— Interessante... ao invés de falar com a Laura, não acha melhor falar comigo? Sou bem mais interessante que ela.
— Claro. Fiquei louca para te conhecer, aliás, não quero que a Laura sequer saiba desse telefonema.
— Por mim, tudo bem. E quanto a nos conhecermos, adorei a ideia. Só dizer onde e quando. E claro, diga seu nome, pois eu já disse o meu.
— Só direi pessoalmente. Quanto ao nosso encontro, hoje às duas da tarde em um café no centro da cidade chamado Doce Aroma. Acho que deve conhecer.
— Sim, conheço. Então tá marcado. Já que nunca nos vimos, vou estar te esperando em uma das mesas com um buquê de rosas vermelhas.
— Nossa, você realmente sabe como agradar uma mulher. Então te encontro lá.
— Com certeza.
Dizendo isso, ele encerrou a ligação, pensando em quem seria a mulher com voz sedutora que se diz amiga de Laura, mas que ele já sacou que, na verdade, tá mais para uma inimiga só pelo desprezo em sua voz ao falar o nome dela.
Aí que ele ficou ainda mais imerso em conhecer a mulher misteriosa.
O espelho refletia mais do que apenas a imagem de Laura. Refletia suas dúvidas, seus sentimentos confusos e o esforço silencioso que fazia todas as manhãs para parecer indiferente a tudo que sentia por Heitor.
Ela ajustou o vestido preto justo, que abraçava seu corpo como uma segunda pele, subindo até os ombros e revelando, com elegância provocante, a parte superior de seus seios. Sabia que estava linda — e sabia exatamente para quem queria estar assim.
Passou os dedos pelos cabelos, deixando-os soltos, caindo em cascata pelas costas nuas até alcançar a cintura fina. O perfume suave de baunilha e jasmim pairava no ar, se misturando com o nervosismo que crescia em seu peito.
Olhou para o relógio e praguejou baixinho. Estava atrasada.
Mas no fundo, ela sabia o motivo da demora. Tinha se arrumado demais, escolhido o vestido demais, pensado demais... tudo por ele. Por Heitor.
Mesmo sabendo que aquilo entre eles era apenas físico — ao menos era o que ele dizia, e o que ela tentava acreditar — Laura queria estar sempre linda para ele. Queria se destacar, marcar presença, fazer com que ele olhasse só para ela.
Pegou a bolsa, as chaves, e desceu apressada. Não quis esperar o Uber. Preferiu o táxi, mais rápido, mais direto.
— Para a Arantes Holding, por favor — disse ao motorista.
O trânsito estava agitado, mas seu pensamento mais ainda. Laura vasculhava a bolsa em busca de dinheiro trocado para pagar a corrida. Estava nervosa, ansiosa. E, em meio à correria, nem percebeu quando a caixinha com a pílula do dia seguinte caiu discretamente no tapete do banco traseiro.
Pagou, agradeceu e saiu às pressas, sem olhar para trás.
Logo que entrou no saguão da empresa, encontrou Bianca, sua amiga e confidente de sempre, sorrindo com um copo de café nas mãos.
— Olha só quem resolveu aparecer atrasada e deslumbrante — brincou Bianca, os olhos brilhando.
— Nem começa — respondeu Laura, ajeitando a alça da bolsa no ombro.
— Vestido novo? Tá linda! Aposto que é por causa do nosso querido e delicioso CEO.
Ela estava rindo de algo que Heitor havia dito. Rindo demais. Tocando no braço dele. Inclinando-se mais do que necessário.
Laura parou, sem saber se dava um passo à frente ou se virava e fingia que havia entrado na sala errada. Mas a morena a notou, e seus olhos a percorreram de cima a baixo, com um desprezo tão bem medido que poderia ser cortante.
— Você deve ser… a secretária relapsa que o meu querido Heitor está esperando — disparou a mulher, com um sorriso venenoso, o olhar escorrendo de cima a baixo pelo corpo de Laura como se ela fosse algo descartável.
— Se fosse minha funcionária, eu a mandaria para o olho da rua agora mesmo.
Laura não piscou. Não se encolheu. Não desviou o olhar nem um milímetro.
— Que pena pra você que eu não sou — respondeu com a voz baixa, firme, carregada de veneno doce, deixando cada palavra escorrer como mel amargo.
A mulher bufou, ultrajada.
— Além de tudo, é abusada… Vai permitir isso, Heitor? Uma reles funcionária sua me tratar assim?
Ele se ergueu da cadeira como um rei se levantando do trono — calmo, letal, seguro.
— Você a provocou, Aline. Ela só respondeu à altura — disse, com voz firme.
— E, só pra constar, a Laura não é uma "reles" funcionária. Ela é minha namorada.

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