O silêncio que se seguiu foi denso, cortante, elétrico.
Aline empalideceu, depois ficou vermelha de raiva. Pegou a bolsa com violência e saiu da sala com os saltos estalando como tiros no chão de mármore. Nem olhou para trás.
Laura sentia o coração disparado, os lábios entreabertos, o corpo em alerta. A palavra namorada havia atingido algo profundo dentro dela. Por um segundo, ela foi invadida por um calor terno, um brilho nos olhos que quase lhe escapou.
Mas a ternura morreu cedo demais.
— Antes que comece a pensar o que não deve… — Heitor virou-se para ela, cruzando os braços com um ar de aviso
— …ou alimente qualquer tipo de ilusão, eu só disse aquilo porque a Aline é uma mulher irritantemente insistente. Ela não aceita rejeição, vive tentando me seduzir, e eu queria que ela espalhasse por aí que eu estou comprometido. Só isso. Estratégia.Ja que o boato de eu ser gay já não existe mais , para manter elas e outras tão insistentes e pegajosas como ela longe de mim .
O golpe foi seco. Preciso. Como se jogasse um balde de gelo sobre a centelha que se acendera no peito dela.
Mas Laura não demonstrou nada. O orgulho dela era maior do que qualquer devaneio romântico.
Ela respirou fundo, ergueu o queixo e caminhou até ele com uma sensualidade calma e controlada. Parou diante de Heitor e, sem desviar o olhar, ergueu uma sobrancelha com ironia afiada.
— Obrigada pelo aviso, Heitor — disse Laura, com um meio sorriso frio e provocador.
— Mas eu já te disse… não sou nenhuma garotinha boba que ainda acredita em príncipes encantados.
Deu mais um passo à frente, os olhos brilhando de autoconfiança.
— Eu sou uma mulher que sabe muito bem viver uma relação intensa como a nossa sem ilusões românticas. O que eu espero disso tudo… é exatamente o que você espera: prazer. Só prazer.
Fez uma pausa estratégica, observando a reação dele, antes de continuar com a voz mais baixa e cheia de malícia:
— Só quero usar esse seu corpo delicioso da mesma forma que você usa o meu. E se quiser me transformar em escudo para afastar suas admiradoras — que, aliás, devem ser muitas —, tudo bem. Mas saiba que vou usar você também.
Heitor arqueou uma sobrancelha.
— Usar?
— É — ela respondeu, como quem revela algo irrelevante. — Para afastar os homens que vivem dando em cima de mim. No trabalho e fora dele. Charles do RH é só um dos nomes. Tem outros também. Muitos outros.
Ela se virou para ir em direção à mesa, mas nem teve tempo de dar dois passos.
A mão de Heitor a agarrou pelo braço com firmeza e a puxou de volta, fazendo com que colidisse suavemente contra o peito dele. O olhar dele agora era escuro, carregado de posse, desejo e algo mais difícil de definir.
— Me dá o nome de um — disse ele entre dentes.
— Só um desses desgraçado e ele vai servir de exemplo para todos os outros .Ninguém mexe com o que é meu, Laura .
— Nem pensar — disse Laura, com um sorrisinho de lado, provocador.
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