chefe.